Do site Tudo Farma
A Semana Mundial de Aleitamento Materno 2017, que tem como tema central: Amamentar. Ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você, celebra o trabalho em conjunto para o bem comum, que produz resultados sustentáveis, maior que a soma de nossos esforços individuais.
por Márcia Wirth
13/07/2017
As evidências sobre os benefícios da amamentação já são conhecidas. Sabemos que ela auxilia a sobrevivência de bebês e os ajuda a prosperar. Além dos benefícios para a saúde, em longo prazo, para as mulheres, amamentar produz benefícios econômicos e melhora o bem-estar de todos. “O desafio para os defensores da amamentação é traduzir essas informações em políticas públicas voltadas para ações positivas em nossas comunidades”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Precisamos realmente continuar falando sobre aleitamento materno? Sim! É compreensivelmente um assunto repleto de emoção e a Semana Mundial de Aleitamento Materno é uma ocasião propícia a reflexões mais profundas sobre o tema.
Quer ver?
Os últimos números mostram que, embora cerca de 74% das mulheres no Reino Unido comecem a amamentar no nascimento, o país tem uma das menores taxas globais de amamentação. Cerca de 85% das mães que pararam de amamentar nas primeiras semanas gostariam de amamentar por mais tempo. E são essas mães que estão sendo afetadas com maior risco de depressão pós-natal.
“Muitas vezes, essas mães sentem uma profunda sensação de falha e culpa. Mas na verdade, é preciso ampliar a compreensão sobre o tema. Falhar na amamentação nunca é responsabilidade pessoal da mãe. É o fracasso de um sistema cultural que não lhe permitiu alcançar seus objetivos, ou pelo menos, não lhe ofereceu suporte, informação e apoio suficientes. E é por isso que precisamos falar sempre e mais sobre aleitamento materno”, diz o pediatra, autor do blog #EuApoioLeiteMaterno.
O diálogo atual sobre a amamentação em toda a sociedade é frequentemente focado em três aspectos:
1. O "fracasso na amamentação";
2. A "pressão para amamentar";
3. A noção de "que amamentar é melhor".
Então, precisamos ampliar essas narrativas.
Nem todo mundo amamenta e seria irreal admitir que todas as mulheres conseguem amamentar. No entanto, na grande maioria dos casos, e de forma crucial, com a gestão correta da amamentação, ela pode e vai funcionar, se isso é o que a mãe quer.
“Quer se tratem de problemas de produção de leite, dor intensa, bebês com dificuldade de digestão, infecções, uns que dormem no peito, outros chorando e se contorcendo no peito, ganho de peso lento... E inúmeros outros cenários, as mulheres merecem o apoio necessário para descobrir, o que está acontecendo, porque está acontecendo e como mudar as coisas”, diz o pediatra.
“Quando a amamentação é desafiadora, geralmente não é amamentação em si mesma que falha. É a incapacidade de trabalhar com conhecimento e eficácia com a mãe e a criança para fornecer soluções para quaisquer problemas que possam surgir. As mulheres merecem saber que a maioria dos problemas de amamentação tem solução”, defende Chencinski.
Existem alguns profissionais que assumem a atitude de "simplesmente manter a amamentação", sem oferecer muitos conselhos práticos! “Essa postura não ajuda em nada a amamentação a ser bem-sucedida. Isso, sem dúvida, deixa as mulheres sob pressão, em um momento em que elas já estão se sentindo perturbadas e frustradas com todo o processo”, diz Moises Chencinski.
Há milhares de profissionais especificamente treinados que se dedicam a ajudar as mães nesse precioso tempo de suas vidas. Eles não ditarão regras. Eles trabalharão com a mãe e sua família para encontrar estratégias eficazes para ajudá-la a atender os objetivos de amamentação que ela tem, mantendo ela e o bebê seguros. E isso pode significar aleitamento exclusivo, bombeamento exclusivo, alimentação mista ou desmame...
“Muitos também dizem que a partilha de informações sobre a amamentação equivale a pressão. Isso é verdadeiro? Não! Compartilhar informações baseadas em evidências, de forma sensível e sem julgamento não é pressão. É necessário. Eu acredito que devemos permitir que os pais tomem decisões informadas sobre como eles desejam alimentar seu bebê. E independentemente de pesquisas ou debates, muitas mulheres simplesmente têm um desejo instintivo de querer amamentar e acredito firmemente que todos nós temos uma responsabilidade na sociedade: apoiá-la nesse desejo”, defende o pediatra, autor do blog #EuApoioLeiteMaterno.
Os problemas surgem quando se misturam convicções culturais, informações disseminadas nas mídias sociais e estratégias geniais de marketing da indústria de alimentação infantil, que servem apenas para pressionar as mulheres para que utilizem as fórmulas. O problema não é só contra o produto em si, mas principalmente sobre a maneira pelas quais as empresas estão afastando a confiança e mudando as atitudes das mães.
Qualquer mãe amamentando dirá que, logo que começaram a amamentar, perguntas e comentários como esse chovem:
• "Quanto tempo você vai conseguir manter isso?";
• "Você precisa descansar, vamos dar uma mamadeira";
• "Dentes! Eu suponho que você está parando agora então...";
• "Por que você não adota apenas uma mamadeira quando você está fora?".
“E assim vai. A lista não tem fim. Infelizmente, esta pressão é a favor da alimentação com fórmulas. Constantemente ouvimos que há um julgamento inaceitável voltado para as mães que alimentam com fórmulas. Mas há também um julgamento descabido sobre as mães que amamentam. Na verdade, elas estão sendo cada vez mais marginalizadas, ridiculizadas, silenciadas e chamadas por nomes altamente ofensivos... Isso é aceitável? É preciso pensar e ter coragem para publicar uma foto amamentando ou um comentário on-line sobre aleitamento materno”, observa o pediatra.
Esta é a parte mais recente do diálogo social sobre o aleitamento materno que também não pode ser ignorada. É claro que os bebês precisam do leite materno. Mas amamentar não é apenas melhor. É simplesmente necessário. No entanto, o slogan é cativante e parece ser eficaz na condução de dúvidas e deflexões.
“Ele põe em dúvida a competência biológica das mulheres de produzir leite para seus filhos e desvia-se do conjunto significativo de evidências, acumuladas ao longo de muitos anos de pesquisa, que está disponível sobre a amamentação, que, de fato, é diferente da fórmula, não só em países em desenvolvimento (como é frequentemente discutido), mas, de fato, em todo o mundo industrializado também”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Por exemplo, nenhuma pesquisa afirma que a amamentação elimina a doença, o que ela faz é alterar o risco em comparação com a não amamentação. Sempre haverá bebês amamentados que estão doentes e / ou crescem para desenvolver doenças e mulheres amamentando que posteriormente desenvolvem câncer de mama ou de ovário. Como sempre haverá bebês alimentados com fórmulas que levam vidas perfeitamente saudáveis e mulheres que não amamentaram que permanecem livres de câncer. É crucial lembrar que as diferenças são significativas entre as populações e não simplesmente quando se compara um indivíduo com outro.
1. As mães e as famílias devem ter acesso a informações imparciais e rigorosas baseadas em evidências para fazer suas próprias escolhas informadas;
2. As escolhas individuais alimentares que as famílias fazem devem ser respeitadas, quaisquer que sejam;
3. A amamentação deve ser apoiada por profissionais aptos a fazer esse trabalho e pela sociedade em geral.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545