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A amamentação prolongada é recomendada? Até que idade devo amamentar meu filho?

13/04/2018

INFORMAR (Dicionário Caldas Aulete)
Dar conhecimento de; ser instrutivo para / Levar orientação a / Ministrar ensinamentos a / Servir de base ou fundamento a

Esclarecimentos referentes à informação passada pelo Instagram, no dia 13/04/2018, sobre a duração de amamentação e introdução alimentar.


1) O “Guia alimentar para crianças menores de dois anos - Dez passos para uma alimentação saudável” do Ministério da Saúde (2013) recomenda:

Passo 1 - Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento
Passo 2 - Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais
Passo 5 - A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.

Além disso, segundo recomendação da Academia Americana de Pediatria (2017), referendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2017) e pelo Instituto PENSI (2017), a orientação mundial mais aceita atualmente é de não se oferecer sucos, mesmo naturais, abaixo de um ano de idade (maiores riscos de obesidade infantil, diabetes tipo 2, preferência ao paladar doce, maiores índices de cáries infantis). A fruta deve ser oferecida após o 6º mês in natura para consumo adequado de fibras, vitaminas e carboidratos de forma saudável.


2)    A Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam o aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais (com introdução alimentar complementar a partir do 6º mês.

Segundo Documento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (Aleitamento Materno Continuado Versus Desmame – abril/2017):

Por quanto tempo o aleitamento materno pode se estender?

Não há uma resposta simples para esta pergunta, haja vista não haver um limite máximo na recomendação internacional de duração da amamentação. O desmame natural, definido como um processo em que a criança gradualmente se autodesmama, costuma ocorrer, em média, entre 2 e 4 anos de idade. É relevante salientar que mais importante que a idade da criança, são os sinais indicativos de que a criança está apta para enfrentar o desafio do desmame.

Nas considerações finais do texto:

Atualmente, em especial nas sociedades ocidentais, o AM é considerado apenas uma forma de alimentar a criança, sob o controle dos adultos. Assim, perdeu-se a percepção da amamentação como um processo mais amplo, envolvendo intimamente duas pessoas e com repercussão na saúde física e psíquica de ambas. Perdeu-se a noção de que o desmame é um processo evolutivo, assim como sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, quando a criança é desmamada antes de atingir a maturidade para tal, corre o risco de ter o seu desenvolvimento emocional afetado. Cabe aos profissionais de saúde, sobretudo aos pediatras, promoverem, protegerem e apoiarem as mães/bebês/famílias a praticarem a amamentação continuada até o desmame natural, se assim for o seu desejo.”

Segundo o Caderno de Atenção Básica nª 23, do Ministério da Saúde (2015),que aborda a Saúde da Criança - Aleitamento Materno e Alimentação Complementar:

No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000).”

 

3)    Espera-se que profissionais de saúde que lidam com crianças, especialmente na primeiríssima infância (0 a 3 anos), não mais utilizem expressões como “chupetar o seio”, “birra” e “dependência psico-emocional” quando se referirem especialmente ao aleitamento materno, separando como “duas entidades distintas” o “leite materno” e a “amamentação”, atribuindo apenas a “função nutricional” a esse processo.

As taxas brasileiras de aleitamento materno estimadas na última pesquisa do PNS de 2013 estão aquém das propostas mundiais.

É fundamental que ao lidarmos com amamentação tenhamos em mente práticas éticas de proteção e promoção do aleitamento materno, para que possamos, de acordo com as propostas mais recentes da OMS e da UNICEF, atingir a taxa mundial de 50% de aleitamento materno exclusivo ao 6º mês até 2025.

É necessário que estudos científicos, reconhecidos, éticos, atualizados sejam a base da informação para que as mães possam, uma vez empoderadas, optar pelo caminho que julgarem o mais apropriado, sem pressões, sem julgamentos, mas com uma escolha consciente.

 

Dr. Moises Chencinski
Criador e incentivador do movimento Eu apoio leite materno
#euapoioleitematerno

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545