Do site UNIVERSA
Grupos de discussão na internet podem ser muito úteis para as mães, principalmente para aquelas que gostam de compartilhar dicas e de pedir informações sobre questões simples do dia a dia. Eles também são um bom espaço para dividir as angústias típicas da maternidade.
Por Cintia Baio - Do UOL, em São Paulo
14/04/2018
Mas é preciso ter cuidado com os assuntos discutidos nesses ambientes que, muitas vezes, não são mediados por um profissional qualificado. Em vez de ajudar, os grupos podem confundir as mulheres e fazer com que se sintam piores que as outras mães. É preciso lembrar que nem tudo o que se fala nos grupos de discussão na internet é verdade ou se aplica a todas as famílias, pois há questões que só cabem aos pais ou que precisam ser discutidas com especialistas. Apesar de comuns nesses fóruns, conheça 11 temas sobre os quais as opiniões dos outros não devem ser levadas a sério no mundo virtual |
Por Cintia Baio - Do UOL, em São Paulo |
Consultoria: Lélia Cardamone Gouvêa, pediatra, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Unisa (Universidade de Santo Amaro); Lidia Weber, psicóloga, professora e pesquisadora da UFPR (Universidade Federal do Paraná); Moisés Chencinski, membro do departamento de pediatria ambulatorial e cuidados primários da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo).
De acordo com a psicóloga e professora Lidia Weber, muitas pesquisas mostram que o relacionamento de todo casal realmente muda, passa por uma queda que é absolutamente natural. "Junto com o bebê, há também o nascimento de uma mãe e de um pai, o que é uma incorporação de papéis muito radical", afirma. Ela diz que isso acontece porque, geralmente, os casais gastam mais tempo planejando o quarto da criança do que se preparando para os desafios dos novos papéis familiares. "Por isso, é fundamental manter o afeto, mesmo quando a sexualidade ficar naturalmente em baixa. Mas, nada de chamar o parceiro de 'papai'; ele é pai do seu filho, mas seu marido!", fala a psicóloga.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e o Ministério da Saúde recomendam que o aleitamento materno seja feito desde a primeira hora de vida, seja exclusivo e em livre demanda até o 6º mês, estendido até dois anos ou mais. Mas cada caso deve ser analisado individualmente, pois o tempo em que a mãe vai poder amamentar depende de inúmeros fatores. De acordo com o pediatra Moisés Chencinski, é necessário ficar atento com o que é discutido nesses grupos, porque a generalização dos dados faz com que as mães que não sigam essa orientação se sintam diminuídas e desanimadas ou, até mesmo, sejam discriminadas, tendo a impressão de serem "menos mães" que as outras
Não se trata de uma verdade absoluta, pois isso depende do ritmo de cada bebê, é uma questão de personalidade. Segundo a pediatra Lélia Gouvêa, deve-se esperar o tempo da criança e considerar a conveniência para os pais. O ciclo de sono é coordenado pela liberação da melatonina: quando escurece, esse hormônio é liberado, o que causa o sono, explica o pediatra Moisés Chencinski. Quando pequena, a criança ainda não tem esse sistema bem desenvolvido. "É a partir desse amadurecimento que o bebê poderá começar a transição para adormecer sozinho e dormir a noite toda. É um processo que pode levar meses", diz.
A contraindicação da cama compartilhada, feita pela maioria dos médicos, está relacionada com os riscos de acidentes que podem acontecer, afirma a pediatra Lélia Gouvêa. O médico Moisés Chencinski conta que existem pais que não só não se incomodam com a cama compartilhada, como acreditam que essa é a única possibilidade lógica, natural e segura de um bebê dormir. Segundo ele, o fato de a criança se sentir segura pode, ao contrário do que se imagina, facilitar a separação posterior de leitos e até de quartos, quando isso for necessário ou desejado pelos pais. Mesmo assim, cada caso deve ser analisado junto ao pediatra
Para a psicóloga Lidia Weber, a longo prazo, cuidar apenas dos filhos pode não ser benéfico para a mãe e nem para as crianças. Ela diz que, quem é criado por mulheres que trabalham fora, não têm pior desempenho escolar do que os filhos das que ficam em casa. Esse é o resultado de uma pesquisa americana que revisou todos os estudos feitos durante 50 anos sobre os temas trabalho e mães. E mais: a pesquisa mostra que as crianças cujas mães têm vida profissional sofrem menos com problemas como depressão e ansiedade. Os mesmos estudos alertam que, enquanto trabalham, as mães devem escolher escolinhas de ótima qualidade para deixar os filhos, pois isso influencia no desenvolvimento deles
A psicóloga Lidia Weber diz que está cientificamente comprovado que não existe diferença de desenvolvimento entre as crianças que vão para berçários e creches desde cedo e as que não vão. Ela afirma que seria interessante os pais poderem ficar mais tempo com as crianças, mas que isso nem sempre é possível. "Para a socialização, linguagem e desenvolvimento cognitivo, ir para a escolinha é melhor do que ficar em casa, mas há outras questões que devem ser consideras. Em grupo, as crianças costumam pegar mais doenças e aprendem comportamentos inadequados, entre outras coisas. Estudos sobre o assunto mostram que, para as crianças, frequentar escolas traz mais benefícios que prejuízos, mesmo antes de completarem dois anos", diz Lidia
A questão da facilidade é relativa. A psicóloga Lidia Weber diz que, na segunda vez em que engravida, a mulher fica menos estressada porque já sabe o que está fazendo e o que a espera. "Ela já aprendeu que tudo (ou quase tudo) é uma fase que vai passar, por isso não precisa ficar angustiada demais. A mãe pode até rir das coisas que a deixaram de cabelos em pé na primeira vez", diz. Mas uma outra gestação e a chegada do segundo filho também trazem desafios, como ter de lidar com o ciúme do primeiro, por exemplo.
Quando pequeno, o bebê deve mamar sempre que tiver fome, em livre demanda. "Nem os adultos conseguem ser tão rigorosos com os intervalos da alimentação, comemos quando temos fome", diz Lélia Gouvêa. Ela afirma que, para definir como será a alimentação dos recém-nascidos, é preciso saber o tipo de leite que é ofertado, se materno ou fórmula infantil. "A fórmula, por ser mais difícil de digerir, permitirá fazer intervalos maiores entre as mamadas. Já o leite materno, que muda sua composição em cada mamada, de acordo com a necessidade do bebê, pode ter intervalo menor. Isso não quer dizer que o leite é pouco ou fraco, mas que está ajustado às necessidades da criança", explica a pediatra
Para a maioria dos médicos, a afirmação é verdadeira. O pediatra Moisés Chencinski diz que, frequentemente, a chupeta é introduzida para acalmar os pais e não a criança. Uma vez iniciado o hábito, há maior risco de desmame precoce, de oclusão dental, problemas respiratórios e interrupção de sono. Mas, "se o mal já está feito", a chupeta deve ser usada apenas para ajudar a criança a adormecer. "Assim que isso acontecer, ela deve ser retirada. A suspensão do uso da chupeta deve acontecer o mais breve possível, no máximo até os dois ou três anos", fala o médico
Essa é uma questão que também depende dos desejos e condições financeiras e emocionais de cada família. "Vale lembrar que, por mais que seja planejado, dificilmente o bebê virá exatamente quando os pais desejarem. Ter filhos mais próximos temporalmente pode ser bom para eles serem companheiros, mas, por outro lado, cuidar de duas crianças pequenas não é uma tarefa fácil", fala a psicóloga Lídia Weber. Segundo a especialista, alguns estudos mostram que o ideal é esperar, pelo menos, de 18 a 23 meses. Mas a idade da mãe também deve ser outro fator determinante para a decisão do casal.
Cerca de 70% a 80% das novas mães apresentam o chamado "baby blues", condição que consiste em sentimento de tristeza, geralmente causada pelas alterações hormonais no pós-parto. Ele começa de quatro a cinco dias após o parto e, geralmente, passa em cerca de 15 dias. De acordo com a psicóloga Ligia Weber, se depois de um mês os sintomas ainda estiverem presentes, é preciso procurar um especialista, pois pode se tratar de depressão pós-parto. Não ter interesse em ver ninguém, perder o apetite e o sono, não ter prazer com atividades que antes davam satisfação, autocríticas e culpabilidade intensas e falta de vínculo com o bebê são alguns dos sinais de alerta
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545