Do site Segundo Cliche
Em um gênero cinematográfico em alta, os super-heróis corajosos detêm poderes especiais para proteger o público dos vilões. Mas apesar dos temas positivos que esses filmes abordam, novas pesquisas sugerem que os super-heróis, muitas vezes, idolatrados pelos jovens espectadores, podem enviar uma mensagem fortemente negativa quando se trata de violência.
14/11/2018
De fato, de acordo com um estudo apresentado na 2018 National Conference & Exhibition, pela Academia Americana de Pediatria, os "mocinhos" dos filmes de super-heróis se envolvem em atos mais violentos, em média, do que os vilões.
Um resumo do estudo "Violência retratada em filmes baseados em super-heróis estratificados por protagonista/antagonista e gênero", foi apresentado no Orange County Convention Center, em Orlando, Flórida. Pesquisadores envolvidos no estudo analisaram 10 filmes de super-heróis lançados entre 2015 e 2016. Eles classificaram os personagens principais como protagonistas ("mocinhos") ou antagonistas ("vilões") e usaram uma ferramenta padronizada para compilar atos específicos e os tipos de violência retratados nos filmes.
Os pesquisadores registraram uma média de 23 atos de violência por hora associados aos protagonistas dos filmes, em comparação com 18 atos violentos por hora para os antagonistas. Os pesquisadores também descobriram que os filmes mostraram personagens masculinos envolvidos em mais atos violentos (34 por hora, em média), do que os personagens femininos, que estavam envolvidos em uma média de 7 atos violentos por hora.
“Crianças e adolescentes veem os super-heróis como ‘mocinhos’ e podem ser influenciados pela representação de comportamentos de risco e atos de violência. Nesse contexto, os pediatras devem orientar as famílias sobre a violência retratada neste gênero de filme e os perigos potenciais que podem ocorrer quando as crianças tentam imitar ‘os mocinhos’ ", diz o principal autor do estudo, Robert Olympia, professor dos Departamentos de Medicina de Emergência e Pediatria do Penn State College of Medicine.
O ato mais comum de violência associado aos protagonistas dos filmes foi o combate (1.021 atos totais), seguido do uso de uma arma letal (659), destruição de propriedade (199), assassinato (168) e intimidação/tortura (144). Para os antagonistas, o ato violento mais comum foi o uso de uma arma letal (604 atos totais), combates (599), intimidação/tortura (237), destruição de propriedade (191) e assassinato (93) também foram retratados.
“Para ajudar a neutralizar a influência negativa que os filmes de super-heróis podem ter sobre as crianças, as famílias devem assistir aos filmes juntas e conversar sobre a violência vista nas telas. A questão não seria proibir as crianças de assistirem os filmes de super-heróis, mas sim, discutir as consequências dessa violência com seus filhos”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
Segundo os pesquisadores, com a simples visualização conjunta, há uma mensagem implícita de que os pais aprovam o que seus filhos estão vendo. “Ao assumir um papel ativo no consumo de mídia de seus filhos, mediando esse processo, os pais ajudam seus filhos a desenvolver o pensamento crítico e os valores”, destaca o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545