Do site do Diário Regional
Em todo o mundo, nascem anualmente 20 milhões de bebês prematuros e de baixo peso (menores de 2,5kg). Destes, um terço morre antes de completar um ano de vida. No Brasil, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes do tempo. Mas os avanços da medicina têm possibilitado que a grande maioria consiga se desenvolver e crescer com saúde. São considerados prematuros (ou pré-termos), os bebês que vem ao mundo antes de completar 37 semanas de gestação.
por Reportagem Local
12/11/2018
“Gestação na adolescência, falta de cuidados pré-natais, tabagismo e a desinformação são alguns dos desencadeadores do parto prematuro no Brasil, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Em 2018, o foco central do #NovembroRoxo, mês dedicado à causa da prematuridade busca valorizar o Método Canguru. “ A iniciativa, que integra a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, busca melhorar a qualidade da atenção prestada à gestante, ao recém-nascido e sua família, promovendo, a partir de uma abordagem humanizada e segura, o contato pele a pele precoce entre a mãe/pai e o bebê, de forma gradual e progressiva, favorecendo vínculo afetivo, estabilidade térmica, estímulo à amamentação e o desenvolvimento do bebê”, explica Chencinski.
A seguir, destacamos estudos recentes que podem auxiliar os profissionais de saúde a lidarem melhor com os bebês prematuros e suas famílias:
Bebês nascidos prematuramente apresentam melhor desenvolvimento cerebral quando recebem leite materno do que fórmula, segundo um estudo recente. O parto prematuro tem sido associado a uma maior possibilidade de problemas de aprendizado na vida adulta.
Pesquisadores da Universidade de Edimburgo estudaram imagens cerebrais, feitas por meio de ressonância magnética, de 47 bebês de um grupo de estudo conhecido como Theirworld Edinburgh Birth Cohort. Esses bebês nasceram antes das 33 semanas de gestação e os exames ocorreram quando atingiram a idade equivalente a um período médio de 40 semanas a partir da concepção.
A equipe também coletou informações sobre como os bebês foram alimentados enquanto estavam em tratamento intensivo – leite em pó ou leite materno da mãe ou de um doador. Os bebês que receberam exclusivamente leite materno por pelo menos três quartos dos dias que passaram no hospital apresentaram melhor conectividade cerebral em comparação com outros. Os efeitos foram maiores em bebês que foram alimentados com leite materno por uma proporção maior do tempo passado na terapia intensiva.
“Mães de bebês prematuros devem receber apoio para fornecer leite materno enquanto seu bebê estiver em cuidados neonatais – se puderem e se o bebê estiver bem o suficiente para receber leite – porque isso pode dar aos filhos a melhor chance de um desenvolvimento cerebral saudável”, diz o médico.
Os cérebros dos meninos nascidos prematuramente são afetados de maneira diferente e mais severa do que os cérebros de meninas prematuras. Esses achados estão registrados num estudo publicado na revista Pediatric Research, da Springer Nature.
Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores fizeram exames de ressonância magnética de alta qualidade dos cérebros de 33 crianças cujas idades foram corrigidas para um ano. A amostra incluiu bebês que nasceram a termo (pelo menos 38 semanas) e prematuros (menos de 37 semanas). Os exames foram analisados em conjunto com as informações coletadas de questionários preenchidos pelas mães dos bebês e outros dados coletados quando eles nasceram.
“Em relação aos efeitos da prematuridade, os pesquisadores descobriram que quanto mais cedo o menino nasce, menor é o seu volume cerebral total, quanto mais baixo é o seu volume de córtex (massa cinzenta). Quanto mais cedo uma menina nasce, menor é o volume de matéria branca em seu cérebro. No geral, embora os efeitos da prematuridade tenham sido observados em meninos e meninas, esses efeitos foram mais severos nos meninos”, conta Moises Chencinski.
Segundo a equipe de pesquisadores, é bem conhecido que os fetos do sexo masculino são mais vulneráveis às aberrações do desenvolvimento, e que isso pode levar a outros desfechos desfavoráveis. As descobertas do estudo atual acrescentam dados relevantes ao mostrar como os cérebros dos meninos nascidos prematuramente são afetados de maneira diferente da de bebês do sexo feminino.
Bebês prematuros fazem menos amigos, se sentem menos aceitos pelos colegas e passam menos tempo socializando na primeira infância – mas isso melhora quando eles chegam à escola – de acordo com uma nova pesquisa, publicada no The Journal of Pediatrics.
Segundo a pesquisa, as crianças nascidas prematuras – incluindo bebês pré-termo muito prematuros e moderadamente atrasados - são menos aceitas por seus pares. No entanto, essas crianças alcançam uma maior aceitação após a transição para a escola, aos oito anos de idade.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores avaliaram diariamente as complicações neonatais e as relações entre pais e filhos. Aos seis e oito anos de idade, o desenvolvimento cognitivo e motor, bem como problemas de comportamento foram avaliados por psicólogos e pediatras com avaliações padrão.
Foi perguntado aos pais e às crianças quantos amigos os filhos tinham e com que frequência eles os viam. As crianças e os pais também tiveram que preencher um questionário de imagem para determinar como se sentiam percebidos pelos colegas.
Verificou-se que as crianças que nasceram muito prematuras relataram em média quatro amigos, enquanto as nascidas a termo tinham cinco amigos, aos seis anos de idade – o que não é uma diferença tão significativa. Porém, os pais também relataram que seus filhos nascidos muito prematuros eram menos aceitos pelos colegas e que as crianças muito prematuras também viam seus amigos 15% menos do que aqueles que nasceram a termo.
Uma vez que as crianças entravam na escola, tanto os pré-termos quanto os nascidos a termo relataram seis amigos, mas crianças muito prematuras ainda viam seus amigos com 15% menos frequência. No entanto, ambos os pais e os próprios filhos relataram serem igualmente aceitos pelos pares em comparação com os filhos a termo. As crianças que tinham habilidades motoras mais pobres, habilidades cognitivas mais precárias e mais problemas emocionais tinham menos amigos e eram menos aceitas por eles.
“Ter amigos, brincar com eles e ser aceito é importante para o bem-estar pessoal. Ter menos amigos, sentir-se menos aceito pode levar a sentimentos de solidão, o que aumenta o risco de ser excluído. Os pesquisadores recomendam que o acompanhamento rotineiro de crianças prematuras deve incluir perguntas sobre as relações sociais. Os pais de bebês prematuros – especialmente aqueles com comprometimento motor e cognitivo – devem receber conselhos pediátricos sobre como criar oportunidades de interação social e apoiar as habilidades de interação social em seus filhos antes da idade escolar”, diz o pediatra.
Pela primeira vez, os cientistas mediram os níveis de estresse dos pais de bebês prematuros, durante a tensa transição entre a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e o lar. As descobertas apontam que os pais são mais estressados do que as mães, segundo um novo estudo da Northwestern Medicine.
De maneira geral, pais e mães de bebês com muito baixo peso apresentam altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Mas os pais experimentavam um aumento em seus níveis de estresse, medidos, várias vezes, nos primeiros 14 dias em casa, enquanto os níveis de estresse das mães permaneciam constantes. O estudo foi publicado no Journal of Perinatal and Neonatal Nursing.
Os bebês se desenvolvem mais quando os pais estão menos tensos. Se os pais estão estressados, isso pode afetar a desenvolvimento do bebê e o relacionamento entre a mãe e o pai. Isso tudo é mais pronunciado em bebês medicamente vulneráveis, deixando a UTIN e indo para casa.
“Embora levar o bebê para casa possa ser um alívio, o fato também pode ser estressante por causa da privação de sono, da falta de experiência nos cuidados que precisam ser prestados ao prematuro e de ter que responder constantemente às necessidades do bebê. O pediatra precisa estar atento a esses fatos e prestar, na medida do possível, o aconselhamento adequado", afirma o pediatra.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545