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Vai ler para o seu bebê? Livros impressos são melhores que os digitais!

Do Portal SEGS

Quando se trata de livros para crianças pequenas, há um certo indicativo nas pesquisas que os exemplares de papel devem preceder os exemplares em telas

por Márcia Wirth

16/04/2019

“Como um defensor da leitura para crianças e fã de livros impressos tradicionais, não posso dizer que estou totalmente surpreso com os resultados das novas pesquisas que sugerem que os livros impressos são o melhor caminho a percorrer, quando se trata da leitura para crianças pequenas”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski, autor do livro “É Mamífero Que Fala, Né?”, recém-lançado pela Editora Paulinas.

Ler livros é um dos grandes prazeres da vida e embora isso seja possível em todos os tipos de tela, hoje, quando se trata de livros para crianças pequenas, há um certo indicativo nas pesquisas que os exemplares de papel devem preceder os exemplares em telas.

Em um estudo publicado na revista Pediatrics, pesquisadores da Universidade de Michigan pediram a 37 pais que lessem histórias semelhantes para crianças de 2 a 3 anos em três formatos diferentes (a ordem foi variada para as diferentes famílias):

- Livro;

- Livro eletrônico básico (sem sinos ou assobios) em um tablet;

- Livro eletrônico aprimorado com animação e / ou efeitos sonoros (toque uma gaivota ou um cachorro e ouça os sons que eles fazem).

As interações foram gravadas em vídeo e codificadas, observando o número e os tipos de verbalizações pelos pais e pelas crianças, a quantidade de leitura colaborativa que ocorreu e o teor emocional geral da interação. Ler livros impressos juntos gerou mais verbalizações sobre a história dos pais e das crianças, de maneira “dialógica”: "O que está acontecendo aqui?", "Lembra quando você foi à praia com o pai?"...

Tiffany Munzer, autora do estudo, disse que os pesquisadores queriam estudar crianças pequenas, em particular, por causa da preocupação de que as maiores pudessem ser particularmente afetadas ou suscetíveis à distração por aprimoramentos eletrônicos. Foi por isso que os livros aperfeiçoados foram comparados aos livros impressos, mas também aos livros eletrônicos sem contraste.

“As crianças menores também eram suscetíveis a esses estímulos, constataram os pesquisadores. Mesmo o livro eletrônico básico, sem os aprimoramentos, também distraía os bebês, e eles tinham menos envolvimento com os pais do que com livros impressos”, conta Moises Chencinski.

Assim, embora pesquisas anteriores sugerissem que os aprimoramentos eram problemáticos para crianças pequenas, os resultados deste estudo sugeriram que mesmo uma história sem contraste na tela do tablet parecia menos propensa a gerar o diálogo entre pais e filhos. “O próprio tablet tornou mais difícil para pais e filhos se engajarem no rico retorno de leitura que estava acontece nos livros impressos”, diz o pediatra Moises Chencinski.

Os pesquisadores, por enquanto, só podem especular sobre o porquê disso; pode ser por causa dos padrões que estamos acostumados a usar nossos dispositivos. Talvez "o tablet tenha sido projetado para ser mais um dispositivo pessoal, talvez pais e filhos o usem de forma independente em casa", defende a autora do estudo.

Já um livro impresso, com uma criança pequena, pode ser uma “peça de tecnologia melhor”, se o objetivo for o diálogo e a mudança de conversa. “Um livro impresso é bom em provocar essas interações", defende a pesquisadora.

“Os autores do estudo reconhecem os muitos benefícios potenciais dos livros eletrônicos para as crianças, mas argumentam que continuam a apostar nos livros impressos para as crianças menores e nos programas que estimulam a leitura entre pais e filhos”, diz Chencinski.

O importante é o vínculo

Qualquer que seja o meio, os pais precisam ler junto com os filhos, saber o que eles estão lendo e expandir o texto... “Com crianças mais novas, há evidências de que eles se distraem com e-books, e há muita tecnologia sendo ativamente comercializada para os pais hoje em dia. Você não precisa de muitos sinos e assobios para promover o desenvolvimento do seu filho. Ler para a criança, conversar com ela é um trabalho maravilhoso de apoio ao desenvolvimento da primeira infância”, defende o pediatra homeopata.

A Reach Out and Read tem uma parceria com a Scholastic, e lançou, recentemente a sétima edição do Kids & Family Reading Report, uma pesquisa nacional sobre os hábitos de leitura de crianças em idade escolar e suas famílias. Descobriu-se que, embora 58% das crianças pesquisadas tenham dito que adoram ou gostem de ler livros por diversão, houve uma diminuição incremental na frequência de leitura entre as crianças pesquisadas desde 2010.

E à medida que as crianças atingem a idade em que se espera que elas dominem completamente a leitura, elas parecem estar lendo menos por diversão. O relatório também destacou a importância de “modelos de leitura”, apontando que as crianças que são leitores frequentes têm pessoas em suas vidas que gostam de ler e pais que leem com frequência. Isso não é uma surpresa, embora, novamente, na era digital, isso possa levantar a questão de como nossos filhos podem dizer o que estamos fazendo em nossos dispositivos digitais.

“Quando se trata de leitura, claramente, os pais desempenham um papel importante. O livro que estimula o diálogo entre pai e filho também é a introdução da criança aos prazeres da linguagem e das histórias escritas. O prazer que os pais têm na leitura ajuda a moldar a atitude de uma criança em crescimento. E a mensagem para os pais não deve ser que eles estejam errados (todos sabemos que estamos fazendo coisas erradas, assim como todos sabemos que estamos fazendo o melhor que podemos), mas que os pais realmente se importem com a leitura”, destaca o pediatra Moises Chencinski.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545