Do portal SEGS
Influenciadores da mídia social promovem o consumo de junk food e de calorias não saudáveis, sugere um novo estudo
por Márcia Wirth
24/05/2019
A publicidade voltada para crianças está ligada há muito tempo a um risco maior de escolhas alimentares pouco saudáveis, além de pressionar os pais para que comprem alimentos mais processados, mais açucarados e com mais calorias. Estudos também sugerem que as crianças podem ser facilmente influenciadas a comer junk food por celebridades e personagens de desenhos animados. Menos claro, no entanto, era como os hábitos alimentares infantis poderiam ser afetados por influenciadores de mídias sociais.
Mas um estudo atual, publicado no Pediatrics, por pesquisadores do Reino Unido recrutou 176 crianças, com idades entre 9 e 11 anos, e mostrou a elas perfis do Instagram de dois dos mais populares produtores de vídeos do YouTube para sua faixa etária. As crianças também foram expostas, aleatoriamente, a três tipos de perfis no Instagram: um de marketing de alimentos saudáveis, um sobre promoções de junk food e outro não relacionado a alimentos.
Depois que as crianças viram os perfis do Instagram, os pesquisadores serviram quatro lanches – balinha de goma de gelatina, biscoitos de chocolate, cenouras e uvas brancas sem sementes – e as deixaram comer o quanto quisessem por dez minutos. Nenhum desses alimentos eram os mesmos itens que as crianças viram no Instagram.
Em média, as crianças que viram promoções de junk food consumiram 448 calorias, em comparação com 389 calorias das que viram os posts de marketing de alimentos saudáveis e 357 calorias daquelas que não viram nenhuma promoção de alimentos, segundo o estudo.
Todas as crianças comeram muito mais doces do que cenouras ou uvas, mas as crianças que viram as promoções de junk food consumiram mais doces do que as outras: uma média de 385 calorias comparadas com 320 das crianças que viram os posts de alimentos saudáveis e 292 calorias daquelas que não viram promoções de comida.
“As crianças olham para as mídias sociais em busca de modelos e tendem a imitar o comportamento dos personagens que admiram. Ao contrário dos adultos, elas são mais impulsivas e menos motivadas a resistir ao marketing de alimentos, já que não são movidas por metas de saúde de longo prazo”, afirma o pediatra e homeopata, Moises Chencinski.
Uma das estrelas do YouTube mostradas às crianças no estudo era uma mulher de 26 anos com cerca de 12,1 milhões de inscritos em seu canal; a outra, era um homem de 23 anos com cerca de 4,1 milhões de assinantes.
“Os resultados oferecem novas evidências de como as mídias sociais podem impactar negativamente os hábitos alimentares das crianças. Já sabíamos que as empresas de alimentos investem muito dinheiro contratando influenciadores para aumentar sua popularidade nas redes sociais. Mas este é o primeiro estudo a mostrar que esse tipo de marketing aumenta o consumo infantil de junk food. É preciso pesar riscos e benefícios de tais práticas”, destaca Chencinski.
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Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545