Do site da Revista Crescer
Confira as perguntas mais comuns feitas nos consultórios médicos sobre a amamentação
por Malu Echeverria
03/08/2019
Existem alguns parâmetros que ajudam a chegar a essa resposta. O primeiro e mais importante é o desenvolvimento do bebê. Se ele está dentro da curva de crescimento, gráfico usado pelos pediatras para avaliar altura e peso, de acordo com a idade, fique tranquilo. Esse índice é medido a cada consulta. Porém, em casa, você também pode ter uma ideia ao observar se a frequência do xixi e do cocô está dentro do esperado. Em geral, nos primeiros dois meses, ele usa de oito a dez fraldas ao dia e, dos 3 aos 6 meses, de seis a oito.
A recomendação atual é de que a amamentação seja feita em livre demanda, ou seja, quando e quanto o bebê quiser. E não se preocupe: o seu filho vai despertar sozinho ao primeiro sinal de fome. Em algumas situações raras, no entanto, a medida é necessária para proteger a criança. É o caso dos bebês prematuros e de baixo peso (porque tendem a dormir mais) ou com diagnóstico de hipoglicemia (para evitar que o nível de açúcar no sangue fique abaixo do normal). Por outro lado, existe a crença de que o bebê alimentado com fórmula infantil acordaria menos à noite, pois estaria mais “saciado”. Uma pesquisa da Universidade Swansea (Reino Unido) feita com 715 mães de bebês de 6 a 12 meses, porém, mostrou que o tipo de leite que a criança toma não interfere nos despertares noturnos.
Duas semanas antes da volta ao trabalho, você pode começar a extrair o excesso de leite materno aos poucos. Ele deve ser armazenado no freezer, em um recipiente de vidro, com data. Assim, o bebê já terá um pequeno estoque para os primeiros dias longe da mãe. Lembrando que o leite pode ficar até 12 horas na geladeira ou 15 dias no congelador. Mas deve ser descongelado naturalmente ou em uma panela em banho-maria desligado (aqueça a água até ela fazer bolhas, desligue o fogo e só depois coloque o frasco). Já no trabalho, mantenha o processo de ordenhar as mamas e armazenar o leite pelo menos uma vez ao dia, desde que o local seja adequado. O leite tem de ser oferecido ao bebê morno ou em temperatura ambiente, de preferência, em um copinho de borda arredondada ou de bico rígido (se houver uma válvula interna, retire-a para não interferir na sucção). O esforço vale a pena: uma pesquisa recente da Universidade Federal do Maranhão sugere que o uso de chupeta e/ou mamadeira favorece comportamentos desfavoráveis (como problemas na sucção) durante o aleitamento. E, claro, você pode continuar a dar o peito de manhã e à noite, e em livre demanda nos finais de semana.
A escolha é individual. Você terá de fazer um teste para saber com qual se adapta melhor. Existem diversos modelos no mercado, tanto para comprar quanto para alugar. A vantagem da versão elétrica é que muitas já vêm com frascos em tamanhos pequenos (para evitar o desperdício, uma vez que o leite que sobrou da mamada não pode ser reaproveitado) e bolsa térmica. Há também uma terceira opção, que é a retirada manual, técnica que pode ser aprendida em bancos de leite materno ou na própria maternidade.
A lista de remédios que são contraindicados para quem está amamentando é grande, mas cada caso deve ser avaliado separadamente pelo seu médico, levando em conta o custo-benefício da medicação. Em relação aos medicamentos normalmente usados no tratamento da ansiedade, existem alguns que são comprovadamente seguros durante a amamentação.
Os benefícios do aleitamento materno já comprovados pela ciência são inúmeros, e envolvem tanto a saúde física quanto a emocional. Eles reforçam a importância da amamentação, mas vale lembrar que são realizados com base em dados populacionais e não individuais. Não é preciso se culpar. Vale destacar que o desenvolvimento como um todo também será influenciado por outros fatores, como o vínculo entre vocês.
O leite materno é um alimento vivo, ou seja, sua composição tende a variar, sim. Ele pode ser mais ralo no começo da mamada, por exemplo, e mais “gordo” no fim – mas isso nem sempre acontece. Se o bebê estiver doente, o contato da boca com o mamilo faz com que os micro-organismos ali presentes “informem” ao organismo materno a presença de corpos estranhos. Isso vai fazer com que ele produza anticorpos para combatê-los numa próxima mamada. Mas esse processo também pode acontecer caso os germes cheguem até a mãe pelo ar.
A relactação, processo no qual uma sonda ligada a um recipiente com leite (de preferência materno) é fixada no seio da mãe, costuma ser usada para estimular a produção com ajuda da sucção do bebê. Normalmente, ela costuma ser indicada para mães adotivas e de prematuros que ficaram muito tempo internados. Mas nada impede que outras mulheres, como as que tiveram de interromper o processo de amamentação por conta de uma mastite, por exemplo, lancem mão da técnica.
Ana Maria Escobar, pediatra e colunista da CRESCER, autora de Boas-vindas, Bebê - Volumes 1, 2 e 3 (Principium Editorial)
Carlos Eduardo Correa (Cacá, pediatra e neonatologista do Espaço Nascente (SP)
Daniel Becker, pediatra do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do site Pediatria Integral
Gustavo Moreira, neuropediatra especializado em medicina do sono, presidente do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Isabella Balalai, pediatra infectologista, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
Janáira Fernandes Severo Ferreira, alergista e imunologista pediátrica, do Hospital Infantil Albert Sabin (CE)
Marina Buarque de Almeida, pneumologista pediátrica, coordenadora do Departamento de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT)
Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo, coordenador do Centro de Nutrologia e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi, do Hospital Infantil Sabará (SP)
Moisés Chencinski, pediatra e homeopata, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Paulista de Pediatria
Renata Waksman, pediatra do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Renato Luiz Valério, pediatra do Hospital Pequeno Príncipe (PR)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545