Do Portal SEGS
Um novo estudo aconselha os pediatras a darem ao fracasso acadêmico a mesma atenção que a qualquer outro problema complexo que afeta uma criança
por Márcia Wirth
23/01/2020
A Academia Americana de Pediatria publicou um relatório sobre o que os pediatras podem - e devem - fazer para ajudar "crianças em idade escolar que não estão progredindo academicamente". Segundo o documento, os pediatras podem desempenhar um papel importante no trabalho com crianças que estão com dificuldades na escola.
“O relatório estabelece um padrão para o cuidado da criança que não está indo bem na escola, destacando que essa situação merece a mesma atenção que qualquer outro problema complexo que atrapalhe a criança. O pediatra deve garantir que o quadro seja investigado adequadamente e a causa seja encontrada, embora grande parte dos testes e tratamentos específicos sejam realizados por outros profissionais”, afirma o pediatra homeopata Moises Chencinski.
Segundo dados da Academia Americana de Pediatria, uma em cada seis crianças, nos EUA, está enfrentando dificuldades na escola a ponto de realmente sofrer. Elas sentem que estão “falhando”. O documento se refere a crianças que estão lutando apenas para não afundar de vez. Às vezes, é uma criança que estava indo bem até que algo mudou ou deu errado no ambiente escolar - uma incompatibilidade de professores, uma situação social ruim com os colegas de classe. E, às vezes, é um problema com o perfil de aprendizagem ou com o estado de espírito da criança que vem à tona, à medida que as demandas acadêmicas aumentam.
“O fracasso escolar é um conjunto complexo de causas, como muitas situações na medicina. A abordagem feita por meio de uma conversa rápida ou um teste simples nem sempre ajuda as crianças. Isso não dará as respostas apropriadas para a maioria delas”, defende o médico.
Sobre desempenho
Um ponto é importante destacar: as crianças que não conseguem atingir resultados acadêmicos expressivos não são necessariamente preguiçosas. Geralmente, há um problema subjacente e costuma ser complexo, pois todas as crianças querem ter sucesso.
“Crianças mais novas podem ter um problema auditivo que foi esquecido no início da vida ou uma deficiência intelectual, enquanto as mais velhas podem estar enfrentando bullying ou lutando com distúrbios emocionais, depressão ou ansiedade. E não é possível esquecer que crianças de qualquer idade podem se encontrar na sala de aula inadequada com o professor ou os colegas não compatíveis. Descobrir o que realmente está acontecendo significa olhar atentamente para a criança, ouvir a história dela e, muitas vezes, superar a primeira solução fácil”, pondera o pediatra.
Nem todas as crianças que estão com dificuldades na escola precisam de uma avaliação comportamental completa do desenvolvimento. Muitas vezes, há dicas precoces de que algo está inadequado, quando seu filho é diferente desde o início. “Os pais podem ter notado que uma criança fica atrás de outras crianças ao aprender a rimar ou a aprender o alfabeto. Um histórico familiar de dificuldades de aprendizagem também pode indicar riscos adicionais. Se formos gentis e empáticos, isso ajuda muito. As crianças não estão fazendo isso porque se comportam mal, elas estão trabalhando de acordo com a própria capacidade”, explica Moises Chencinski.
De acordo com a nova diretriz americana, se você sabe que seu filho está com dificuldades na escola, marque uma consulta, sente-se com seu pediatra e peça uma orientação. “Isso não significa que existam necessariamente problemas médicos (embora eles possam certamente desempenhar um papel). Mas é preciso lembrar que toda criança gosta de aprender e, quando algo a atrapalha nessa missão, ela pode se sentir desencorajada, infeliz e progressivamente insatisfeita”, observa o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545