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Cáries, aleitamento materno e o novo posicionamento da OMS

10/02/2020

A Organização Mundial de Saúde, em final de 2.019, emitiu um documento a respeito de cáries precoces na infância.

ENDING CHILDHOOD DENTAL CARIES

Selecionei os trechos em que o aleitamento materno (breastfeeding) é citado e fiz a tradução. Quem quiser acompanhar o documento inteiro (importante), pode seguir esse link.

Alimentos complementares

Alimentos que devem ser adicionados à dieta de uma criança quando o leite materno não é mais suficiente para atender às necessidades nutricionais da criança. A transição do aleitamento materno exclusivo para os alimentos da família, alimentação complementar, normalmente cobre o período de 6 meses a 18-24 meses.

O manual é baseado em evidências de revisões sistemáticas e recomendações da OMS, especialmente em nutrição, incluindo amamentação e programas de atenção primária.

O manual também pode ser usado em atividades de treinamento para ajudar as equipes de atenção primária:

• entender a Cárie Precoce da Infância (CPI) como um problema de saúde pública;

• reconhecer os fatores de risco essenciais para a CPI, especialmente a falta de aleitamento materno exclusivo, consumo de açúcares livres e exposição inadequada ao flúor na prevenção de cárie dentária;

• identificar oportunidades de intervenção contra o CEC e suas causas.

Após a elaboração do manual, o conteúdo foi revisado por especialistas nas áreas de saúde bucal e nutrição, incluindo um especialista em amamentação.

A etiologia (da cárie) está frequentemente associada a um consumo frequente de açúcar, bebidas ou alimentos, falta de aleitamento materno e / ou falta de higiene bucal.

Mensagens-chave

• Promover, proteger e apoiar a amamentação exclusivo até seis meses de idade e introdução de alimentação complementar (sólida) nutricionalmente adequada e segura, junto com amamentação continuada até dois anos de idade ou além.

• Impedir a ingestão de açúcares livres em bebidas e alimentos e promover uma dieta equilibrada saudável para crianças pequenas

A OMS recomenda que os bebês sejam amamentados exclusivamente até seis meses de idade, após o qual a amamentação deve continuar paralelamente à alimentação complementar até dois anos de idade ou mais por causa dos muitos benefícios da amamentação à saúde de mãe e bebê, incluindo saúde bucal (26). A Diretriz Global da OMS para Acabar com a Promoção Inadequada de Alimentos para Bebês e Crianças Pequenas declara explicitamente que comerciais (publicidade) de alimentos complementares não devem ser anunciados para bebês com menos de seis meses (27).

As evidências sugerem que os bebês que são amamentados no primeiro ano de vida têm níveis mais baixos de cárie dentária do que aqueles alimentados com fórmula infantil (28). Leite materno tem uma concentração relativamente maior de lactose e um teor relativamente menor de fatores de proteção, como cálcio e fósforo, em comparação com os leites de vaca e outros leites que formam bebidas complementares (29). Isso levantou preocupações do profissional de saúde bucal sobre o risco que a amamentação representa para a cárie dentária. Uma revisão sistemática sugeriu um maior risco de cáries precoces da infância (CPI) quando a amamentação ultrapassa um ano de idade, mas a análise dos dados não controla adequadamente para fatores de confusão importantes, como a ingestão de açúcares de outras fontes (30). Uma revisão sistemática incluindo dados mais recentes mostrou que bebês amamentados com dois anos de idade não têm maior risco de CPI do que aqueles que foram amamentados até um ano de idade (14).

• Intervenção para prevenção da CPI está ligada a outras iniciativas de intervenção de saúde como promover, proteger e apoiar a amamentação, regulação de marketing de alimentos e bebidas com altas concentrações em açúcares livres e ações contra a obesidade infantil

As intervenções de CPI direcionadas à população devem visar mulheres grávidas, novas mães e equipes de atenção primária com o objetivo de conscientizar sobre a importância do aleitamento materno e fatores de risco comuns, particularmente adição de açúcares livres a bebidas e alimentos (32).

 Por exemplo, a prevenção e o controle de CPI devem ser integrados aos programas de saúde como:

• iniciativas para promover, proteger e apoiar a amamentação e garantir a regulação de produtos alimentares que funcionam como substitutos do leite materno (por exemplo, fórmula infantil, fórmula de acompanhamento) (26,27)

Um dos artigos citados (14), foi publicado no Journal of Dental Research (JDR – 07/2019) Clinical & Translational Research (Systematic Review of Evidence Pertaining to Factors That Modify Risk of Early Childhood Caries).

Revisão sistemática de evidências referentes a fatores que modificam o risco de cárie na primeira infância.

Dos 13.831 trabalhos identificados, 139 foram incluídos. A evidência de nível mais alto indicou que a amamentação ≤24 meses não aumenta o risco de CEC, mas sugeriu que a amamentação de maior duração aumenta o risco (evidência de baixa qualidade).

Assim, a melhor evidência disponível indica que a amamentação até os 2 anos de idade não aumenta o risco de CEC. Fornecer acesso a água fluoretada e educar os profissionais de saúde são abordagens justificadas para a prevenção de CEC. Limitar açúcares em mamadeiras e alimentos complementares deve fazer parte dessa educação.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545