Do site Papo de Mãe: O portal da vida em família
Assim como o ar que respiramos, os bebês precisam mamar o tempo todo
Dr. Moises Chencinski - Colunista
07/12/2020
Poderíamos falar horas sobre esse mito: LEITE FRACO.
Fica para um outro momento.
Até porque essa é uma (des)informação muito frequente e não conheço nenhum estudo que comprove a existência dessa “entidade”.
Mas, para não deixar passar, já que está no título, alguns fatos simples:
1) Leite materno tem 85% de água (não precisa dar qualquer outro líquido até os 6 meses). Isso quer dizer que 15% é “comida”.
2) Bebês nascem em média com 3 kg e chegam a 9 kg com um ano (triplicam de peso) e isso com 15% de “comida”.
3) Bebês nascem em média com 50 cm e chegam 75 cm com um ano (25 cm – 50% do seu comprimento em um ano) e isso com 15% de “comida”.
Um adulto médio, com tamanho médio, com atividade média precisa de 1500 a 2000 calorias por dia, em uma alimentação equilibrada, para se manter bem nutrido. Imagine se esse adulto médio ingerisse 15% disso (225 a 300 calorias por dia)? Desnutrição na certa. Spas colocam dietas muito restritas na faixa de 600 calorias para adultos.
Tá. LEITE FRACO não é. Então vamos ao foco dessa conversa?
Respiração e alimentação
O que é respiração? A grande maioria dos seres vivos necessita do oxigênio para realizar o metabolismo celular e precisa eliminar o gás carbônico (dióxido de carbono) resultante desse processo. A essa troca desses gases damos o nome de respiração.
Dentro do útero, os pulmões do bebê não funcionam (estão cheios de líquido amniótico) e essa troca acontece através do cordão umbilical.
Com que frequência isso acontece? O tempo todo.
Aí o bebê nasce, cortam o cordão umbilical, os pulmões começam a funcionar.
Alguém diz para esse bebê:
“Olha. Agora você vai respirar de 10 em 10 minutos”?
Não. Ele respira quando precisa.
E a alimentação do bebê dentro do útero?
Também acontece através do cordão umbilical.
Com que frequência isso acontece? O tempo todo. Livre oferta.
Aí o bebê nasce, cortam o cordão umbilical e alguém diz para esse bebê:
“Olha. Agora você vai mamar 10 a 20 minutos de cada lado de 3 em 3 horas”?
Não. Ele mama quando precisa.
Leite materno é o alimento próprio da espécie humana. Sua digestão é ótima e acontece rápida desse volume.
Vale lembrar que no estômago recém-nascido cabe, por mamada, a quantia de 5 (isso mesmo, cinco) ml. Com o passar dos dias e semanas, esse volume aumenta, até chegar a 80 a 150 ml por mamada, com 30 dias de vida.
Lembra que 85% desse volume é água? Como vamos saciar um bebê que triplica de peso e ganha 50% do seu comprimento em um ano, com 15% desse volume?
Para isso, o bebê precisa se alimentar sempre que tiver fome. A mãe sempre deve oferecer os dois seios por mamada. Quem define se vai ser um seio ou dois, quanto tempo dura, de quanto em quanto tempo vai ser a mamada é o bebê. Ponto.
Além disso, os estudos mostram que acordar à noite para mamar é uma das proteções do bebê contra a Síndrome de Morte Súbita Infantil.
Lacrando aqui:
LIVRE DEMANDA é a mãe oferecer o seio sempre que o bebê ou a mãe quiserem.
Quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido. Com o tempo, a mãe produz mais leite, o bebê suga de forma mais eficaz, um volume maior e as mamadas vão se espaçar. A produção vai se adequar à necessidade.
Em dúvida, procure um profissional de saúde que conheça bem as sutilezas da amamentação, possa te passar informação atualizada, embasada em estudos sérios e respeite o seu desejo e a sua vontade.
Pergunte. Questione. Até que não haja mais dúvidas para tomar uma “decisão informada”.
Amamentar é um direito seu e de seu bebê. É sua opção.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545