Do Portal R7
Pandemia aumentou estresse e dúvidas de mulheres que amamentam; covid não impede aleitamento, mas requer cuidados
por Carla Canteras, do R7
04/04/2021
Na última semana a cantora Simone, da dupla com Simaria, lamentou em sua conta do Instagram que não consegue mais amamentar a pequena Zaya, filha de pouco mais de um mês da sertaneja com o empresário Kaká Diniz.
Após publicar uma foto com a nenê tomando mamadeira, ela abriu a redes social para responder perguntas de internautas. Uma das fãs questionou: “Você não amamenta mais a Zaya?”. Simone respondeu: “Não tenho leite”, acompanhado de um emoji de chorando.
O problema que atingiu a cantora é comum em muitas mulheres e na pandemia da covid-19 a preocupação e as dúvidas das mães aumentaram ainda mais. Como proteger o bebê? Como se proteger? Em caso de mãe com covid, pode amamentar?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica o aleitamento materno até os 2 anos ou mais e exclusivo até os primeiros seis meses de vida. Em setembro de 2020, a OMS recomendou que a amamentação seguisse mesmo no caso de a mãe estar infectada, por entender que os benefícios da amamentação superam riscos de infecção por covid-19.
O pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), comemora a decisão. “De tudo que mudou no mundo por causa da pandemia, o único consenso entre médicos e associações médicas foi a importância da amamentação frente a pandemia, se a mãe se sentir confortável para amamentar”, diz o médico.
Não há constatação científica da transmissão ativa da doença por meio do aleitamento materno. Então para manter a proteção do bebê, as mães precisam seguir medidas de higienização. Lavar bem as mãos com água e sabão antes tocar o bebê; usar máscara que cubra completamente nariz e boca durante as mamadas e evitar falar ou tossir durante a amamentação; a máscara deve ser trocada imediatamente em caso de tosse ou espirro e a cada nova mamada; evitar bebê encoste na máscara ou no rosto da mãe.
A consultora em amamentação, Virginia Ferreira lembra que a mãe tem opção de tirar o leite para que uma pessoa não infectada alimente a criança. “No caso de covid, a mulher pode ordenhar o leite e outra pessoa dá para o filho. Mas a decisão de ordenhar ou não é pessoal, porque sabemos que tirar o leite é difícil. Então é uma decisão pessoal da mulher, mas a orientação é seguir amamentando mesmo com covid”, afirma.
Moises Chencinski ressalta que quem escolher tirar o leite deve seguir todas as recomendações. “A mãe deve seguir orientação de como ordenhar o leite corretamente, quanto tempo e como deve ser o armazenamento do alimento. Outra coisa importante, a mãe só pode dar esse leite para o próprio filho e não pode doar para os bancos de leite. Só quando estiver curada”, diz o médico.
A Sociedade de Pediatria indica que os cuidados devem seguir também após a mamada. Quando as mães são suspeitas ou confirmadas de covid-19, os cuidados com o bebê (banhos, sono) devem ser feitos por outra pessoa na casa que não tenha sintomas ou que não esteja infectada. Já para troca de fraldas, a mãe pode fazer, mas usando luvas cirúrgicas ou de procedimento descartáveis é recomendado.
A ansiedade não acontece só nas mães doentes. A pandemia preocupa também as saudáveis, seja pelo medo de infecção nela e na criança, ou pela diminuição da rede de apoio. “A covid mudou a vida de todos, não seria diferente das mães com recém-nascidos. Vai aumentar o estresse? Vai, mas se tentar manter a calma, respeitando a mulher, com uma boa rede de apoio, é possível amamentar. Mas a covid deixou as mães mais sozinhas também”, lembra o médico.
Virgínia explica que no momento de nervoso, o leite pode secar, mas o estímulo é importante nessa hora. “O leite deixa de sair no momento de estresse, mas se a mãe relaxar e continuar estimulando o peito, o leite volta. O que indicamos é um pouco de paciência antes de oferecer mamadeira, se não a volta do bebê para a mama é difícil”, garante a consultora.
Seja durante a pandemia ou não, Moises Chencinski faz questão de afirmar que amamentar ou não é uma escolha da mulher e as pessoas próximas devem apoiar a decisão e ter empatia. “A decisão é da mãe se vai amamentar ou não. Mas é importante que ela tenha a informação correta e ética sobre a amamentação, que ela tenha sido acompanhada com pré-natal, tenha recebido a orientação do pediatra. Toda mãe sabe da importância da amamentação e se ela decidir não fazer, a decisão dela dever ser apoiada e não julgada”, recomenda o dirigente da Sociedade de Pediatria de SP.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545