Do site Momento Papo de Mãe - O Portal da Vida em Família
A mamãe nigeriana Ijeoma fez prova do curso de pós-graduação amamentando seu bebê, postou a foto em rede social e viralizou. O pediatra Moises Chencincki, colunista do Papo de Mãe, comenta.
Dr. Moises Chencinski - colunista
26/04/2021
Esse foi o relato de Onyedikachi-Nwalozie Marlene Ijeoma, uma mãe nigeriana, no Facebook (com fotos), que viralizou e virou manchete.
Mais uma vez, a amamentação e, principalmente as mulheres, parecem “surpreender” o mundo.
A notícia dá conta que o bebê de Ijeoma chorava, que o pai tentou acalmá-lo sem conseguir, pediu aos vigilantes que levassem a criança até a mãe que estava fazendo prova de Pós-Graduação. Ela o recebeu, amamentou, ele acalmou após um suspiro e ficou no colo por 2 horas (até o final da prova).
E eu pergunto:
Onde está a novidade?
- Em um bebê chorar quando tem fome e querer mamar?
- Em um bebê que mamou se acalmar?
- Em uma mãe amamentar seu filho quando esse chora de fome?
- Em uma mulher multitarefas que faz sua pós-graduação?
Isso acontece todos os dias, todas as horas, a cada minuto, em todos os lugares do mundo, e vai continuar a acontecer enquanto houver mulheres, mães, bebês e a amamentação existir e for “permitida” (??????).
Talvez as grandes diferenças dessa situação, para nossa cultura, estejam nos detalhes da notícia:
“Ela revelou que depois de o pai ter tentado tanto acalmar a criança com vários passos de dança, ele teve que dar o bebê aos vigilantes que o trouxeram até ela.”
“Imediatamente o coloquei no peito, ele soltou um longo suspiro e parou de chorar.”
Chama a atenção sua rede de apoio: o pai que tentou acalmar o bebê com passos de dança (o que deveria ser culturalmente natural).
Além disso, a atitude dos vigilantes que levaram o bebê que chorava até a mãe não perece ter acontecido porque há uma lei que permite que isso ocorra e sim... porque é o que deveria acontecer. A lei? A da natureza.
“E assim que ficamos por 2 horas até eu terminar o exame”.
Ijeoma, a mãe, fez os exames enquanto amamentou e segurava seu bebê por 2 horas inteiras, sem que fosse sequer questionada, pela segunda vez na vida dela, em uma prova (mestrado e doutorado). Ela revelou que já tinha passado pela mesma situação em 2016, quando teve que segurar sua filha em um braço, enquanto escrevia seus exames de mestrado.
E seu comentário final no post do Facebook revela a triste, cruel realidade da desigualdade e da inequidade:
“Esta vida é mais difícil para uma mulher que busca uma carreira”.
Conhece alguma história parecida?
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545