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Introdução alimentar: sonho ou pesadelo?

Do site Momento Papo de Mãe - O Portal da Vida em Família

DEVAGAR E SEMPRE 5 dicas para a introdução alimentar complementar. Entre os 6 meses e 1 ano da criança, o leite continua sendo o alimento principal

Dr. Moises Chencinski - Colunista

24/05/2021

Comer, comeer
Comer, comeer
É o melhor para poder crescer.

Quem se lembra desse hino?

Para os pais, era o prenúncio do pesadelo.

Para muitas crianças, um filme de terror.

Quando? Como? O que? Começa por onde?

5 dicas práticas, para (sua) reflexão e (sua) preparação.

1) Introdução da alimentação complementar

Até o 6º mês: aleitamento materno exclusivo. E quem não amamenta? Mesmo com aleitamento misto ou só à base de fórmulas, a recomendação é iniciar a introdução alimentar (IA) complementar após o 6º mês de vida.

Entre 6 meses e 1 ano, o leite continua sendo o alimento principal.

2) Qual então é a intenção da alimentação complementar?

EXPERIMENTAR. EXPLORAR. CONHECER. INOVAR. RESPEITAR.

Texturas, cores, cheiros, formas, temperaturas... um mundo de novas sensações.

O que me leva a um dos meus mantras mais usados nessa fase.

O FATO DE A CRIANÇA PODER COMER DE TUDO A PARTIR DO 6º MÊS, NÃO SIGNIFICA QUE ELA PRECISE COMER TUDO NO 6º MÊS.

Alimentação vem sempre carregada de muitas emoções. Transmita o afeto (não a ansiedade), a confiança (não a cobrança), o prazer (não a sua decepção).

Isso fará dessa experiência algo que a criança vai curtir, querer repetir, e não fugir.

3) Como preparar esse momento?

Antes de pensar no cardápio, que tal analisar o entorno, o que propicia, o que favorece esse momento?

- AMBIENTE CALMO E ACOLHEDOR - sem cobranças, sem performances, sem agitação, com TEMPO (será que vou escrever ou falar alguma vez algo que se relacione à criança e à infância e vou deixar de falar de tempo? Não mesmooooo).

- AMBIENTE SEGURO - outro mantra que eu uso. 

PARA QUEM FOR ALIMENTAR UMA CRIANÇA: TSUNAMI À SUA DIREITA, INCÊNDIO À SUA ESQUERDA, ANIMAIS SELVAGENS À SUA FRENTE E CELULAR TOCANDO ATRÁS... NÃO SE MEXA.

Atenção total à criança. Olho no olho. Pele na pele. E a postos, com atenção a todas as ações e reações da criança. É um mundo novo para vocês também. Uma descoberta de vocês através da descoberta deles. Além disso, criança sentada e segura (por isso após o 6º mês - desenvolvimento sem atropelos).

4) Devagar e sempre

Mais um mantra?

ANTES E MAIS, NA IMENSA MAIORIA DAS VEZES PARA CRIANÇAS, NÃO É MELHOR. É ANTES E MAIS. SE É ANTES, É PORQUE AINDA NÃO ESTÁ NA HORA. SE É MAIS, É PORQUE PASSOU DA CONTA.

Cardápios coloridos, nutritivos, variedade... deixe isso para um ou dois meses depois de iniciar o processo. Comece com um de cada vez.

Frutas são deliciosas. É importante que a criança conheça uma a uma, antes de oferecer a salada de frutas.

Aquele "sopão", que tem verduras, legumes, carninha, e que só muda de cor quando tem beterraba, monótono (que apresenta sempre o mesmo tom, que não tem variação; uniforme, invariável) não cria curiosidade e nem estimula uma nova "forma técnica" de se alimentar (mastigar e não sugar o alimento).

Além disso, quando se oferece aos poucos, consegue-se saber o que a criança gosta ou não gosta, o que prende o intestino, o que solta, o que dá cólicas, gases, alergias, enfim, as reações à comida.

5) O que NÃO FAZER?

  • Não forçar - isso gera mais traumas do que resultados (lembra?).
  • Não deixar sentado até acabar o prato - criança entre 6 meses e um ano não consegue ficar sentada direito nem para brincar, imagine para comer...
  • Não distrair - é importante que a criança veja, sinta, conheça. Distraída, ela não cria relação com a alimentação. Ela abre a boca e automatiza. No momento pode até ser que ela coma um pouco mais, mas, no futuro, você vai se ouvir dizendo: "Mas quando você era pequeno você comia isso. Por que agora não quer?"
  • Não bater a comida (liquidificador, mixer, peneira) - dos 6 aos 8 meses pode "machucar" a comida (amassar). A partir dos 8 meses, pode aumentar a consistência para que por volta de um ano de idade, quando a criança já está em melhores condições de digestão, coma a comida da casa. Desde que ela seja saudável. Pastel no almoço e pizza no jantar não é uma boa comida da casa, especialmente quando está sendo criado um paladar, um hábito alimentar.
  • Não oferecer “só um pouquinho mais” – uma colher mais pra mamãe, uma pro papai, uma pra vovó, uma pro... chegaaaaaaaaa. Sabe o adulto que não vê o fim do prato? Ele pode ter sido essa criança. Aprender a saciedade é importante. Mas ele comeu tão pouquinho? Pouquinho pra quem? Pra ele ou pra você? A expectativa é sua.

Para saber do menu mais adequado, converse com seu pediatra ou nutricionista infantil em consultas. Cada criança é única e precisa ter esse momento de sua vida muito respeitado e personalizado.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545