Do site da Revista Crescer
Aleitamento materno até 2 anos ou mais, exclusivo até o sexto mês desde a sala de parto é o nosso ideal olímpico da amamentação
Dr. Moises Chencinski - colunista
27/07/2021
No dia 21 de julho, foi publicado um estudo feito no Canadá que concluiu que crianças amamentadas, independentemente de por quanto tempo, atingem níveis de pressão arterial mais controlada e reduzida aos 3 anos do que as crianças que nunca receberam leite materno.
ssa ação se soma a tantas outras que a pergunta que não quer calar é: Por que o leite materno não aparece no Guinness Book (o livro dos recordes) como o alimento com maior capacidade de promoção à saúde que existiu, existe ou existirá? E isso gera uma dúvida justa e com uma resposta clara (ao final do texto): Qual o limite do leite materno?
Estamos na época dos Jogos Olímpicos. Acho que vale para uma reflexão. Um atleta se esforça muito, se dedica desde sua infância, para competir, concorrer e ganhar. Segundo a “lenda”, o Barão de Coubertin, o idealizador das Olimpíadas, disse a seguinte frase: "O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade."
Verdade. Mas a busca do atleta é a sua superação. E o que para nós pode parecer pouco é um mundo para eles. A prova de 100 metros rasos, considerada por muitos como a mais nobre dos Jogos Olímpicos, e que está no calendário desde a primeira edição da Era Moderna, em 1896, é um ótimo exemplo disso.
Naquele ano, Thomas Burke ganhou a medalha de ouro com 12 segundos. Em 1968, 72 anos depois, Jim Hines foi o primeiro homem a correr essa distância abaixo dos 10 segundos (9,95 segundos). Em 2012, Usain Bolt bateu o recorde mundial dos jogos com 9,63 segundos. Foram 116 anos para que essa marca caísse 2,37 segundos. Até onde o homem poderá chegar?
Leite materno e os Jogos Olímpicos
Aleitamento materno até 2 anos ou mais, exclusivo até o 6º mês desde a sala de parto é o nosso ideal olímpico da amamentação.
E a corrida de obstáculos que uma mãe que queira amamentar passa? Começa no seu pré-natal (sem orientação adequada), continua na maternidade (buscando o apoio para a hora de ouro – clampeamento de cordão oportuno, contato pele a pele e a primeira mamada na sala de parto ainda e depois o alojamento conjunto), segue na busca por profissionais que a acolham e protejam, promovam e apoiem a sua amamentação (com observação de uma mamada completa, do começo ao final).
E quando ela consegue um pediatra que a escute e não a julgue, uma boa rede de apoio e uma sociedade que a acolha ela conseguiu uma cesta de 3 pontos.
Saber que o aleitamento materno faz pontos de bloqueio de 20.000 mortes de mães, 823.000 mortes de crianças e ainda evita perda de 300 bilhões de dólares por ano no mundo faz parte do espírito.
O tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno de 2.021 (1 a 7 de agosto) é: Proteger a amamentação: Uma responsabilidade de todos
E no Brasil, ainda temos um mês todo – Agosto dourado – para esclarecer, informar, sensibilizar e conscientizar a todos (governo, sociedade, empresas, mídia, instituições e profissionais de saúde) a respeito da importância do aleitamento materno. Que golaço!!!
Talvez a grande diferença seja que nos Jogos Olímpicos temos sempre um único vencedor em cada prova. No aleitamento materno todos ganham sempre (a mãe, o bebê, a sociedade e o planeta).
Leite materno – o padrão “medalha” de ouro da alimentação infantil.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545