Do site da Crescer
Realizado nesta quarta-feira (25), evento reuniu dezenas de mães e bebês, jornalistas e especialistas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para compartilhar experiências e informações sobre o aleitamento materno
por Juliana Malacarne
26/08/2021
Um momento para compartilhar experiências, tirar dúvidas e celebrar as conquistas do aleitamento materno. Assim foi o 2.º Mamaço Virtual, realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatra em parceria com a Crescer, que aconteceu nesta quarta-feira (25) com a participação remota de mães e bebês, jornalistas e especialistas. Em um bate-papo de quase duas horas acompanhado em tempo real por centenas de pessoas pelas redes sociais, os desafios e benefícios da amamentação foram discutidos de diversas perspectivas.
Durante o evento, mais de 100 mães apareceram em um mosaico amamentando seus bebês ao vivo, compartilhando experiências e enviando perguntas através do chat. Participaram mães que amamentam desde recém-nascidos até crianças pequenas, gêmeos e filhos de idades diferentes, mostrando que cada família enfrenta desafios únicos nesse período, mas que, com apoio, é possível superar a maioria deles.
A presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Luciana Rodrigues Silva, abriu o evento ressaltando a amamentação como um dos pilares para o desenvolvimento do bebê. “Além de criar uma conexão emocional segura, o aleitamento oferece uma nutrição maravilhosa no primeiro ano de vida”, explicou a pediatra. “Não há alimento mais completo para um bebê. É o maior presente que as mães podem dar aos filhos”.
Em seguida o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, lembrou que os mamaços surgiram no Brasil como um movimento de protesto em 2011 depois que uma mãe foi impedida de amamentar seu bebê em público. “Agora o mamaço vem com uma celebração do que já foi conquistado. Unir a mídia, as instituições médicas, as mães, os pais e os bebês em uma discussão sobre esse tema é para festejar”, afirmou Chencinski. “Ainda temos muito a fazer pelo aleitamento materno, mas, felizmente, há cada vez mais a consciência de que uma das bases para uma sociedade menos desigual é que todos os bebês tenham o melhor início de vida possível e não consigo imaginar caminho mais apropriado para isso do que o leite materno”.
A amamentação nos tempos de pandemia foi uma das dúvidas trazidas pelas mães e o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, reforçou o aleitamento materno como forma de fortalecer o sistema imunológico do bebê. “Todos os anticorpos que a mãe produziu por causa de doenças que contraiu ao longo da vida e vacinas que tomou durante a gestação são transferidas pelo cordão umbilical e a placenta. E essa transferência persiste através da amamentação”, explica Kfouri. “A amamentação pode ser considerada ‘a primeira vacina’ do bebê. No caso da covid, o vírus não é transmitido através do leite materno, mas ele carrega o anticorpo, a defesa que a mãe produziu contra a doença, ou seja, benefício duplo de nutrição e proteção”.
á o presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, Luciano Borges Santiago, destacou a importância do apoio profissional para superar os desafios que surgem durante a amamentação. “Infelizmente, a cultura do aleitamento materno foi substituída pela mamadeira e a chupeta e é preciso retomá-la”, afirma o pediatra. “O papel do médico é discutir e conversar com as mães, ouvir o que elas têm a dizer e não simplesmente dar ordens do que deve ser feito. É preciso dar apoio para que a mãe possa amamentar tranquila e tomar as próprias decisões com o conhecimento do pediatra”.
Compartilhando sua experiência a partir da perspectiva materna, a jornalista Andréia Sadi, mãe dos gêmeos João e Pedro, 4 meses, falou sobre a importância dos familiares e pessoas próximas para conseguir amamentar os dois filhos. “Sem o apoio deles, no meio da pandemia, teria sido impossível”, afirma Andréia. “A rede de apoio foi o que garantiu um começo não tão traumático. Só as mães sabem o que a gente passa. O início do puerpério é solitário e desesperador, sou contra a romantização desse período. Não consegui me adaptar com o Pedro e o João ao mesmo tempo então dou o peito primeiro para um e depois para o outro. Acabo ficando sempre à disposição deles. Se não tivesse pessoas para compartilhar esse período comigo, não teria conseguido”.
A jornalista Luciana Pioto, mãe de Serena, 4 meses, também ressaltou a importância do apoio que recebeu quando enfrentou dificuldades no início da amamentação. “Logo que cheguei em casa depois do parto, o bico do meu peito estava todo dolorido e mastigado”, conta Luciana. “Felizmente, meu marido chamou uma consultora da amamentação que, junto com a pediatra, descobriu que a Serena tinha um problema no freio da língua que estava impedindo que ela mamasse de maneira adequada. Com apenas sete dias de vida fizemos um procedimento a laser que corrigiu a questão e, desde então, nossa jornada de aleitamento materno tem sido maravilhosa. É muito importante que a proteção e incentivo da amamentação sejam esforços coletivos porque se você não tem o apoio de familiares e profissionais competentes e amorosos, acaba desistindo”.
As discussões trouxeram uma perspectiva realista da amamentação com todos as suas vantagens físicas e emocionais para mãe e bebê, mas também as dificuldades que podem surgir nesse período. “Incentivar e proteger o aleitamento materno é um dos princípios da Crescer”, afirma a editora-chefe da Crescer, Ana Paula Pontes, que apresentou o 2º Mamaço Virtual. “Sabemos de todos os benefícios da amamentação, mas também é preciso esclarecer os inúmeros desafios, inverdades e julgamentos pelos quais muitas mães passam nesse processo. Por isso, apoiar um evento tão esclarecedor, junto dos melhores especialistas da pediatria e ao lado de tantas mães incríveis é um motivo de orgulho para a marca”.
Para quem não conseguiu acompanhar ao vivo, o evento permanece disponível nas redes sociais.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545