Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

Amamentação: especialista explica os principais mitos sobre o aleitamento materno

Do site da Revista Crescer

Existe leite fraco? Quem tem bico invertido pode amamentar? E quando há fissuras?

por Redação Revista Crescer

06/08/2021

Existe um ditado popular que diz que uma mentira repetida diversas vezes acaba virando verdade, mas na amamentação, não é assim que funciona! Se informar sobre o assunto é importante não só para a saúde do bebê, mas também para que o psicológico da mãe esteja bem para vivenciar esta mudança da melhor forma possível. No mês do aleitamento materno, a CRESCER conversou com especialistas para desmifistificar os principais mitos que rondam o tema.

Existe leite fraco?

Isso não existe. O pediatra Moises Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que, após o parto, o colostro, primeiro leite que desce, costuma vir em menor quantidade. Além disso, no início, não cabe muito leite no estômago do bebê. Assim, o recém-nascido precisa mamar com mais frequência, podendo passar a falsa impressão de que a mãe tem leite fraco.

Durante a gestação, é necessário preparar o corpo para o aleitamento?

A preparação é apenas psicológica. “Se a mãe está informada, se tranquiliza”, afirma a enfermeira especialista em amamentação Sandra Abreu (SP). No entanto, ela orienta um preparo um pouco antes da primeira mamada. “A mãe pode tomar um banho quentinho e fazer uma massagem no peito para relaxar e estimular a descida do leite”, diz.

Se tenho bico invertido, não posso amamentar?

Os diferentes tipos de mamilos, incluindo o invertido, não são impeditivos para a amamentação. Afinal, os bebês não devem abocanhar o bico e, sim, a aréola. A enfermeira obstetra Patrícia Marques Ribeiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), explica que os recém-nascidos precisam abrir a boca com o lábio inferior e superior bem abertos e apoiar o queixo na aréola inferior para sugar. Quando o mamilo fica machucado, pode ser que pega esteja inadequada. Vale procurar ajuda.

Devo interromper a amamentação porque meu peito está com fissuras?

O ideal é não deixar de amamentar, porque o leite parado pode evoluir para um quadro de mastite (inflamação das glândulas mamárias). Busque ajuda para entender o porquê de o peito estar machucado: pode ser pega inadequada, infecções e até língua presa do bebê. Dá para resolver tais situações, mantendo o aleitamento.

Silicone e redução de mama impedem o aleitamento?

Moises Chencinski alerta que, em relação ao silicone, há a possibilidade de atrapalhar a produção e a saída do leite, já que as glândulas mamárias podem ficar comprimidas. Após a cirurgia de redução de mama, também é possível haver uma queda na produção. No entanto, nenhum dos casos impede a amamentação.

Não posso amamentar se estiver doente ou tomando qualquer medicamento?

Chencinski explica que há doenças que não impedem a amamentação, como a gripe – desde que a mãe tome alguns cuidados, como o uso de máscara –, além de zika, dengue e chikungunya. Ela só não é indicada no caso de mães com HIV (vírus da aids) e HTLV (que afeta as células de defesa). Com relação aos medicamentos, há poucos que contraindicam o aleitamento, e só o médico pode orientar.

Não é possível amamentar mais de um bebê?

Basta consultar um especialista para orientar sobre técnicas para manter o aleitamento de crianças com idades diferentes ou no caso de múltiplos. "Gêmeos, normalmente, acabam se ajustando em termos de horários e a mãe pode oferecer um seio para cada um", diz Chencinski .

Crianças maiores de 2 anos não podem receber leite materno

A ideia de que, com o tempo, o leite fica fraco não faz sentido. Vale lembrar que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês do bebê. Após esse período, é possível amamentar associando uma alimentação saudável até 2 anos ou mais. “Não dá para esperar que o leite materno ofereça tudo que uma criança de 3 anos precisa. Não quer dizer que o leite ficou fraco, mas que a necessidade do pequeno é outra”, explica Chencinski.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545