Do site Papo de Mãe - UOL
Reveja os mais de 40 artigos do pediatra Moises Chencinski de 2021 sobre a proteção do aleitamento materno
por Dr. Moises Chencinski - colunista
20/12/2021
- Amamentar? Bebê acorda, chora, mãe põe no peito, bebê mama, arrota e dorme. Que mais precisa saber?
- Leite materno não tem novidades. Pra que gastar tempo nisso?
- Ninguém fala ou se preocupa com aleitamento...
Um ano de material aqui na coluna do Papo de Mãe e nada poderia ser "mais errado do que isso aí". Teve de tudo um pouco nesse período (e vai continuar ou aumentar ainda em 2.022). Em cada link uma matéria dessas. Recordar é viver.
Foram 42 matérias até essa aqui e olha que nem tudo (mas até teve) foi COVID, mostrando a proteção do aleitamento materno.
E fomos de informação, sensibilização, críticas, denúncias, factuais... teve de tudo um muito, para abordar a cultura e a ancestralidade da amamentação.
Quem detém a informação, detém o poder
Frase atribuída a Claude Raffestin, um professor de geografia humana suíço, pode explicar o conceito de EMPODERAMENTO que tanto se fala para as mulheres e mães.
E, de forma simples, foram abordados vários temas que são mitos na amamentação:
- Lactogestação (amamentar quando grávida).
- Tandem (amamentar duas crianças de idades diferentes).
- As variações de cores da aquarela do leite materno.
- Leite de bruxa – já ouviu falar?
- Amamentação em livre-demanda, “prolongada” (até 2 anos ou mais).
- Sono do bebê influenciado pelo aleitamento materno.
- A introdução (a partir dos 6 meses) ou apresentação alimentar?
- A eterna (infelizmente ainda) batalha do leite materno e os seus substitutos.
Tá, mas sem discussão. O leite materno foi, é e será, sem comparação, o melhor produto do mundo.
Mas, nem só de informação vive o mundo (sem contar as fake news). Outros fatores importantíssimos envolvem o ato de amamentar.
Quem manda aqui sou eu
Mas, apesar das informações, as estatísticas nacionais e mundiais ainda estão devendo. Mas, por que uma mulher amamenta (ou não)? Quem define isso?
E simples assim. A mãe é a protagonista da amamentação, à qual se junta, em primeiro lugar, o seu bebê. Quem define se vai, quando vai, como vai, quanto vai, até quando vai é a díade mãe-bebê.
Depois disso, como fundamental da rede de apoio, tem o pai ou a companheira.
Pediatra é o profissional que acompanha mãe e bebê por mais tempo entre todos, deve ser apoio e seu local de trabalho é parte importantíssima dessa promoção e proteção do aleitamento. E todos os profissionais que trabalham na área de saúde materno-infantil deveriam seguir as regras básicas de aconselhamento (que não é dar conselhos): Empatia, escuta ativa, sem julgamentos.
E é impressionante como a decisão da amamentação “incomoda” e causa reações.
Uma grande parte delas diz respeito à amamentação em público, em vários lugares e situações pelo mundo.
Aconteceu com uma policial no Camboja, em uma prova de pós-graduação na Nigéria, com figurinos de atrizes nos filmes, com atletas para as Olimpíadas e até com turistas na Disney.
Proteger, apoiar e promover a amamentação
Esses são os “projetos” de quem lida com saúde materno-infantil. Como fazer para que a decisão das mães, de cada uma delas, de todas elas, sejam respeitadas.
A proposta da OMS é para que, em 2.030, 70% das crianças abaixo de 6 meses de idade estejam em aleitamento materno exclusivo. E entre as estratégias, a primeira definida pela instituição é o controle do marketing promovido pelas indústrias que produzem e vendem os seus substitutos. Isso é conhecido mundialmente como “Conflito de Interesses”, que não acontece apenas no aleitamento materno. Mas, infelizmente, são poucos os que reagem de forma enérgica e significativa contra isso.
Quem protege as mães? E os bebês? Existem leis? Elas são observadas? Cumpridas adequadamente? Quem fiscaliza? Quem desafia essas leis é encontrado? É punido de acordo com a legislação?
A primeira semana de agosto (no Brasil o mês de AGOSTO DOURADO com suas manifestações) é dedicado à sensibilização e conscientização a respeito da importância da amamentação. E todos os anos, a sensação é que estamos recomeçando, como se tudo o que tem sido feito nas últimas décadas, precisasse ser reforçado. E sabe de uma coisa? Precisa.
E o mais complicado é que a luta é diária. Não adianta esperarmos o mês de agosto. Até lá, a criatividade da indústria é tão inacreditável, que é um grande desafio estarmos à frente e nos anteciparmos ao seu próximo passo. Até nas chamadas “redes sociais” a luta é desigual entre a saúde e os lucros. Porque o algoritmo (ô coisinha chata...) tem um custo, depende de “incentivo$”.
E para 2.022?
A proposta é não esperar.
Não esperar agosto.
Não esperar pelas leis.
Não esperar pelo consenso.
Não esperar pela mais nova ação da indústria.
O leite de mãe é único, é vida, pulsa, abre caminhos, é saúde, é democrático, se renova, sobrevive, resiste, é redescoberto a todo momento, é definitivo.
As mães... ah as mães... são inspiração, transpiração, resiliência, resistência, são sobrecarregadas, guerreiras, são realidade, sofrimento, são a vida.
O leite materno é, cada vez mais é.
As mães são e continuarão sempre sendo.
Pode vir 2.022. E podem vir todos os próximo anos. Mães sempre existirão e serão.
E serão sempre com leite materno.
Vai encarar?
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545