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Começando 2.022 com polêmicas: cama compartilhada. Você já fez?

Do site da Crescer

Pediatra reúne e comenta estudos recentes sobre amamentação, cama compartilhada e síndrome de morte súbita do bebê. Confira!

por Dr. Moises Chencinski - Colunista

06/01/2022

- Cama compartilhada favorece o aleitamento materno (AM).
- Amamentação protege contra Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL).
- Cama compartilhada é associada a maior risco de SMSL.

Então... concluindo... peraí... noves fora... uni, duni, tê...
Essa conta não fecha.

Estudo recente, realizado na Espanha, aborda o tema e só confirma o que já se sabia.

Uma coisa é uma coisa.
Outra coisa é outra coisa.
E uma coisa não tem nada a ver com a outra coisa.


Analisando os fatos: dormir junto e amamentar

Levantamentos mostram que muitas mães (média de 85%) têm o hábito de dormir na cama, com suas “crias”.

Esse estudo aponta uma taxa de AM de 86,4% quando a mãe compartilhava a cama com seu bebê e 13,6% se não compartilhava (UAU). Além disso, mães que amamentavam e praticavam cama compartilhada fumavam menos, consumiam menos álcool e seus bebês dormiam muito mais de barriga para cima, diminuindo riscos de SMSL.


Analisando os fatos: amamentar e morte súbita

Publicação referência da Academia Americana de Pediatria (AAP) aponta evidências de que o AM é um grande fator de proteção contra SMSL, especialmente se é exclusivo, sem a introdução de fórmulas infantis, e reforça, ainda, que qualquer tempo de amamentação protege mais do que não amamentar.

Além disso, o mesmo documento cita que a amamentação favorece a formação de uma flora intestinal mais adequada, protegendo melhor contra infecções, outra causa de SMSL.


Analisando os fatos: dormir junto e morte súbita

A mesma publicação da AAP e um documento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria apontam a cama compartilhada como fator de risco de SMSL, especialmente quando:

  • Em superfícies macias (camas de água, sofás, poltronas) ou com uso de acessórios macios (travesseiros, cobertores).
  • Pais são tabagistas, ou usam medicamentos, álcool ou drogas ilícitas.

Ambos os documentos recomendam o uso de chupeta como prevenção da SMSL, mas advertem:

Caso a chupeta caia da boca da criança após a mesma dormir, não é necessário recolocá-la”.
Entretanto, não foram identificados ensaios clínicos randomizados, controlados, que analisassem o uso da chupeta infantil para redução do risco de SMSL”.

Oi? Não entendi. Não tem comprovação científica que funciona, e, mesmo assim, chupetas, as principais causadoras de desmame precoce, são recomendadas? Mas, se elas causam desmame e a amamentação protege contra SMSL...

Será que só orientar sobre como evitar esses riscos não seria suficiente?


Fechando a conta

  1. A recomendação da OMS, da AAP, da SBP é AM desde a sala de parto até dois anos ou mais, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês.
  2. As taxas de AM deixam a desejar conforme comprovam as pesquisas (ENANI-2019).
  3. Aleitamento materno protege contra SMSL.
  4. A imensa maioria das mães dorme com seus bebês (de rotina ou algumas vezes), mesmo contra “orientações pediátricas”. Quando julgadas, ou elas procuram outro pediatra que as escute ou “omitem a verdade”.
  5. Cama compartilhada pode trazer aumento de riscos para SMSL em algumas situações, a imensa maioria perfeitamente evitável, se bem orientadas pelos profissionais de saúde.


E quais seriam essas orientações?

Seguem algumas recomendações, mas a consulta com o pediatra é fundamental e insubstituível para avaliação de cada caso.

  1. Assim como amamentar, a cama compartilhada deve ser uma decisão informada da mãe, sem julgamento, com orientação.
  2. O bebê deve sempre dormir de barriga para cima, nunca em superfícies macias (sofá, poltrona, redes) e sim em superfícies firmes e sem cobertores grossos, travesseiros ou panos soltos que possam causar sufocamentos.
  3. O bebê nunca deve dormir com alguém que tenha ingerido álcool ou drogas, que fume ou que conviva com quem fuma.
  4. Afastar a cama da parede ou de outros móveis para evitar risco de prender a cabeça ou o corpo em um vão.
  5. Nunca deixar o bebê sozinho na cama.
  6. Pais com dificuldade de acordar devem evitar o co-leito. 


No final, mãe, você decide.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545