Do site da Crescer
Obstrução ocorre quando há acúmulo de leite em um segmento mamário, o que faz com que o alimento não consiga fluir por aquele ducto; entenda
por Nathália Armendro
01/03/2022
Os primeiros dias e até semanas de amamentação podem ser bastante desafiadores. Mas para além da sensibilidade normal que pode acometer os mamilos por conta das mamadas frequentes, um desconforto intenso nas mamas - em geral acompanhado de uma bolinha branca ou amarelada no mamilo - pode ser sinal de um quadro comum e que merece atenção: a obstrução dos ductos mamários.
Amamentar não deve doer, e esse é um sinal de alerta para buscar ajuda especializada
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a obstrução do ducto costuma acontecer quando há acúmulo e espessamento do leite em um segmento mamário, o que acaba obstruindo a passagem de leite por aquele ducto. "Não é uma complicação rara. Acontece mais pelo desconhecimento e por achar que amamentar pode doer. AMAMENTAR NÃO DEVE DOER. Se doer, precisa avaliar", explica o pediatra Dr. Moises Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e colunista da CRESCER.
Geralmente, a mãe nota a presença de uma bolinha branca ou amarelada no mamilo e sente dores ou desconforto ao amamentar. “Em geral não causa febre, mas ela sente bastante dor porque é como se fosse uma mangueira que está com a pressão de água vindo, o leite sendo fabricado e tentando ser ejetado, mas tem uma camada que está impedindo. É como se essa mangueira estivesse fechada em um ponto, então a pressão vem e esse leite não tem vazão, por isso gera dor e incômodo”, detalha a consultora de amamentação Sabrina Cattaneo.
O que pode causar a obstrução?
De acordo com Dr Chencinski, o problema pode ocorrer por conta de um ingurgitamento extremo - pelo uso de pomadas e cremes, de absorventes, por um grande intervalo entre as mamadas ou por pressão sobre as mamas (sutiãs apertados, slings, bolsas pesadas nos ombros), fadiga e/ou estresse materno.
Vale lembrar também a obstrução do ducto pode acontecer em qualquer fase da amamentação, mas é mais comum quando ocorre a apojadura (ou "descida" do leite) e o bebê ainda não estabeleceu posição e/ou pegas adequados. "Ele não suga ainda de forma eficaz, sem conseguir "esvaziar" adequadamente as mamas, ou mama em um seio só, sem uma orientação de extrair um pouco do leite do outro seio (que fica cheio) e a livre demanda não é respeitada, isso aumenta o risco", completa o pediatra.
É grave?
A obstrução de ducto pode, sim, se agravar - evoluindo, por exemplo, para um ingurgitamento (situação conhecida como "leite empedrado") e levar a complicações, como o desenvolvimento de uma mastite, inflamação da glândula mamária que geralmente causa bastante dor. Em alguns casos, a mulher pode apresentar, ainda, náusea e um pouco de febre. Quando isso acontece, é necessário procurar auxílio médico para fazer uma avaliação e seguir o tratamento conforme a gravidade do seu caso.
Como prevenir?
Segundo a SBP, a amamentação em livre demanda - observando o comportamento e sinais precoces de fome do bebê - e a pega de forma correta e com variação das posições, que promove um esvaziamento eficaz da mama, podem ajudar a prevenir o problema.
Dr Moises alerta ainda sobre a importância de cuidados em casos de hiperlactação, pela dificuldadede "esvaziar" a mama (vale ressaltar que ela não vai ficar vazia).
Meu ducto entupiu: o que fazer?
Não há uma solução única para o desentupimento do ducto, que funcione para todas as mulheres, mas existem algumas técnicas que podem ajudar. A primeira coisa a se fazer é alterar as posições de mamada, para que o bebê consiga drenar todos os quadrantes mamários. Outra ideia é fazer compressas mornas e massagem antes da mamada, para ajudar a liberar esse ducto antes de o bebê mamar.
Se isso não ajudar, a mulher pode, após o banho, passar a própria toalha sobre o seio para tentar remover o entupimento. E, em último caso, uma opção seria remover a “pelinha” desse ducto com uma agulha. "Às vezes, é necessária a remoção da 'bolha' rompendo-a com agulha estéril (que não deve ser feito sem supervisão profissional). Pode ser necessário medicar após avaliação médica", destaca a SBP.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545