Do site da Crescer
"Meu corpo está produzindo anticorpos para combater o vírus", escreveu ela; veja o que especialista diz sobre a alteração na cor do leite
por CRESCER
18/03/2022
Cárina-Natalie Worley, mãe de 3 filhos, compartilhou um vídeo com seus seguidores do TikTok mostrando que seu leite materno ficou com uma coloração azulada. Ela acredita que isso aconteceu porque o corpo dela começou a produzir anticorpos após seu filho ficar doente.
Até o momento, a postagem já conta com quase 1 milhão de visualizações. “Meu leite ficou azul porque meu filho está doente, então meu corpo está produzindo anticorpos para combater o vírus. O corpo humano é incrível”, diz o texto que aparece no vídeo, enquanto a mãe exibe o leite azul.
Nos comentários, internautas relataram que também ficaram surpresos com a coloração “incomum” do leite. “Absolutamente incrível. Nosso corpo é incrível e às vezes agimos como se não fosse”, declarou uma pessoa. “Eu vou chorar, joguei o meu leite fora porque um familiar me disse que leite azul era ruim para o bebê”, lamentou uma mãe.
Mas será que a mudança de coloração realmente se deve à produção de anticorpos?
A fala de Cárina-Natalie é apoiada por um estudo de 2013, que sugere que a saliva do bebê é “interpretada” por receptores presentes no mamilo. Assim, o corpo entende de quais anticorpos o bebê precisa para combater certos vírus ou infecção e produz um leite materno customizado, fortalecendo o sistema imunológico do bebê contra aquela infecção específica.
O pediatra Moises Chencinski, defensor da amamentação e colunista da CRESCER, explica que a alteração na coloração do leite exige uma interpretação cuidadosa. De acordo com o médico, o leite materno é, de fato, um alimento vivo, que se transforma de acordo com as necessidades do bebê e vai mudando a composição conforme o tempo e a fase da mamada. “No entanto, não dá para responsabilizar o leite por tudo. O leite materno 'customizado' não muda de cor por conta disso”, ressalta.
Ele explica que a imunização não é um processo assim tão rápido. “Mesmo que a saliva passe a mensagem para o leite materno e que ele produza os anticorpos necessários, dificilmente é um processo instantâneo, cujo resultado se verifique na hora”, afirma. “É como as vacinas. Não é porque seu filho acabou de sair do posto de saúde, ao tomar uma dose, que ele estará imediatamente protegido contra aquela doença. O processo leva tempo”, compara.
Algumas colorações possíveis e inofensivas para o leite materno, de acordo com Chencinski, são: laranja (geralmente quando a mãe consome muitos alimentos com caroteno, como abóbora e cenoura), azulada (pode acontecer no começo da mamada, quando o leite tem menos gordura), esverdeada (devido ao consumo materno de algas, ou vegetais como o espinafre) e marrom (comum nos primeiros dias de amamentação quando os dutos ainda estão se adaptando à produção de leite, o que pode provocar pequenos sangramentos internos e dar tonalidade enferrujada ao líquido).
O especialista ressalta, no entanto, que desde a fase de colostro o leite materno é sempre rico em imunoglobulinas e anticorpos, que são transferidos constantemente para o bebê — o que não altera a cor do leite.
Vale lembrar que o leite materno é o melhor alimento e realmente ajuda a fortalecer o sistema imunológico dos bebês, além de oferecer uma série de outras vantagens. “Ele ajuda, sim, a combater doenças porque fortalece o organismo, mas são necessários mais estudos para entender se há essa resposta específica e imediata”, pontua o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545