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Bebês nascidos na pandemia estão demorando mais para atingir marcos do desenvolvimento, dizem estudos

Do site da Crescer

Pesquisadores vêm observando que as crianças nascidas depois de 2019 estão se desenvolvendo em um ritmo mais lento e tendo mais dificuldade para interagir com outras pessoas

por CRESCER ONLINE - Redação

27/06/2022

Seu filho nasceu durante a pandemia e você sente que ele está demorando mais do que o esperado para atingir alguns marcos do desenvolvimento? Calma, você não está sozinho nessa. Alguns estudos têm mostrado que, sim, os bebês nascidos desde 2020 realmente podem estar "ficando para trás" — mas isso não necessariamente deve ser motivo de preocupação. 

Uma pesquisa publicada na revista científica JAMA acompanhou 225 crianças nascidas na pandemia e observou que elas tinham menos chances de estar engatinhando e sorrindo para si mesmas no espelho até os seis meses de vida, em comparação com crianças nascidas antes de 2020. Pesquisadores da Universidade de Brown também observaram um desenvolvimento em ritmo mais lento: os "bebês pandêmicos" tinham resultados até 23% menores em testes cognitivos.

Isso acontece porque essas crianças tiveram pouco ou nenhum contato com pessoas além dos cuidadores nos primeiros meses (ou até anos) de vida."A interação é importante para a criança desenvolver seus sistemas, ver pessoas, ouvir, interagir, tocar, respirar ar diferente e, em casa, isolada, tudo isso fica faltando. O mundo se torna restrito com a pandemia. Se você não estimula adequadamente, diminui as probabilidades dessa criança em termos de futuro", afirma o pediatra Moisés Chencinski, colunista da CRESCER e presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Dificuldade de socialização

Outro estudo, desta vez conduzido pela Universidade de York (Reino Unido), descobriu que os pequenos também estavam com mais dificuldade de interagir com outras crianças na escola, mordendo e batendo nos coleguinhas. "Espera-se um pouco de atraso no processo de socialização. Essas crianças terão mais dificuldades de relacionamento com outras pessoas e de dividir, principalmente porque estão sendo ensinadas a não se aproximar muito. Mas a boa notícia é que o ser humano se organiza frente ao estresse, readapta-se e enfrenta", diz Meyre Laias, psicóloga perinatal e da parentalidade. E, nesse sentido, a convivência escolar com outras crianças é fundamental para que elas "se soltem" e desenvolvam habilidades sociais. "Muitos desses ganhos do desenvolvimento cognitivo estão relacionados à convivência escolar", completa o pediatra Moisés. "As crianças aprendem muito rápido, mas precisam ser estimuladas para que se desenvolvam. Se a gente pensar em estímulos, eu acho que a escola e os pais, juntos, precisam tentar, de alguma forma, entregar esse ambiente para elas", completou ele.

Como contornar a situação

Segundo Moisés, os pais devem buscar o auxílio dos pediatras e da escola. "Busque tipos diferentes de atividades, jogos que simulem situações. Também não deixe de conversar com o seu filho sobre o tempo que você necessita para o trabalho e, se estiverem todos bem, saiam para parques e locais abertos sem aglomerações, usando máscaras. Isso é fundamental", orientou.

A psicóloga Meyre também concorda que o estímulo é essencial para "correr atrás do prejuízo". "Estimule a criança ao máximo, inserindo, com cautela, ao ambiente externo. Faça com que ela interaja com esse ambiente. Idas aos parques, brincadeiras ao ar livre e sem muito 'peso' do medo de 'não encostar em nada'. Ensine a criança a se cuidar de forma leve, brincando", finaliza.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545