Do site da Crescer
O pediatra explica que existem diversas formas seguras de se compartilhar a cama com os pequenos, para quem quiser, e traz evidências de estudos recentes. Confira!
por Dr. Moises Chencinski - colunista
06/06/2022
Que tempos são esses em que vivemos hoje?
Um tempo da memória curta.
Um tempo de julgamentos.
Um tempo da falta de empatia.
E isso serve para “quase” qualquer lugar, qualquer situação, qualquer povo, qualquer classe social e qualquer “qualquer” que você quiser acrescentar.
Quando aprendemos na escola que “EU” é a primeira pessoa, não se ensinou (até onde eu me lembre) que o “EU” é a ÚNICAPESSOA. Somos seres sociais. A pandemia escancarou o quanto sentimos falta da presença física, do contato e do olho no olho com o outro que não sou eu.
Tá. E? Até onde eu quero chegar com isso?
Temas se repetem, geram reflexões (importantes), mas parece que não sedimentam e não geram ações proativas. Dessa forma, nunca passamos, de verdade, para o “próximo capítulo”.
Cama compartilhada
Cara, de novo?
Não cansou ainda de falar sobre isso?
São 3 letras e um sentimento...
AFE!!!!
Parece ser um tema importante, porque até os estudos se repetem.
E mostram sempre as mesmas coisas.
E as recomendações se repetem.
E, também, mostram sempre as mesmas outras coisas.
E as “mesmas coisas” das pesquisas ficam brigando com as “mesmas outras coisas” das recomendações e não chegam a um acordo, que deveria ser claríssimo.
Vamos às “coisas”.
1) Quem define se a cama será compartilhada é a mãe.
2) Cama compartilhada com os filhos não é obrigatória ou eterna.
3) Há várias formas seguras de se compartilhar cama, para quem quiser.
Eu já disse essas “coisas” aqui mesmo.
Fato novo. “Coisas” novas.
Estudo recentíssimo, publicado no site da Academia Americana de Pediatria, abordou a prevalência e a segurança das práticas do início do sono, comparadas com as do segundo sono infantil, entre pais de 1.500 crianças menores de 12 meses de vida.
O que é chamado de segundo sono?
No estudo, é definido como o início do sono após o despertar noturno. Criança adormece, acorda no meio da noite e vai dormir de novo (2º sono que, muitas vezes, é seguido pelo 3º ou 4º ou... perdi as contas ... sono).
O que foi pesquisado sobre a segurança do sono?
- Posição de dormir (de barriga para cima, para baixo ou de lado).
- Espaço de sono (separado ou cama compartilhada).
- Onde o bebê dormia (berço, cestinho, cama de adulto).
O resultado desse estudo, realizado nos Estados Unidos, mostrou que houve diferenças significativas entre os padrões do início e do segundo sono. Entre as conclusões, vale ressaltar essas.
- 39% dos pais relataram que as crianças acordaram, na noite anterior à pesquisa. A maioria desses mudou sua prática de início de sono para uma menos segura.
- Menos de 10% desses bebês seguiam todos os 3 critérios de sono seguro no início do sono e após o despertar noturno (2º sono).
E um segundo estudo também muito recente, publicado no The Lancet, pode trazer uma luz mais focada sobre o tema de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SMSI).
Foi analisada a presença e ação de uma enzima (Butirilcolinesterase) em crianças pequenas que tiveram (SMSI) ou Síndrome de Morte Súbita Inesperada (SMSI).
São muito fortes as evidências de que a atividade específica dessa enzima, em exame coletado 2 a 3 dias após o nascimento, foi significativamente menor em bebês que morreram posteriormente de SMSI quando comparadas com controles vivos ou outras mortes infantis não-SIDS.
Este estudo é o primeiro a identificar que pode haver um marcador bioquímico que se pode medir no recém-nascido, que diferencia essas crianças, e mostra uma maior vulnerabilidade desses bebês para SMSI. E, uma vez identificados precocemente (no teste do pezinho, quem sabe?), abre-se um caminho para futuras pesquisas e orientações mais precoces e mais específicas.
Para concluir, enquanto ainda não temos a comprovação (ou não) de que existe um marcador bioquímico que pode alertar os pais e profissionais de saúde a respeito do risco de SMSI, vamos ao que realmente importa, e que acho que já falei por aqui também algumas vezes:
ESCUTA ATIVA. EMPATIA. SEM JULGAMENTO.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545