Do BLOG da Editora TIMO
por Dr. Moises Chencinski - colunista
13/07/2022
Recebi essas perguntas, que achei interessantes, para uma matéria. Ela já foi escrita, resumindo para publicação. Mas, vale a pena ter a informação completa.
Em 2.022, celebramos a 31ª Semana Mundial de Aleitamento Materno. A cada ano, a WABA define um tema relacionado às questões da amamentação, para sensibilizar e informar toda a sociedade a respeito do assunto.
No Brasil, esse tema foi traduzido para:
FORTALECER A AMAMENTAÇÃO. EDUCANDO E APOIANDO.
No período da pandemia, o distanciamento social trouxe mais desafios ao aleitamento materno, às mães e bebês. A rede de apoio ficou mais distante e esse afastamento mostrou a sua importância, além da informação correta. Ao mesmo tempo, a indústria de substitutos de leite materno manteve sua investida no marketing, violando o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, atingindo as famílias até com informações enganosas.
Assim, reforça-se a importância de “educar” todos os segmentos sobre a relevância de oferecer as melhores condições para as mães que desejarem amamentar, e da informação a respeito dos benefícios do leite materno e dos riscos decorrentes de não oferecer essa possibilidade aos lactentes.
Vale ressaltar que essa informação deve ser levada diariamente desde o pré-natal, no parto e pós-parto nas maternidades, nas unidades de cuidados materno-infantis no pós-natal, continuadamente.
A responsabilidade abrange os protagonistas dos sistemas de saúde, desde os formuladores de políticas públicas, médicos (pediatras, obstetras, médicos de família, generalistas e especialistas), outros trabalhadores da área de saúde materno-infantil (consultores, doulas, obstetrizes, nutricionistas, enfermeiras, grupos de apoio à amamentação).
Mas, a própria comunidade também é fundamental para essa educação e esse apoio (Empregadores, sindicatos, ambientalistas, grupos religiosos, acadêmicos, a mídia, membros da comunidade, pais, companheiros, avós e outros familiares).
Os pediatras são, talvez, os profissionais de saúde de maior influência nas decisões das famílias as respeito das questões de saúde. Nutrição, imunização, contato com a natureza, livre-brincar são alguns dos muitos temas referentes à puericultura e cuidados de saúde que leva os pais às consultas de rotina.
Isso vale, também, em relação ao aleitamento materno, até antes do parto. Desde a consulta a partir da 32ª semana de gestação (recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria), passando pelo acompanhamento na sala de parto (incentivando o contato pele-a-pele e a amamentação na 1ª hora de vida e apoio no alojamento conjunto, observando e orientando a mamada) e após aa alta, nas consultas regulares de puericultura, o pediatra precisa estar preparado para proteger, apoiar e promover a amamentação.
É fundamental o conhecimento e a prática constante do aconselhamento em amamentação, com escuta ativa, empatia, sem julgamento, para desenvolver habilidades de comunicação (ouvir e aprender, de construir a confiança e dar apoio).
A Sociedade Brasileira de Pediatria promoveu EADs, lives, documentos científicos, simpósios específicos nos Congressos Brasileiros de Pediatria para orientar e informar os pediatras a respeito do valor do leite materno e dos riscos do uso de seus substitutos, quando não seja necessário.
O pediatra, conhecedor das habilidades de apoio e manejo da amamentação, é peça fundamental nesse difícil, mas importante, quebra-cabeças da amamentação, que é multifatorial e, para tanto, pode requerer o apoio de uma equipe multiprofissional, também muito bem-preparada para essa abordagem.
Cabe aos governos e à sociedade zelar e oferecer as melhores condições para as mães que desejarem amamentar atingirem seus objetivos de forma plena.
Políticas públicas que assegurem a execução e fiscalização do que já existe em prol da proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno são base para adequarmos e aumentarmos as taxas de amamentação no Brasil.
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL), são algumas das ações que já existem, com educação e treinamento de pessoal e multiplicadores, e que necessitam de muita atenção dos formuladores de políticas públicas e administradores de sistemas de saúde.
A adequação de licenças-parentais (maternidade e paternidade) às necessidades e possibilidades das famílias para manter o aleitamento materno desde a sala de parto até 2 anos ou mais, sendo exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês.
Salas de apoio à amamentação nas empresas para que as mães possam extrair e armazenar o seu leite em segurança, para que seja oferecido aos seus filhos em sua ausência.
Quando abordamos educação, a mídia assume seu papel original e mais importante, buscando especialistas para divulgar informações atualizadas, éticas e sem conflitos de interesses. Seus canais precisam estar cientes dos riscos do marketing abusivo dos substitutos de leite materno, conhecendo a NBCAL, e sobre a relevância da normalização do tema aleitamento materno em seus canais.
Muitos são os setores da sociedade que protagonizam o apoio ao aleitamento e às mães que amamentam, começando pelos mais tradicionais, como empregadores e sindicatos, criando ambientes favoráveis à amamentação nos locais de trabalho, as famílias (pais, companheiros, avós e outros), como rede de apoio básica, se responsabilizando pelas tarefas domésticas, pelos cuidados da própria mãe para que ela possa se dedicar à amamentação, sem oferecer as “facilidades” das fórmulas, mamadeiras e chupetas, tão prejudiciais à pratica do aleitamento.
Outros setores, não tão abordados, mas igualmente significativos, também têm seu protagonismo. E, para isso, precisam de informação. Grupos religiosos podem orientar os novos pais em suas congregações sobre a importância do leite materno. Os ambientalistas, promovendo a amamentação, contribuem para a saúde do planeta, evitando, assim, o desmatamento e todo o processamento até o embalar o leite de origem animal.
Pai não ajuda. Pai participa. Pai compartilha. Pai atua.
É fundamental que o pai possa acompanhar sua esposa desde o pré-natal, trocando ideias e apoiando suas escolhas, que conheça os benefícios do leite materno e como ele pode, na prática, ser o apoio necessário para a promoção da amamentação, juntamente com a equipe de saúde da maternidade e dos pediatras e outros profissionais de saúde materno-infantil.
Especialmente na época da pandemia, com o afastamento da maior parte da rede de apoio, o pai assumiu um papel preponderante ao lado de sua esposa e de seus filhos. Para tanto, a informação é fundamental.
O pai pode agir na proteção contra o marketing abusivo das indústrias de substitutos de leite materno, e não oferecer, aos primeiros obstáculos, fórmulas infantis, mamadeiras e chupetas, que interferem no processo do aleitamento materno, mas buscar uma rede de apoio profissionais éticos, sem conflitos de interesses, para que a mãe tenha a possibilidade de amamentar sem dor, sem riscos à sua saúde e à de seus filhos e para que o aleitamento materno seja sempre possível.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545