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Pai ajuda, sim. Mas não é só isso. Pai está presente. Pai participa. Pai compartilha. Pai tem iniciativa

Do site da Crescer

"Aproveite o Dia dos Pais para mostrar que PATERNAR é possível, é desejável, é fundamental, e que, por mais desafiador que possa ser, estamos dispostos a nos transformar no melhor pai possível", destaca pediatra

por Dr. Moises Chencinski - colunista

12/08/2022

PAI (“dicionariamente” falando):
1. Homem que teve filho(s), que cria ou criou filho(s); GENITOR; PROGENITOR
2. P.ext. Homem que de fato cria ou educa criança ou jovem.
3. Qualquer animal macho que gerou (com uma fêmea) outros animais.

Então, o que é preciso para ser pai?
Ter filhos, ué.

Mas isso é suficiente?
É só um título oficial outorgado pela sociedade?
É conferido pelo DNA?

Um dos meus primeiros textos (e um dos mais lidos) que circularam no Google (02/08/2008 – há quase exatos 14 anos) foi “A evolução da paternidade”.

Eu enxergava, naquela época, uma pequena tendência a mudanças, um movimento na direção da conscientização ao papel de um pai.
Lembra? Não basta ser pai, tem que participar. Mas como? O homem não foi criado e educado para ser pai. Falta o tempo, falta a criação para isso, falta o conhecimento, falta a logística, falta a compreensão.”

Isso até explicava, na época, mas não justificava.

E o texto terminava assim:
Nós sempre falamos em mudar o mundo, acabar com a violência, criar mais amor e mais respeito. As mães participando mais do mundo, "antes exclusivamente masculino", dos negócios e os homens se transformando em pais, mais presentes e mais importantes na família e no lar: esse pode ser um bom começo para essa transformação.”

Hoje, 14 anos depois, até que houve uma evolução. Mas, a maior parte dela se deve ao papel da mulher, da mãe, que, sobrecarregada, exausta pelos excessos de responsabilidade e de “funções”, traz esse alerta constante, para elas e para todos.

E quando parece que existe um fio de esperança...
Número de crianças sem o nome do pai no Registro vem aumentando desde 2018 (51.176 de 954.869 – 5,3%) e bate recorde em 2.022 (56.931 de 859.617 – 6,6%).

E mais um dado. Mesmo enquanto o número de nascimentos decaiu entre 2.018 e 2.022 (10% a menos), a quantidade de mães solo no Brasil aumentou (dados da Arpen Brasil em seu Portal de Transparência – Pais ausentes).

E, a cada dia, mais se lê e se escuta a respeito da sobrecarga e exaustão materna e, muito dessa situação, com razão, é atribuído à falta do companheiro e de sua atuação como o que se espera de um pai.

Como você se sente quando é "acusado" de não fazer parte da vida da casa, como um pai?

E como um pai vira pai?
Eu fico muito incomodado quando, a cada vez que se fala sobre como um pai pode ajudar uma mulher na fase de amamentação, a primeira e mais frequente resposta que se escuta é:

Ele podia pelo menos trazer um copo de água para ela, enquanto ela amamenta...

Será que nossas condições, preparo, educação e vivência são suficientes apenas para trazer um copo de água para ela matar a sede enquanto amamenta? 

Segundo a voz corrente... parece que sim. Isso não te constrange como pai? Nem como homem?

Eu tenho um convite à ação
Vamos mostrar para toda a sociedade que nós podemos mais.

Que nós podemos ter iniciativa.

Que, se não soubermos como agir, sempre podemos perguntar e aprender.

Que assim como, quando nasce um bebê não nasce uma mãe (e que isso vem de um processo longo, muitas vezes repleto de desafios), também não nasce um pai. É construção. E que nós, pais, estamos dispostos a nos empenharmos nessa construção.

Que pais se preocupam e se ocupam também com a família.

Que tal mostrar a todos que nós também podemos?

Mas, para isso, muitas mudanças e transformações são necessárias no panorama atual.

Aproveite o Dia dos Pais para mostrar que PATERNAR é possível, é desejável, é fundamental, e que, por mais desafiador que possa ser, estamos dispostos a nos transformar no melhor pai possível.

Eu até vou mudar um pouco a minha fala de sempre.

PAI AJUDA SIM. MAS NÃO É SÓ ISSO.

PAI ESTÁ PRESENTE. PAI PARTICIPA. PAI COMPARTILHA. PAI TEM INICIATIVA.

PAI É... PAI.

Eu tento isso há 40 (Renato) e há 38 (Danilo) anos e continuo aprendendo, dia após dia. E se não fosse pela Janice (há 42 anos), eu não seria 20% do pai e do homem que eu sou hoje.

PATERNAGEM. A gente tenta sempre por aqui. Todos os dias (e noites).

Que o seu Dia dos Pais seja diferente esse ano. Quem sabe, um bom presente para os pais pudesse ser uma licença-paternidade mais digna (5 dias é uma piada de mau gosto), mesmo para os que trabalham em Empresas Cidadãs (que tem 20 dias, o que também é ridículo)?

Esteja. Seja. Pertença.

E assim, tenha um Dia dos Pais com dignidade e esperança.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545