Do site da Crescer
Fatores como a alimentação da mãe e até mesmo feridas nos mamilos podem impactar a cor do leite materno. Entenda!
por Amanda Oliveira
05/09/2022
Conhecido como alimento vivo, o leite materno se adapta às diferentes necessidades dos bebês e isso acaba influenciando em sua cor. Não é incomum vermos mães que relatam que seu leite ficou rosa ou verde. É possível, sim, deparar-se com tonalidades diferentes de leite. No entanto, existem algumas colorações que merecem atenção e acompanhamento médico.
Para tirar as dúvidas das mães, a CRESCER conversou com especialistas para entender o que impacta a cor do leite materno e quando é necessário procurar ajuda. Confira!
Lílian Cristina Moreira, pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que usualmente a cor do leite muda ao longo do período da amamentação, inclusive durante a mesma mamada. As cores mais comuns são: branco translúcido, branco opaco e branco amarelado.
Segundo a especialista, o leite vai se adaptando às necessidades do bebê. "No início de uma mamada, o leite materno tem uma cor mais translúcida, parecendo água de coco; esse é o leite anterior, que é rico em anticorpos e água. No meio da mamada, o leite vai ficando com uma cor mais branca-opaca por conta de uma proteína chamada caseína. Já o leite do final da mamada é chamado de leite posterior e tem uma cor branco amarelada por ter maior quantidade de gordura", afirma a médica.
A alimentação da mãe também pode influenciar na cor do leite materno. Assim, se ela comer cenoura, abóbora ou vegetais de cor laranja, o leite pode ficar mais amarelado. Se comer mais hortaliças verdes, pode adquirir a cor azulada ou esverdeada.
Quando se preocupar
Em algumas situações, o mamilo da mãe fica machucado e isso também pode ser sinalizado na cor do leite: "Pode haver nuances amarronzadas ou enegrecidas, quando há uma ferida no mamilo da mãe que possa ter sangrado, e essa cor ser resultante de sangue coagulado", explica a médica.
É preciso ter atenção também caso o leite persista em ficar vermelho ou esverdeado. Nessa situação, o recomendado é fazer uma avaliação médica. A pediatra reforça que, com acompanhamento médico, é possível manter a amamentação. "Quando há uma rachadura ou fissura no bico do peito, o leite materno pode adquirir uma cor rosada ou avermelhada, com 'raias de sangue'. Isso não é problema e a mãe deve continuar amamentando, mas precisa buscar ajuda do seu médico para tratar a fissura", orienta a profissional.
A covid pode mudar a cor do leite?
Nas redes sociais, uma mãe postou uma foto do seu leite verde e sugeriu que isso teria sido um efeito da covid-19. No entanto, a pediatra ressalta que até o momento não há comprovação de que a doença possa mudar a cor do leite materno. "A covid-19 é uma infecção viral e, quando uma mulher que está amamentando contrai essa doença, seu corpo produz anticorpos que automaticamente serão liberados no leite materno. Mas anticorpos são partículas muito pequenas, não sendo capazes de mudar a cor do leite materno", afirma. "Esse tom esverdeado do leite provavelmente aconteceu pelo fato da mãe ter comido mais verduras ou alimentos com corante verde", completa.
O pediatra Moises Chencinski, colunista da CRESCER e membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça que há estudos que indicam que o leite pode, sim, mudar de composição de acordo com informações que o corpo da mãe recebe do corpo do bebê, mostrando quais são as necessidades naquele momento. Isso pode ser transmitido pela respiração do bebê ou pela saliva, em contato com a aréola, por exemplo. No entanto, é preciso ter cuidado ao afirmar que o leite muda de cor por conta da covid-19. “Não há essa relação de causa e efeito. O leite realmente pode ter uma cor diferente, mas isso não ocorre por conta da presença de anticorpos”, explica.
Embora o leite não mude de cor por causa dos anticorpos, ele é, sim, carregado deles e não há dúvidas de que seja o melhor alimento para o bebê - esteja ele infectado pela covid-19 ou não. Mães com covid-19 podem - e devem! - amamentar, tomando todos os cuidados necessários, com relação à higiene e uso de máscara.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545