Do site da Crescer
O pediatra Moises Chencinski apresenta estudos e discute o impacto que doenças infecciosas, como a covid e a varíola dos macacos, podem ter nas taxas de aleitamento materno
por Dr. Moises Chencinski - colunista
06/09/2022
Mal saímos de uma (COVID) e já entramos em outra (MONKEYPOX ou VARÍOLA DOS MACACOS – por enquanto ainda tem esse nome mesmo).
Esse mundo está cheio de “novidades infecciosas” que estão, dia após dia, nos mostrando o quanto ainda temos que estudar, aprender, pesquisar.
E essa dinâmica também acontece com o aleitamento materno.
O tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno esse ano foi:
FORTALECER A AMAMENTAÇÃO. EDUCANDO E APOIANDO.
E desde o início da COVID-19, apesar de todas as mudanças nas informações sobre grupos de risco, evolução da doença, tratamentos, vacinação que foram vivenciados nesses 2 (quase 3) anos, o aleitamento materno sempre foi o porto seguro para lactentes e mesmo para lactantes (mães que amamentam) que estavam com a doença.
A resposta era e continua sendo simples:
“Se você quiser e estiver em condições, pode amamentar”.
Com a vacina, gestantes e lactantes passaram a se beneficiar e, indiretamente, proteger (não imunizar) seus bebês, os que iriam nascer e os que eram amamentados após o parto.
“Então, isso quer dizer que durante a pandemia, não houve interferência nos índices de amamentação”?
Ótima pergunta. As pesquisas sobre o tema continuam. Devemos ter o ENANI em 2.023 que nos trará respostas a esse questionamento.
Enquanto isso, uma pesquisa, publicada no Breastfeeding Medicine em janeiro desse ano, analisou, através de resultados de estudo em Los Angeles, entre os participantes do Programa Especial de Nutrição Suplementar para Mulheres, Bebês e Crianças (WIC), a associação entre a pandemia de COVID-19 e as taxas de amamentação.
Os resultados desses estudos mostraram queda nos índices de qualquer aleitamento materno (não exclusivo), quando comparados aos bebês que nasceram antes de 2.020:
- No 1º mês – queda (pequena) de 80% para 77%.
- Aos 3 meses – de 64,5% para 56,5%.
- Aos 6 meses – de 48,7% para 38,7%.
E as taxas de aleitamento materno exclusivo, nesse estudo, com 1, 3 e 6 meses tiveram uma diminuição significativa em todos os momentos, muito por conta do aumento do apoio remoto no lugar do presencial. Isso mostra que agora, com a pandemia em regressão (ainda presente, mas em taxas menores), é fundamental garantir que o apoio à amamentação seja um híbrido de atendimentos remotos e mais presenciais.
“E a vacina? E as reações das mães e dos bebês? Essas, então, também provocaram diminuição na amamentação?”
Se a amamentação sofreu, a vacinação e suas reações em mães e bebês, certamente devem ter contribuído e impactado ainda mais nas taxas de aleitamento materno. Será?
Então...
Foi feito um outro estudo, publicado também no Breastfeeding Medicine em setembro de 2.021, para esclarecer esse ponto (eles não param de pesquisar... afffeeee).
Foram entrevistadas 4.455 nutrizes (mães que amamentavam). E os relatos de efeitos colaterais nas mães que foram vacinadas e em seus bebês incluíram:
- Na mãe: cansaço, dor de cabeça, dor muscular, dor no local da injeção, calafrios, febre ou reações alérgicas.
- Na criança: mais sonolência, irritabilidade, febre, diarreia, vômitos, mamadas mais frequentes.
E, por incrível que pareça, a vacinação contra COVID-19 e suas reações geraram uma interrupção mínima da amamentação (1,7% nessa pesquisa). E mesmo entre as mães que relataram um impacto adverso na amamentação, a opinião sobre a vacinação e a confiança em sua decisão de receber a vacina COVID-19 foi altamente positiva, com o reconhecimento da importância da imunização.
Amamentação é sempre uma surpresa. Mas, sempre, é o caminho para a busca da melhor saúde materno-infantil possível.
Vamos aguardar, agora, cenas dos próximos capítulos da saga “Monkeypox”.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545