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É a arte que imita a vida ou a vida imita a arte?

Do site da Crescer

"Não tenho respostas para as minhas dúvidas. Não sei se alguém tem. Muitos fatores estão envolvidos nessa questão, com um foco em cada mãe e sua busca do melhor (im)possível para seus filhos", diz o pediatra Moises Chencinski

por Dr. Moises Chencinski - colunista

16/01/2023

Introdução

Vez por outra, algumas histórias ou livros que li, ou filmes que vi, na minha infância ou adolescência, “do nada”, invadem meus pensamentos. Aprendi, com o tempo, que vale a pena refletir sobre essas aparições e, na maioria das vezes, compartilhar os resultados em palavras e relacionar com a vida. Isso faz parte da minha forma de expressão.

Foi o caso, mais uma vez, de Alice no País das Maravilhas, um livro e um filme que muitas vezes revisito e que, sempre me trazem algo novo e que sobrevive ao tempo.

Conta-se que a ideia do livro começou a ser montada em 4 de julho de 1862, quando, durante um passeio de barco, Charles Lutwidge Dodgson improvisou uma história para entreter as irmãs Liddell (Loriny Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance). Em 24 de novembro de 1864, Dodgson resolveu escrever a história para entregar para Alice. O livro foi publicado com o pseudônimo de Lewis Carol em dezembro de 1865.

Em 2010, Alice no País das Maravilhas “virou” um filme, dirigido por Tim Burton, com um grande elenco, trazendo o livro para as telas e nos conduzindo, com efeitos muito especiais, através dos subterrâneos, na companhia dos personagens e, muitas vezes, nos colocando no lugar de Alice.

Capítulo (ou cena) 1

Mais uma vez, nesse final de semana, passeando em alguns (ou muitos) momentos pelas redes sociais, li e vi muita gente, com muitas, muitas, mas muitas mesmo, informações, ao lado de outras nem tão boas e muitas, muitas, muitas muito preocupantes.

Gestação, parto, amamentação, sono, vacinas, natureza, vínculo, saúde, doenças, verão, sol, desfralde e um monte de etc. aparecem, em um “rolar de dedos”, de várias formas, com diferentes discursos e apresentações e todos são tão interessantes, né?

Já se colocou no lugar de uma mãe?
Em quem acreditar?

Poderia ser simples. Confie nas instituições de referência, nos profissionais éticos, em quem te apresenta estudos, não em quem “acha”, “pensa” ou se baseia só na “sua própria experiência” sobre o assunto. Muitas vezes, para quem é profissional de saúde, fica difícil separar o que pode e deve ser levado em conta. Não temos tempo para tantas informações, tantos estudos, tanta atualização. A internet já é veloz demais e a, cada dia, acelera mais e mais, nos colocando no lugar do Coelho da Alice: “Estou atrasado... estou atrasado...

Entre as habilidades para o aconselhamento em amamentação, duas das mais importantes e mais difíceis (na minha opinião) são:

- “Dê poucas informações, selecionando aquelas que são relevantes”.
- “Demonstre empatia – mostre que você entende como a mãe se sente”.

Mas, se eu tenho tantas informações, e quase todas são tão relevantes... e se tem tanta gente dando informações nas redes sociais, e cada um tem tantas informações relevantes... e se tantas mães buscam informações que sejam acessíveis rapidamente...

Essa conta definitivamente não vai fechar.

Capítulo (ou cena) 2

Aproveitando o livro / filme Alice no País das Maravilhas, selecionei “poucas e relevantes frases”, na minha opinião, para seguir o aconselhamento da melhor forma que eu consegui. Tempo é uma moeda rara no bolso das mães. Como fazer, com “empatia”, para apoiar, ajudar, através das redes sociais, sem sobrecarregá-las, cada vez mais.

Quero muito acreditar que essas frases possam ser suficientes para começar a nos fazer refletir.

Sobre o tempo:

- “Alice: Quanto tempo dura o que é eterno? Coelho: Às vezes, apenas um segundo.”
- “Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo?” 

Sobre ... mães:

- “Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”
- “Nós nunca descobriremos o que vem depois da escolha, se não tomarmos uma decisão. Por isso, entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos.”
- “Não viva para agradar os outros, viva para ser feliz.”
- “Você não deve viver a vida como outras pessoas esperam que você viva; tem que ser sua escolha, pois quando estiver lutando, você estará sozinho...”
- “Até um relógio parado está certo duas vezes ao dia.”
- “Certo ou errado, o caminho que escolheu é seu. Aparentemente pensarás que tomou a decisão errada, mas não, pode ter certeza de que tirará valiosas lições para seguir o caminho.”
- “O segredo, querida Alice, é rodear se de pessoas que te façam sorrir o coração. É então, e só então que você estará no país das maravilhas.”


Último capítulo (ou cena)?

- “Ficou ali sentada, os olhos fechados, e quase acreditou estar no País das Maravilhas, embora soubesse que bastaria abri-los e tudo se transformaria em insípida realidade…”

Parece que desromantizar virou um dos termos mais utilizados quando se aborda a maternidade, a amamentação, “as dores e as delícias” de ser mãe. Ainda assim, o que pode explicar o que acontece na troca de olhares e de emoções entre uma mãe e sua cria? Para mim, é aí que acontecem a transformação, o empoderamento, o amor, a vida.

Informação é importante e fundamental. Mas qual será o limite? Recomendamos tanto que as crianças tenham seu tempo de tela controlado e, ao mesmo tempo, enchemos as telas de atrativos, armadilhas e apelos para os pais e, especialmente, a mãe dessas crianças.


Cenas dos próximos capítulos

Não tenho respostas para as minhas dúvidas. Não sei se alguém tem. Muitos fatores estão envolvidos nessa questão, com um foco em cada mãe e sua busca do melhor (im)possível para seus filhos.

Enquanto isso... todos os créditos dessa história devem ir, sempre para cada uma dessas mães incríveis e suas criações maravilhosas.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545