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"Fico envergonhada em dizer que amamento e de vez em quando consumo bebidas alcóolicas", desabafa mãe

Do site da Crescer

A australiana Lauren McLeod, 29, gerou polêmica nas redes sociais ao publicar uma foto em que aparece amamentando sua filha de dois anos, enquanto bebia uma taça de vinho. No Brasil, os especialistas recomendam que, sempre que possível, esse tipo de comportamento seja evitado

por CRESCER ONLINE - Redação

26/01/2023

A australiana Lauren McLeod, 29, trabalha como doula e usa suas redes sociais para dar dicas para mulheres que estão grávidas ou acabaram de dar à luz. Mas, recentemente, foi uma foto ao lado de sua filha Tigerlily, 2, que viralizou e gerou polêmica entre seus seguidores.

Na imagem, compartilhada no último dia 22 de dezembro, ela aparece amamentando a menina, enquanto segura uma taça de vinho. "Se você é uma mãe que amamenta, não precisa se abster de álcool nesta época de festas. Não se sinta culpada por isso! Você merece celebrar suas realizações como mãe este ano", escreveu na legenda.

O post dividiu opiniões entre seus seguidores. Enquanto parte deles a agradeceram por compartilhar essa orientação, outra parte a julgou por estar disseminando algo que eles viam como "prejudicial" para o bebê. "Num mundo de desinformação, especialmente sobre álcool, gravidez e amamentação, é muito importante que nos sintamos empoderadas para tomar decisões conscientes", disse uma seguidora. "Isso me parece muito errado", escreveu outra.

No texto que compartilhou, Lauren explicou os motivos de defender que, de vez em quando, mulheres que amamentam possam se dar ao luxo de tomar uma tacinha de vinho. "Uma boa regra para beber álcool e amamentar é: se você pode dirigir, também pode amamentar! Mas, se você está planejando tomar alguns drinques, bombeie leite materno antes, não divida a cama com seu bebê e se organize para que um outro adulto possa ficar com ele", escreveu.

Bebidas alcóolicas e amamentação

Os cuidados com tudo o que a gestante come e bebe devem ser bem rigorosos, por motivos já bastante conhecidos: boa parte do que for ingerido, seja bom ou ruim, passa para o bebê por meio do cordão umbilical e, sendo assim, interfere diretamente em seu desenvolvimento. É por isso que substâncias como álcool, drogas e certos medicamentos são proibidos ao longo da gestação. Tal recomendação continua igual durante todo o período que durar o aleitamento, visto que os mesmos podem chegar até o bebê por meio do leite materno. Isso quer dizer que a mulher que amamenta não pode tomar nenhuma bebida alcoólica nesse intervalo? A resposta é depende.

De acordo com a pediatra Rossiclei de Souza Pinheiro (AM), o consumo de bebidas alcoólicas é considerado compatível com a amamentação tanto pela Academia Americana de Pediatria (AAP) quanto pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Mas não é exatamente recomendado. Isso significa que a mãe pode, sim, tomar um drinque eventualmente, desde que com alguns cuidados (veja abaixo). “O nível de álcool que chega até o leite está diretamente relacionado à quantidade ingerida”, alerta a pediatra. Ou seja, quanto menor o volume, menos tempo ele vai levar para ser metabolizado e eliminado pelo organismo.

O pediatra Moisés Chencinski (SP), colunista da CRESCER e membro da Câmara Técnica de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, também lembra que o consumo de bebidas alcóolicas pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para a criança e, por isso, não deve ser estimulado. "Pela ação do álcool, a lactante pode ter sonolência, que pode levar a um prejuízo no cuidado com o bebê. O álcool pode inibir o reflexo da ocitocina e a saída do leite, além de mudar características de cheiro desse leite, que atinge um pico máximo de 30 a 60 minutos depois de ser consumido, e chega perto de 95% da concentração que tem no sangue da mãe", diz.

Além disso, o bebê também tem uma baixa taxa da enzima que metaboliza o álcool. "Assim, se o consumo for maior, a criança pode apresentar maior sonolência, o que pode dificultar a amamentação, com alterações do padrão de sono e do tônus muscular e, no caso do consumo continuado e sem controle, até interferir no seu desenvolvimento", explica Moisés.

Agora que você está ciente dos riscos, caso decida beber durante a amamentação, deve fazê-lo com moderação e esporadicamente. Para a pediatra Rossiclei de Souza Pinheiro, mais perigoso do que os efeitos indiretos do consumo de álcool sobre a amamentação são as consequências diretas sobre o organismo da mãe. “Uma pessoa alcoolizada perde os reflexos e a atenção, o que é muito arriscado se ela estiver cuidando de uma criança”, conclui.


O que considerar antes de beber álcool enquanto amamenta

- Idade do bebê: caso a mãe queira tomar um drinque durante o período do aleitamento, o ideal é aguardar a criança completar pelo menos seis meses
- A quantidade de álcool: quanto maior o volume de álcool consumido, mais tempo o organismo irá levar para metabolizá-lo. Isso também varia conforme o peso de quem estiver bebendo, já que o organismo de uma pessoa mais pesada vai levar menos tempo para realizá-lo do que o de uma pessoa mais leve
- O horário da próxima mamada: uma pessoa de tamanho médio (60 kg) leva de duas a três horas para metabolizar uma porção de álcool (um copo de cerveja ou uma taça de vinho, por exemplo). Sendo assim, a recomendação é de que a mãe aguarde, no mínimo, duas horas e meia para oferecer o peito novamente. Se forem duas doses, esse tempo aumenta para 5 horas e assim sucessivamente. Já se for em uma festa e não houver uma possibilidade de prever um limite de consumo, melhor que a mãe seja orientada a extrair e armazenar seu leite antes para que possa ser oferecido durante o período da comemoração. A retomada da amamentação dependerá de número das doses ingeridas
- Ingestão de comida: se o álcool é consumido junto com comida, a absorção do mesmo na corrente sanguínea (e, por consequência, no leite) é mais baixa do que quando ingerido sozinho

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545