Do site da Crescer
"Amamentar não é fácil, não é simples e, para ser natural, são fundamentais a informação, a cultura e os exemplos, transmitidos através das gerações, além da rede de apoio, dentro de qualquer espécie de mamíferos", diz o pediatra Moises Chencinski
por Dr. Moises Chencinski - colunista
05/04/2023
Uma notícia "inusitada" foi manchete no Washington Post e em vários outros jornais ao redor do mundo, quando Zoe, uma mãe orangotango de 14 anos, que estava com dificuldades, conseguiu amamentar sua cria.
Essa foi a segunda gestação de Zoe, e seu primeiro "bebê", Taavi, de dois anos, foi criado sem seu leite por ela não ter conseguido oferecê-lo de forma adequada. Desta vez, mesmo antes do parto, dentro do espaço foram colocados aparelhos de TV, com imagens de partos de outras mães orangotango e dos cuidados com suas crias.
Antes do parto, Jessica Gring, tratadora líder do zoológico, disse que até mostrou a Zoe como segurar e amamentar, usando um orangotango de pelúcia, colocando-o em volta de sua cintura e de seu pescoço, como estaria posicionado o bebê. Ela chegou a pegar alguns biscoitos no chão, fingir que os estava comendo, enquanto segurava o bebê.
Whitlee Turner, uma tratadora do zoológico de Richmond nos últimos 3 anos, atendeu a pedidos da direção, seguindo uma sugestão dos veterinários, quando foi convidada a trazer seu filho Caleb, de 4 meses para visitar Zoe, logo após o parto, em seu recinto. Sentada sobre um cobertor dobrado, apenas com seu sutiã abaixado e calça de amamentação, Turner pegou seu bebê, deitou-o em seu colo, e colocou-o em seu seio.
Enquanto demonstrava como era o posicionamento, ela conversava com Zoe, apontando para si, para o bebê, para seus próprios seios até que Caleb fizesse a pega, para ter certeza de que a "informação" estava sendo passada e aprendida. Apenas observando com curiosidade e atenção, após 24 horas, Zoe conseguiu amamentar.
Uma das explicações para esses desafios está no fato de Zoe ter perdido sua mãe, inesperadamente, aos 9 meses de vida e nunca ter visto nenhuma outra mãe de sua espécie parir, amamentar e criar um bebê. Turner também teve muita dificuldade no começo, como uma nova mãe, em sua jornada de amamentação e precisou de muita orientação e ajuda com Caleb.
Mas parece que maternar não tem limites. Uma outra situação que viralizou em 2.020, foi o relato de Gemma Copeland, passando férias em Viena. Uma visita ao zoológico local para mostrar os animais para seu filho trouxe surpresa a ela e aos leitores. Quando estava em frente ao espaço destinado aos orangotangos, seu filho demonstrou estar com fome e quis mamar. Ela se sentou ao lado da janela que a separava de um dos primatas, que se aproximou, sentou-se ao seu lado e ficou ali durante a meia hora em que ela amamentava, conectadas através do olhar direto e da proximidade respeitosa e cuidadora.
Em seu relato no Facebook, ela conta sobre a diferença de emoções entre essa, em que ela se sentiu acolhida, apoiada e protegida enquanto amamentava e outras nas quais ela foi importunada por amamentar em público.
Assim, amamentar não é fácil, não é simples e, para ser natural, são fundamentais, a informação, a cultura e os exemplos, transmitidos através das gerações, além da rede de apoio, dentro de qualquer espécie de mamíferos.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545