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Confira as respostas para as principais perguntas sobre amamentação durante a gravidez
por Carla Leonardi
06/06/2024
A lactogestação, ou seja, a prática de amamentar durante a gravidez, já foi contraindicada em épocas passadas. Atualmente, porém, ela é aceita e recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pelo Ministério da Saúde, desde que tenha acompanhamento médico.
A questão é que esse hormônio é liberado pela amamentação. Estudos mostraram, porém, que a ocitocina só passa a ter essa ação de contrair a musculatura do útero quando ele estiver se preparando para o período expulsivo, ou seja, só na fase final da gestação. Isso pode levar, segundo Chencinski, às chamadas contrações de treinamento (contrações de Braxton-Hicks), “que até ajudam na preparação para o parto”, destaca o médico, que acrescenta: “a ocitocina liberada durante a amamentação é mil vezes menor do que a liberada durante um orgasmo, e não existe a contraindicação de manter relações sexuais ou até do orgasmo durante a gestação”.
Como explicou Chencinski, se a ação da ocitocina na contração do útero só acontece já na preparação para o parto, o aleitamento materno na gestação não leva ao nascimento prematuro do bebê. Clery Bernardi Gallacci, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, reforça a informação: “estudos em revisão sistemática com gestantes em lactogestação mostraram risco para prematuridade de 2,2% a 7,7% e, entre as gestantes que não estavam amamentando, de 0% a 10,3%”.
O importante, destaca a profissional, é ter acompanhamento médico, já que situações como pré-eclâmpsia, mau estado nutricional materno e restrição de crescimento intrauterino fetal podem indicar a necessidade de avaliação - mas a observação é caso a caso.
Sim, durante a gestação, a composição do leite (quantidade de gorduras, lactose e valor calórico) é modificada, influenciando seu sabor, “que pode se apresentar mais salgado”, esclarece Clery. Já entre o período final da gestação e o parto, o leite maduro se transforma em colostro, líquido espesso e amarelado que é o alimento essencial para o recém-nascido.
Essa é uma preocupação frequente e importante quando se fala sobre lactogestação. “Estudos robustos mostram que pode ocorrer com mais frequência entre gestantes que amamentam uma necessidade maior de controle e aporte nutricional, assim como avaliação de hemoglobina (para evitar e tratar quadros de anemia) e observação mais rigorosa do ganho de peso materno”, destaca Moises Chencinski.
Outro ponto é que a produção de leite pode diminuir durante a gravidez, mas o médico lembra que isso não costuma refletir no ganho de peso da criança amamentada, uma vez que ela já tem outras fontes alimentares estabelecidas, especialmente após o primeiro ano de vida. “Essa é mais uma das razões para que as consultas de rotina com o pediatra sejam seguidas de acordo com a programação”, reforça Chencinski.
Aqui, depende do tamanho da criança e de como a mulher e o pequeno se sentem mais confortáveis. A pediatra e neonatologista Clery lembra, porém, que nos últimos meses de gravidez, deitar do lado esquerdo tende a ser mais cômodo. “A gestante que está no último trimestre de gestação pode ter compressão do retorno venoso, assim, o decúbito lateral esquerdo - posição na qual o corpo está deitado de lado -, é mais recomendado para o alívio”, afirma.
Inicialmente, vale lembrar que o leite materno, sobretudo o colostro, é adaptado às necessidades nutricionais do recém-nascido. Portanto, depois do parto, se houver necessidade de priorizar uma criança, ela deve ser o pequeno que acabou de vir ao mundo, como explica a médica do Santa Joana. “Devemos lembrar que a criança maior recebe outras fontes nutricionais para seu bom desenvolvimento e crescimento. Já o leite humano é o alimento padrão-ouro para o recém-nascido, sendo fundamental no desenvolvimento neurológico, no crescimento adequado nos primeiros meses de vida, como protetor de doenças infecciosas e não-infecciosas, entre outros benefícios”, destaca.
Entretanto, “se a mãe quiser, ela pode conseguir manter a amamentação dos dois filhos, até porque, nesse momento, pode não haver espaço e intenção de desmame (nem da criança e nem da mãe)”, pondera Chencinski.
Trata-se, nesse caso, da chamada amamentação em tandem, que costuma ser uma consequência natural para as mães que optam por dar continuidade ao aleitamento durante a gestação. Segundo o pediatra, além das questões de nutrição, há o aspecto emocional que deve ser respeitado. “Mas não há como negar a prioridade para o recém-nascido, que tem no leite materno seu alimento exclusivo até o sexto mês”, reforça.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545