Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

2013: Seleção de estudos e pesquisas sobre a saúde infantil

Do site JorNow e do site Difundir

Aleitamento materno, vacinas, medicamentos, sono, alimentação, TDAH, autismo, bullying foram temas muito abordados em 2.013.

por Márcia Wirth

28/01/2014

A infância passa rápido. Pisque uma vez e o bebê é uma criança. Mais uma vez e ele já está na escolinha, novamente e ele já estará saindo com os amigos para uma voltinha (ou rolezinho) no shopping. Com tão pouco tempo e tantas mudanças, é um desafio para os pais acompanhar as pesquisas e estudos sobre o desenvolvimento físico e mental das crianças.

"Por isso mesmo, muito sobre a parentalidade é feito de maneira intuitiva, mas também são muitos os pais que nos questionam sobre os resultados de novos estudos e pesquisas sobre temas recentes. Foi pensando nesses pais que fiz uma relação de algumas informações interessantes sobre a saúde da criança e dos adolescentes que reuni em 2013", afirma o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Confira a seguir a seleção do médico:

 

1. O aleitamento materno é bom.

Se há uma coisa que os pesquisadores confirmaram nos últimos anos, é que a amamentação apresenta múltiplos benefícios. E vários estudos revelaram em 2013 ainda mais provas desse fato:

"O primeiro descobriu que a amamentação por mais tempo pode favorecer a inteligência dos bebês, talvez porque o leite materno contenha DHA (ácido docosa-hexaenoico), substância que tem sido associada ao desenvolvimento cognitivo. Outro sugeriu que a amamentação pode ter um efeito protetor contra o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), apesar de não estabelecer uma relação de causa e efeito. Por isso pode ser que outros aspectos da educação infantil ou da genética desempenhem um papel importante nos quadros da doença também", observa o médico, que é membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

2. A maioria dos medicamentos/vacinas é segura para mães que amamentam...

Um relatório da Academia Americana de Pediatria de 2013 concluiu que a maioria dos medicamentos/ vacinas é segura para mães que amamentam, apesar do fato de muitas mulheres serem aconselhadas, inapropriadamente, a interromperem o uso de seus medicamentos ou da amamentação.

"Os autores do documento alertam para o fato de que existem medicamentos tradicionais, como o ácido acetil salicílico, que já são conhecidos há anos, mas há medicamentos sendo lançados o tempo todo, incluindo novos antidepressivos e antipsicóticos, que precisam ser acompanhados de perto pelos profissionais de saúde, antes de serem recomendados às mulheres que estão amamentando", destaca Chencinski.

3. Comprar leite materno on-line é uma prática arriscada.

No Brasil, a prática é proibida. Já nos Estados Unidos, comprar leite materno on-line tornou-se cada vez mais popular e inseguro, de acordo com dados divulgados em 2013. Pesquisadores compraram amostras de um dos mais populares sites de compartilhamento de leite americano e as compararam com amostras de um banco de leite gratuito e certificado. As amostras on-line apresentavam níveis elevados de contaminação, 64% eram positivas para Staphylococcous e 3% para salmonelas.

Embora muitos pais, compreensivelmente, queiram ofertar o leite materno a seus bebês, não se deve desprezar os riscos potenciais da compra on-line. Não há nada que, os pais, no papel de compradores, possam fazer para determinar se uma amostra de leite é segura ou não para o consumo do bebê.

"Não nos deparamos com essa situação por aqui, ainda, mas saber que essa realidade existe e os perigos que rondam essa prática é importante", diz o médico.

4. O calendário de vacinação é seguro.

Uma ampla revisão realizada pelo Institute of Medicine (IOM) constatou que o atual calendário de vacinação infantil é seguro, e que não há nenhuma evidência de que imunizar as crianças contra a poliomielite, a coqueluche, o sarampo e outras doenças possa levar a problemas de saúde, como o autismo ou a asma.

"O IOM espera que os resultados tranquilizem os pais e os profissionais de saúde, pois as atuais diretrizes americanas são seguras. No Brasil, também nos deparamos com histórias e boatos sobre vacinas de tempos em tempos. É preciso reafirmar sempre que o nosso calendário de vacinação também é seguro", afirma o pediatra Moises Chencinski.

5. Regras para assegurar a regularidade do sono importam.

Não é apenas a quantidade de horas que a criança dorme que interessa, mas a regularidade do sono também é importante, defendem pesquisadores do Reino Unido. Crianças com horas de sono regulares apresentam melhores resultados em leitura, matemática e testes de habilidades espaciais. De acordo com o estudo, meninas de sete anos de idade que não tinham um horário regular de sono obtiveram as menores pontuações em todos os três testes cognitivos do que meninas que tinham horários para dormir mais consistentes. Ter uma rotina para dormir é extremamente importante para manter o ritmo circadiano funcionando adequadamente, o que beneficia o corpo como um todo, incluindo o cérebro.

"Segundo os autores do estudo, a maioria dos pais não tem ideia do quão importante a consistência do sono é. Não é que eles não se importem com essa questão, é que eles ainda não foram informados sobre ela. Apesar de ensinar às crianças como e quando dormir possa parecer, às vezes, um desafio, especialistas em sono dizem que esse é um passo importante para que mães e pais possam maximizar a capacidade de seus filhos aprenderem", recomenda Chencinski.

6. A maioria dos alimentos prontos para bebês e crianças tem muito sal.

Um dos primeiros estudos sobre a quantidade de sódio em alimentos industrializados feitos para bebês e crianças descobriu que 70% deles ultrapassa os 210 mg de sódio por porção, limite utilizado pelos pesquisadores para classificar um alimento como de elevado nível de sódio. Os resultados do estudo foram apresentados em uma conferência da American Heart Association. Segundo os pesquisadores, algumas das refeições infantis pesquisadas tinham cerca de metade da recomendação máxima diária de sódio.

"Bebês e crianças precisam de alguma fonte de sódio para seu crescimento e desenvolvimento, mas os pais devem se concentrar no fornecimento de alimentos integrais para refeições e lanches, como nozes e sementes, frutas e legumes, queijo e iogurte, de acordo com a idade de seus filhos. Alimentos prontos devem ser evitados ao máximo no cardápio infantil", alerta o pediatra.

7. Diagnósticos de TDAH estão em alta.

Segundo uma análise abrangente do Centers for Disease Control and Prevention, liberada em 2013, houve um salto significativo no número de crianças que foram diagnosticadas com TDAH na última década. Até 11% das crianças em idade escolar foram informadas de que têm o transtorno. Esses números refletem a crescente preocupação entre muitos médicos que o diagnóstico do TDAH e sua medicação em demasia estão em alta.

"Enquanto alguns médicos e defensores de pacientes receberam bem o aumento das taxas de diagnóstico como evidência de que a doença está sendo aceita, outros alegam que as novas e altas taxas sugerem que milhares de crianças podem estar tomando medicação apenas para ficarem mais calmas ou para melhorarem seu desempenho escolar. O diagnóstico e o tratamento do TDAH tem se mostrado um grande desafio para os profissionais de saúde e para as famílias", afirma Moises Chencinski.

8. Autismo pode ser mais comum do que se pensava anteriormente.

A prevalência de casos relatados pelos pais de autismo é significativamente maior do que era há apenas cinco anos, de acordo com os dados do Centers for Disease Control and Prevention. De 2011 a 2012, 1 em cada 50 crianças em idade escolar tinha um transtorno do espectro do autismo diagnosticado de acordo com os seus pais - um aumento de 1 em 86 em 2007. Os autores do relatório atribuem a mudança em grande parte aos médicos que, agora, identificam a doença com mais frequência do que apenas alguns anos antes.

"Não há nenhum teste biológico para diagnóstico do autismo, nem os pesquisadores sabem a sua causa, apesar de um crescente corpo de pesquisa científica sugerir que a doença é uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Obter uma imagem mais clara da verdadeira prevalência do autismo pode ajudar os pesquisadores a definir um referencial que lhes permita compreender melhor a doença", defende o pediatra.

9. Bullying tem consequências físicas, não apenas emocionais.

Um estudo descobriu que crianças em idade escolar que são intimidadas por seus pares são duas vezes mais propensas a experimentar os chamados "sintomas psicossomáticos", incluindo dores de cabeça, dores de estômago, tonturas, enurese e problemas de sono.

"Às vezes, pais e professores ignoram os sintomas físicos das crianças ou pensam que eles estão fingindo uma dor de estômago, por exemplo, para não participar de uma atividade escolar. O estudo ressalta que os adultos devem levar a sério os sintomas físicos do bullying, eles podem ser um sinal de que alguma coisa ainda está acontecendo", informa o médico.

10. Gritar com as crianças pode ser tão prejudicial quanto uma punição física.

Paus e pedras quebram ossos, mas as palavras podem causar danos reais para as crianças também, defende um novo estudo. E os valentões no pátio da escola não são os únicos culpados... Um estudo concluiu que a disciplina verbal dura (gritos, xingamentos e humilhação) aumenta o risco das crianças para a depressão e para o comportamento agressivo (que se concentra em crianças de 13 e 14 anos) da mesma forma que a punição física muitas vezes o faz. A disciplina verbal dura merece maior atenção em termos de pesquisa por parte dos estudiosos e de prática por parte dos pais.

"A maioria das pesquisas realizadas sobre disciplina é centrada no emprego da disciplina física na infância e na adolescência. No entanto, dado que os pais tendem a recorrer à disciplina verbal com seus filhos, é importante que eles estejam cientes que a disciplina verbal dura é ineficaz em reduzir problemas de conduta e, na verdade, leva ao aumento dos problemas de conduta em adolescentes e ao aparecimento de sintomas depressivos, em alguns casos", observa Chencinski.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545