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Alopatia vs. Homeopatia???

21/01/2014

Esse é um tipo de pergunta que não é raro um médico homeopata ter que responder. Mas eu não me lembro de isso ter sido questionado a um alopata. Estranho né?

Essas foram perguntas que respondi para uma matéria que foi publicada no Portal Via Saúde com minha participação, mas que merecem mais destaque para esclarecimento.

 

O que é alopatia? E homeopatia? É possível explicar de maneira simples quais são as diferenças existentes entre os dois tratamentos?

Ambos são tratamentos válidos e úteis, dentro de suas características, em busca do bem estar do paciente. Há diferenças na abordagem do adoecer, da cura e na forma de tratamento.

A alopatia (que em grego significa cura pelos contrários) busca encontrar os sintomas e eliminá-los, usando medicamentos contra esses sintomas. Exemplo: um paciente com uma inflamação ou com febre utilizará um anti-inflamatório ou um antitérmico para eliminar esses sintomas. Nesse caso, o tratamento e o diagnóstico visam a cura da doença.

A febre a inflamação são reações de nosso organismo tentando se proteger de agentes causadores de doenças. Elas não são as doenças. Assim, de uma forma mais simples, esse tipo de tratamento combate nossas defesas contra determinados tipos de patologias. Assim, se a febre ou a inflamação ou a infecção foram combatidas, a "doença" estaria curada.

Já a homeopatia (do grego cura pelos semelhantes) estimula o nosso organismo, de uma forma mais global e não encara os sintomas como a doença a ser combatida mas como sinais de algo mais amplo, de um desequilíbrio do organismo com o um todo e a meta é a recuperação desse equilíbrio de forma rápida, suave e duradoura.

Ambas são ciências baseadas em evidências. Porém a alopatia é testada em indivíduos com doenças ou em animais, enquanto a alopatia toma por base a ação de substâncias no indivíduo sadio.

O que muda na parte de cuidados práticos com o paciente em cada tratamento? Por quê?

Em ambos os casos, o que se busca é entender o que tem o paciente e como tratá-lo de forma adequada. A alopatia leva em conta os sintomas presentes no quadro agudo ou crônico e tem como uma parte importante de sua filosofia de tratamento eliminar esses sintomas.

Assim, considera-se curado o paciente que tem seus sintomas eliminados.

Já a homeopatia vai mais fundo. Ela considera como sintoma qualquer mudança do indivíduo de como ele é em seu estado de equilíbrio e a intenção é o restabelecimento desse indivíduo do ponto de vista mental, geral e clínico.

A homeopatia tem mais condições de tratar as tendências que podem levar o individuo a "adoecer", valorizando questões de "heranças familiares", antecedentes pessoais, hábitos, sensibilidades e muitas outras questões que não são levadas em conta pelos praticantes da alopatia na busca do tratamento de pacientes que buscam essa forma de acompanhamento.

É verdade que a homeopatia produz menos efeitos colaterais? Por quê?

Enquanto a alopatia usa substâncias em doses ponderais e age por quantidade de massa (matéria), a homeopatia utiliza as substâncias em doses mínimas (diluídas e sucussionadas) e os medicamentos agem de forma energética.

Assim, a homeopatia não apresenta em sua evolução de tratamento efeitos colaterais indesejáveis por estar baseada na ação energética das substâncias e no estímulo provocado no organismo como um todo. O bom médico homeopata saberá compreender e abordar seu paciente, conforme está escrito no Organon da arte de curar, de Samuel Hahnemann, em seus parágrafos 3 e 4 (que descrevo a seguir):

§3. Se o médico percebe claramente o que há para ser curado nas doenças, isto é, em cada caso individual de doença (conhecimento da doença, indicação), se ele também percebe o que é curativo nos medicamentos, isto é, em cada medicamento em particular (conhecimento das virtudes medicinais); se sabe adaptar, de acordo com princípios bem definidos, o que é curativo nos medicamentos, ao que considerou sem dúvida patológico no paciente; se sabe adaptá-lo, tanto a respeito da conveniência do medicamento mais apropriado quanto ao seu modo de ação no caso de que se trata (escolha do remédio, medicamento indicado), como a respeito da maneira exata de sua preparação e quantidade (dose certa), e do período apropriado de sua repetição; se, finalmente, conhece os obstáculos ao restabelecimento em cada caso, e sabe removê-los de modo que a cura seja durável: então ele saberá agir de maneira racional e profunda, e então ele será um verdadeiro médico.

§4. Ele é igualmente um conservador da saúde, se conhece as coisas que a perturbam, causam e mantêm a doença, e sabe afastá-las do homem são.

Qual desses tratamentos surte efeito mais rápido? Por quê?

Cada caso é um caso e precisa ser avaliado individualmente. Antes de se instituir um tratamento é necessário conhecer a história natural da doença e as condições de reatividade do paciente para a busca do medicamento adequado na potência e pelo tempo apropriado e suficiente.

Há patologias de curta duração (agudas ou subagudas) e outras de mais longa duração (doenças crônicas).

A homeopatia é conhecida, de forma equivocada, como um tratamento demorado. Isso depende do tipo de paciente (idade, condições de saúde atuais) e da forma de seu desequilíbrio (tempo de doença, tratamentos anteriores).

Não se deve confundir um tratamento demorado com prolongado. O fato de dizermos que o tratamento pode ser longo não quer dizer que o paciente apresentará sintomas durante todo o acompanhamento. A melhora dos sintomas pode ser bem rápida, em pouco tempo de tratamento, tanto em quadros agudos como em crônicos.

Porém, poderá ser necessário manter este tratamento por um tempo prolongado para retornar o paciente ao seu estado de equilíbrio anterior, sem necessidade de usar qualquer medicamento continuadamente.

Os dois tipos de tratamento são bem indicados para todas as pessoas, ou varia de paciente para paciente? Por quê?

Novamente vale lembrar que cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente, PORÉM, SEMPRE por um médico que seja especializado na área.

Nunca se automedicar ou “autodesmedicar”.

Ao contrário do que se propaga, a homeopatia não é útil apenas em casos mais leves ou quadros crônicos (alergias). A homeopatia pode ser utilizada em qualquer tipo de paciente, independente de idade, de momento de introdução (gestação, terceira idade, recém-nascidos, etc.).

Vale lembrar sempre que a homeopatia não cura tudo e não faz milagres, assim como a alopatia. Elas podem, e até devem, ser usadas em conjunto, se necessário e de acordo com cada tipo de situação e de paciente.

Queimaduras, pré e pós-operatório, ferimentos, quadros mentais podem contar com grande ajuda do tratamento homeopático. Mas nada substitui os cuidados necessários cirúrgicos, anti-infecciosos e medicamentosos que esses quadros podem requerer.

Na falta de vitaminas ou nas anemias, é necessário suplementar (vitaminas D, C, ferro, ácido fólico, por exemplo).  A AMHB (Associação Médica Homeopática Brasileira) em sua homepage orienta e indica que os médicos homeopatas sigam a orientação de vacinação indicada pelo Ministério da Saúde.

Além disso, em casos em que o paciente esteja em situação de emergência ou corra risco de morte, todos os esforços devem ser empreendidos para a manutenção da vida e, pelas características da ação do medicamento homeopático (não age nessa velocidade, requer a energia do paciente para que sua ação se dê de forma satisfatória), deve-se recorrer ao arsenal terapêutico convencional, alopático.

Concluindo, a homeopatia pode ser utilizada de forma isolada como forma terapêutica única em muitas situações e em outras em associação com outros tipos de tratamento (alopatia, fototerapia, acupuntura, cirurgias, etc.), mas sempre visando o bem estar e a saúde do paciente. O compromisso do médico não é com essa ou aquela forma de tratamento e sim com o paciente sob seus cuidados, proporcionando o que de melhor ele conheça ou possa indicar em benefício do pronto e definitivo restabelecimento de seu estado de saúde.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545