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Dicas em ritmo de Carnaval

Do blog Pediatra Orienta - SPSP

Relator:
Dr. Moises Chencinski
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Não há festa que mexa mais com o brasileiro do que o Carnaval. Talvez você não saiba, mas essa não é uma comemoração criada ou inventada aqui. Ela vem da “antiguidade bem antiga” (Grécia, Roma) e existe, ainda hoje, em muitos países.

26/02/2014


A história do carnaval no Brasil vem do período colonial, iniciada pelos escravos. Cordões, ranchos, corsos, escolas de samba, marchinhas, sambas, afoxés e maracatus foram alguns dos ritmos que marcaram essa festa.

A primeira marchinha de Carnaval foi composta em 1899, pela musicista e maestrina brasileira Chiquinha Gonzaga: O Abre-Alas. E é através dessa música que vamos abrir espaço para nossas dicas de saúde, em um passeio por algumas antigas e saudosas marchinhas de Carnaval (que muita gente hoje ainda canta, dança, mas não conhece a origem).

Mamãe eu quero! Mamãe eu quero! Mamãe eu quero mamar!

Apesar de politicamente incorreto, fazendo a apologia à chupeta e à mamadeira (não indicados pelas recomendações atuais), essa gravação em um filme de 1940, mostra Carmem Miranda e Garoto em uma das marchinhas carnavalescas mais conhecidas de todos os tempos e nos remete à questão da alimentação nessa festividade.

Mas nessa época, sempre valem alguns lembretes importantes.

• Até 6 meses de idade, a recomendação é o aleitamento materno exclusivo, em livre-demanda. Não é necessário oferecer água, ou qualquer outro tipo de líquidos nessa faixa etária. Leite materno: alimenta e hidrata.
• Em lactentes até um ano de idade, leite materno ainda é fundamental. Hidratação é importante. Sucos, mesmo os naturais, devem ser evitados até um ano de idade, segundo estudos recentes, pelo aumento do risco de diabetes tipo 2. As recomendações da Academia Americana de Pediatria (AAP) são que entre 1 e 6 anos se ofereça entre 120 a 180 ml ao dia e após os 7 anos, cerva de 250 ml ao dia (de sucos naturais).
• Frutas frescas, legumes e verduras (FLV) com vitaminas, água e fibras, são recomendados também nessa época.
• Além disso, sempre atentar para a higiene e a conservação dos alimentos consumidos, principalmente fora de casa, nas praias, clubes e hotéis. Maioneses, ovos, molhos e cremes necessitam de preparos cuidadosos e conservação impecável para que não causem reações graves, como intoxicações alimentares, levando a quadros febris, com diarreia, vômito e até a desidratação, podendo requerer desde uma visita forçada a um pronto-socorro até internação hospitalar.
• Qualidade e também quantidade devem ser bem controladas. Se for ultrapassado um limite individual de tolerância, reações alérgicas graves podem estragar a comemoração (amendoins, corantes, sucos artificiais).

Se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não. A hidratação é fundamental. LEITE MATERNO (para os que ainda mamam) e, após o 6º mês de vida, sempre muita ÁGUA.

Não à bebida alcoólica

O carnaval é uma festividade que costuma ser acompanhada de mais liberdade e menos controle. Some-se a isso a questão cultural de algumas famílias e junte-se o calor do verão brasileiro e o cenário está armado. Independentemente de cultura ou idade, por mais inimaginável que possa parecer, a situação ainda ocorre: é um absurdo se oferecer qualquer quantidade, por menor que seja, de qualquer bebida alcoólica para crianças.

Além de ser proibido por lei, é extremamente prejudicial, podendo, até, ser fatal. Quanto antes se oferece o estímulo alcoólico para pessoas com tendência ao vício, mais cedo e mais certamente esse hábito poderá se instalar e levar a sérios prejuízos à saúde futura desse indivíduo.

Além disso, crianças são indivíduos em crescimento e desenvolvimento, sendo mais suscetíveis a estímulos, com riscos de quadros graves mesmo com pequenas quantidades de substâncias nocivas, inclusive o álcool.

E com relação à fantasia?

Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão. Batman, Homem Aranha, Cinderela, Havaiana, Pequena Sereia… Qual vai ser o personagem do seu pequeno? Na hora de escolher a fantasia preste atenção ao tecido, para que seja leve e arejado, como o algodão, e não aperte a criança. Cuidado também com os adereços e mantenha a criança longe de espadas, lanças e objetos pontiagudos.

Há também quem prefira usar a pintura. Essa opção é indicada para maiores de 2 anos, e com tinta adequada e antialérgica para evitar intoxicações. Ainda assim faça um teste antes de aplicar no rosto de seu super-herói ou de sua princesa.

Cuidados na multidão

Allah-la-ô, mas que calor. Na praia, nos clubes, as festividades para as crianças acontecem de manhã e à tarde. Assim, no calor do clima e na aglomeração que também eleva a temperatura, as crianças precisam de proteção.

Em relação ao sol, vale a pena seguir a mesma orientação de qualquer época do ano. Evitar exposição direta entre 10 e 16 horas, sempre usando protetor solar, mesmo fora desse horário.

O calor pode aparecer e ser um fator agravante também em salões fechados, com muita gente pulando e se divertindo, especialmente nas crianças fantasiadas que correm e se divertem incansavelmente. Lembre-se da hidratação constante.

Não podemos nos esquecer de que muitas crianças não têm noção do perigo, e pela sua curiosidade natural podem se perder distraídas no meio da multidão. Assim, faça uma pulseirinha de identificação para seu filho com nome dele, dos pais, telefone e endereço. Não deixem as crianças sem supervisão, sozinhas, no meio da multidão. Fiquem sempre de olho.

Atenção ao mar e piscinas, que costumam atrair as crianças, com riscos de afogamento.

Seguindo essas dicas toda a família poderá curtir o clima de alegria e irreverência do Carnaval, com menos riscos e sem sustos.

Aproveitando: quer escutar as antigas e saudosas marchinhas de Carnaval? Clique nos links abaixo:

O Abre-Alas (Chiquinha Gonzaga)
Mamãe eu quero! Mamãe eu quero! Mamãe eu quero mamar! (Carmem Miranda)
Se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não (Carmem Costa & Colé)
Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão (Dalva de Oliveira- 1966)
Allah-la-ô, mas que calor (Carlos Galhardo – 1941)

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Relator:
Dr. Moises Chencinski
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

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Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545