Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

Como lidar e o que são as viroses?

Do site Sentir Bem

Você não fica com muita raiva quando leva seu filho ao médico e ele vem, mais uma vez, com aquele papinho de virose? E não interessa em que época do ano, que sintomas ele tenha, bastou ir ao pronto socorro, fazer exames, avaliações e lá vem ela de novo: virose.

12/03/2014

Vou contar uma coisa para vocês: esses médicos devem estar com a razão. Agora mesmo, em janeiro, os hospitais nas praias do litoral de São Paulo foram invadidos por crianças (e adultos em menor quantidade) com diarréia, vômito e febre, exigindo um cuidado maior das autoridades de saúde locais. E adivinhem!!! Isso mesmo: VIROSE

São vários os microorganismos que podem causar doenças nos seres humanos, em qualquer faixa etária. Podemos ter bactérias, fungos, parasitas, mas sem a menor dúvida, mais de 90% dos quadros infecciosos febris que atingem especialmente a população infantil é causada pelos vírus.

E todos conhecem doenças causadas por vírus: sarampo, caxumba, rubéola, catapora, raiva, dengue, febre amarela, herpes, HPV, AIDS, hepatite A, B e C, rotavírus, bronquiolite entre outros.

Mas há muitos, muitos, muitos outros que provocam sintomas tanto respiratórios (tosse, coriza, falta de ar) quanto digestivos (diarréia, vômitos) e até bem gerais (febre, falta de apetite, desânimo, prostração), mas que não têm um nome especial.

Para esses quadros provocados por vírus que não apresentam uma sintomatologia característica, mas que se encaixam nesse perfil através de avaliações epidemiológicas, clínicas, radiológicas e laboratoriais nós, médicos, damos o nome genérico de... de... de... viroses. 

Quem são os vírus?

Eles são seres vivos, microscópicos, compostos apenas por DNA e RNA (ácido nucléico), envolvidos por uma capa de proteína. Para seu desenvolvimento ele precisa estar dentro de outras células, normalmente, em seres humanos, onde ele se reproduz. Essa reprodução ataca as células podendo até destruí-las e qualquer modificação do DNA ou RNA pode provocar uma mutação que vai formar outro tipo de vírus. 

Isso explica porque conseguimos vacinas para algumas doenças provocadas por vírus (sarampo, rubéola, caxumba, hepatite A e B, rotavírus, alguns tipos de HPV, alguns quadros de gripe – que não é resfriado, febre amarela, paralisia infantil, varíola – primeira doença considerada extinta do mundo) e não conseguimos para outras, pelo menos por enquanto (outros tipos de HPV, AIDS, hepatite C, entre outras). 

Como se transmite um vírus?

Uma das características que os vírus apresentam em comum é o seu alto índice de contágio. 

Os vírus podem passar pelo ar, de uma pessoa para outra, através de transmissão direta (saliva, sangue, contato sexual, transmissão fecal-oral), ou através de água, alimentos, contaminados ou pelos animais (insetos, cães, morcegos), de forma indireta. 

Sabe quando você espirra e aquelas gotinhas de saliva saem por aí molhando (arghhh!!!!) quem estiver por perto? As gotículas de Flügge (conhecidas popularmente como perdigoto) são alguns dos carregadores desses vírus de uma pessoa para outra. 

O vírus age logo que ele entra no nosso organismo?

Não. O vírus passa por algumas fases desde a sua chegada no nosso corpo até o aparecimento da doença. 

Ele penetra em nossas células e passa um tempo "adormecido". Esse tempo é variável de vírus para vírus. Em determinado momento, através de algum estímulo, ele se multiplica dentro das células, se desenvolve, é liberado das células e vai contaminar outras células. 

Esse é conhecido como período de incubação que pode variar de dias (5 a 7 nas viroses mais simples e conhecidas – resfriados, diarréias) a meses ou anos (hepatites, AIDS, por exemplo). 

Já nas bactérias, por exemplo, esse período de incubação é muito mais curto. Uma vez em contato com a bactéria, levamos de 24 a 48 horas para desenvolvermos os sintomas, por exemplo em casos de amidalites, meningites ou pneumonias. 

E como é que podemos desconfiar de uma virose?

Existem alguns sintomas inespecíficos que podem nos fazer suspeitar desse quadro. Mas é principalmente a evolução e o aparecimento dos quadros mais específicos que poderão garantir o diagnóstico. 

Mal estar, inapetência, uma febrícula inicial que pode aumentar muito, alteração de humor, de sono, indisposição são alguns desses sintomas que podem estar presentes em qualquer um desses quadros virais. 

A não ser que haja algum sinal que chame mais a atenção, os médicos costumam aguardar até 5 dias pela evolução do quadro, antes de pedir algum exame complementar para elucidar o diagnóstico. 

E quais são os sintomas da virose?

Cada vírus tem sua preferência por alguma parte do nosso organismo. Nas épocas de verão e calor, é mais comum o aparecimento de quadros digestivos (diarréia, vômitos e febre). Já no inverno, os quadros respiratórios aparecem com mais intensidade (tosse, coriza, espirros, respiração cansada, dor de garganta, ouvidos, entre outros). 

Essa descrição considera as viroses que não têm um nome só para elas. 

As doenças provocadas por vírus mais específicos vão apresentar, além desses sintomas no período de incubação, seus sintomas característicos. A catapora com suas bolhas pelo corpo e coceira; as hepatites com os olhos amarelos (em cerca de 50% dos casos) e a urina escura com fezes mais claras; a rubéola com os gânglios atrás das orelhas e na nuca e o corpo pintado de vermelho e assim por diante. 

E como se trata a virose?

Além de tentarmos sua prevenção, através de cuidados higiênicos, alimentares, de hidratação, de vacinas, conseguimos, na maioria dos casos, tratar apenas os sintomas desses quadros. Não se trata o vírus da caxumba, por exemplo, mas sim os seus sintomas (dor, febre). Não se trata o vírus que provoca diarréia, e sim cuidamos do estado de hidratação, com uma alimentação adequada e medicação, quando necessária, para cessar vômitos. Não se trata o vírus do resfriado, mas os sintomas provocados por ele (tosse, coriza, obstrução nasal). 

Quem deve medicar qualquer um desses quadros é o médico, independente do tipo de tratamento a ser utilizado. Qualquer demora no início da medicação adequada, sem um diagnóstico preciso, pode levar a graves complicações. 

A homeopatia pode ser utilizada de forma isolada ou em conjunto com outros medicamentos para acelerar o processo de recuperação nos quadros virais, estimulando as defesas do nosso organismo, agindo tanto na prevenção como na cura desses quadros. 

Não adianta utilizar antibióticos para tratamento de quadros provocados por vírus. Antibióticos são medicamentos que devem ter sua prescrição feita por médicos (sem automedicação), contra doenças provocadas por bactérias. 

Além da avaliação clínica, que é a mais importante, exames laboratoriais podem auxiliar nesse diagnóstico diferencial. 

Vacinação

O mais importante, nos quadros virais, é a prevenção. Há doenças virais que podem ser prevenidas por vacinas com alto índice de eficácia. Entre elas a poliomielite (Sabin ou Salk), hepatite A e B, sarampo, caxumba e rubéola, febre amarela e mais recentemente o HPV. Não deixe de conversar com seu pediatra ou ir aos postos de saúde para acertar a carteira de vacinação e proteja-se de algumas viroses.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545