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Dúvidas e mais dúvidas sobre bicos: mamadeiras, chupetas...

Do site JorNow

Evite a introdução de chupetas e mamadeiras estimulando o uso do copinho assim que se introduzir qualquer líquido (inclusive leite materno) que não vá ser oferecido diretamente do seio

por Márcia Wirth

04/11/2014

Quando pensamos em alguns hábitos adquiridos em determinadas épocas em nossas vidas, e buscamos sua raiz, em grande parte das vezes aparece uma pergunta de difícil resposta: Por que razão isso foi introduzido?

Em minha primeira consulta com um bebê (quer seja recém-nascido ou não) costumo passar uma recomendação que acho válida para uma série de situações que os pais vão enfrentar durante sua vida.

(estas são exatamente as minhas palavras):

Vou passar a vocês agora, uma das orientações mais importantes desta primeira consulta, especialmente porque vale para a vida toda de vocês. Toda vez que nasce um filho, vocês precisam aprender a fazer um exercício dificílimo, mas fundamental para a boa vida bio-psico-físico-social da família. Vocês precisam aprender a diferenciar bem entre o que é um problema seu e o que é um problema do bebê. Toda vez que vocês tentarem resolver o "seu problema" nele, vocês não resolvem o "seu problema", criam para ele um problema novo que passa a ser o seu próximo problema. 

Assim, as recomendações atuais são de aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais. A partir do 6º mês, se recomenda a introdução alimentar (independente do tipo de aleitamento – materno exclusivo, materno predominante, misto ou à base de fórmulas).

Há algumas (poucas) situações em que o aleitamento materno chega a ser contraindicado: mães com HIV (pelo menos por enquanto), mães usuárias de drogas ilícitas, mãe falecida, mães em uso de medicamentos que contraindiquem o aleitamento (veja quais são essas substâncias nesse manual, pelo seu nome científico). Nesses casos, a introdução de uma fórmula é necessária para alimentar o bebê.

A partir do momento em que introduzimos água ou fórmula infantil, casos em que o pediatra analisa a situação e verifica que ela exige a complementação sem nenhuma outra possibilidade, ou quando a mãe volta ao trabalho e retira e armazena seu leite para ser oferecido à criança quando ela não está presente, deve-se evitar a mamadeira e, apesar de ser mais trabalhoso, deve-se oferecer todo o líquido no copinho.

Muitos estudos publicados mostram problemas provocados no fechamento da boca (selamento dos lábios) pelo uso da mamadeira, como, por exemplo, esse que avaliou a ação da mamadeira no desenvolvimento da boca e da face de crianças de 4 anos de idade que eram amamentadas ao seio (pelo menos até o 6º mês) e passaram, em algum momento, a usar a mamadeira ou copinho.

Só que além dessa ação, o estudo comprovou que o grupo que usava a mamadeira apresentava mais flacidez da musculatura da boca e da língua, mais respiração pela boca, posição de repouso da língua inadequada entre outras alterações, quando comparadas com as que usaram o copinho.

A respiração bucal, por exemplo, pode interferir diretamente na qualidade do sono, na fala, na deglutição.

Explicando um pouco melhor

Você já ouviu falar sobre confusão de bicos?

Sugar o seio é diferente de sugar uma mamadeira, mesmo com bico ortodôntico. É muito comum se ouvir que a mamadeira é mais fácil de mamar e que o bebê se cansa, enjoa do peito. A posição do seio na boca difere da posição da mamadeira.

Sabe o que é uma mamadeira ou uma chupeta ortodôntica?

É um bico que se assemelha ao bico do seio materno e que se adequa melhor ao palato, causando menos deformações de arcada. Mas isso está longe de SER um seio materno.

A pega do seio materno não é no bico e sim na aréola. Mães sem bico ou com bico invertido podem amamentar sem nenhum problema. Precisa estimular e adequar melhor, mas a pega não é no bico.

A posição de repouso de nossa língua é para cima e para frente. Quando o bebê suga o seio, ele leva sua língua para baixo e para frente, massageia o seio com a língua e o bico vai parar no palato mole, quase na garganta, além da tuba auditiva, onde é recebido o leite.

Quando o bebê suga a mamadeira, ele pega mesmo o bico, sua língua vai para baixo e para trás e ele suga, enche a boca de leite e só aí ele engole.

Língua pra baixo e pra frente X Língua pra baixo e para trás.
Abocanhar a aréola X Pegar o bico da mamadeira.
Receber o leite em jatos X Sugar, encher a boca de leite e aí engolir.

Que confusão, não é mesmo? Resultados:

- Otites em quem mama mamadeira;
- Desmame precoce;
- Cáries de mamadeira.

E tudo isso porque os pais, por alguma razão, optaram por oferecer a mamadeira e não o copinho. Isso tem uma questão emocional associada, porque a criança, em grande parte das vezes, resiste ao consumo de leite assim que é retirada a mamadeira. Os pais preocupados, assustados com a possibilidade de seus filhos “passarem fome” se não tomarem o leite, optam por reintroduzir ou não suspender o uso da mamadeira.

Assim, pode haver prejuízo emocional, de sono, de deglutição, de alimentação, odontológico, auditivo, de infecções, risco maior de obesidade... já chega ou precisa mais?

Resultados

- Otites em quem mama mamadeira;

- Desmame precoce;

- Cáries de mamadeira.

E tudo isso porque os pais, por alguma razão, optaram por oferecer a mamadeira e não o copinho. Isso tem uma questão emocional associada, porque a criança, em grande parte das vezes, resiste ao consumo de leite assim que é retirada a mamadeira. Os pais preocupados, assustados com a possibilidade de seus filhos “passarem fome” se não tomarem o leite, optam por reintroduzir ou não suspender o uso da mamadeira.

Assim, pode haver prejuízo emocional, de sono, de deglutição, de alimentação, odontológico, auditivo, de infecções, risco maior de obesidade... já chega ou precisa mais?

Algumas dicas para solucionar o problema

♦ Aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais;

♦ A partir do 6º mês, se recomenda a introdução alimentar (independente do tipo de aleitamento – materno exclusivo, materno predominante, misto ou à base de fórmulas);

♦ Evitar a introdução de chupetas e mamadeiras, estimulando o uso do copinho assim que se introduzir qualquer líquido (inclusive leite materno) que não vá ser oferecido diretamente do seio;

♦ Assim que o primeiro dentinho erupcionar, fazer uma primeira consulta com o ODONTOPEDIATRA (não é indicado o seu dentista que também atende crianças). A orientação será importantíssima nesse sentido;

♦ Seguir as consultas de rotina com o pediatra que poderá avaliar a evolução de crescimento e desenvolvimento da criança e orientar medidas para prevenção e promoção à saúde;

♦ Em caso de introdução de chupeta e/ou mamadeira, suspender seu uso, no máximo, até os 2 anos de idade;

♦ Compreender que a responsabilidade pelo presente e pelo futuro estados de saúde das crianças é dos pais. Reconhecer a importância de estabelecer determinados limites, sempre pensando no bem estar e qualidade de vida dessa geração que a Sociedade Brasileira de Pediatria caracteriza como a geração dos 100 anos.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545