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Será que essas atitudes não são parte de uma poderosa rede de apoio, tão necessária para aqueles tempos em que a mulher está em casa, tentando se ajustar ao seu novo modelo de “vida de mãe”, muitas vezes sozinha e solitária?
por Dr. Moises Chencinski - colunista
19/11/2021
Amamentar não é simples, não é fácil, está deixando de ser natural. Será que agora está se transformando em ostentação?
Pausa para o dicionário: Ostentação.
*Ato de fazer alarde de si mesmo ou de algo que é seu.
*Exibição de luxo, poder ou riqueza.
*Arrogância ou hostilidade para produzir impressão moral ou intelectual em (alguém); estampar, exibir, mostrar.
*Mostra com legítimo orgulho; exibir.
Então. O que você acha? Sabe a Rainha da Inglaterra (na verdade do Reino Unido)? Sim. Sua Majestade Elizabeth (Isabel II), 95 anos de idade (21/04/1926), a primeira monarca feminina da Casa de Windsor, coroada em 2 de junho de 1953. Ela mesmo. Você sabia que ela amamentou seus 4 filhos (Charles, Anne, Andrew e Edward)? Por que a surpresa?
Antigamente, os “recém-nascidos da realeza” eram entregues a "amas de leite", que amamentavam seus filhos, para que elas pudessem retomar seus deveres reais (suas funções e o processo de concepção do próximo herdeiro).
Fake news da época: o leite materno seria coalhado se as relações conjugais fossem retomadas antes do desmame (segundo a historiadora real Amy License no jornal The Guardian).
A Rainha foi pioneira quando se tratava de “maternagem”, optando por ignorar esta regra, escolhendo amamentar seus filhos e criando uma nova tendência na “realeza”, mesmo contra a reação de sua irmã, a princesa Margareth, que considerava essa atitude "desagradável". Mas, olha o exemplo aí, gente. Tanto a princesa Diana quanto a duquesa de Cambridge seguiram os passos da monarca, orgulhosamente optando por amamentar seus próprios filhos.
E se a Rainha Isabel II (Elizabeth — para nós aqui) conhecesse as informações sobre doenças infectocontagiosas e amamentação, não teria, em 1949, desmamado o príncipe Charles aos 2 meses por conta do sarampo. Ela teria mantido a amamentação se ela tivesse a informação de que a doença não é transmitida pelo leite materno e, sim, por contato com as secreções respiratórias, desde sua incubação até o período da doença, tivesse usado os cuidados de proteção (máscaras, álcool em gel), ou esperado os primeiros quatro dias de isolamento da doença e extraído seu leite enquanto isso, para ser dado a Charles.
Será que é a ostentação que explica o fato de muitas mães, enquanto amamentam, contarem suas histórias, postarem imagens, vídeos nas redes sociais? E algumas ainda têm suas imagens retiradas do ar pelo algoritmo (afe!). Será que essas atitudes não são parte de uma poderosa rede de apoio, tão necessária para aqueles tempos em que a mulher está em casa, tentando se ajustar ao seu novo modelo de “vida de mãe”, muitas vezes (mas, muitas mesmo) sozinha e solitária?
Gosto de um pensamento atribuído a Henry Ford (fundador da Ford Motor Company - 1863-1947): “Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo”. O que pode definir o seu caminho na amamentação? Informação, livre-arbítrio, rede de apoio, políticas públicas (e mais...).
E um último pensamento para hoje. Vejam essa notícia sobre a rainha Elizabeth que, em junho de 2022, vai celebrar o Jubileu de Platina (70 anos de reinado). A rainha Elizabeth II, de 95 anos, recusou a indicação ao prêmio "Velhinha do Ano" (Oldie of the Year, em inglês) concedido por uma revista britânica voltada à terceira idade. "Você é tão velha quanto se sente", disse a monarca que afirmou "não se encaixar" nos critérios da premiação.
Além disso, a rainha Elizabeth II é chefe de Estado do Reino Unido e outros 15 países:
Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu.
A rainha Elizabeth amamentou seus 4 filhos (só Charles por 2 meses) e chega aos 95 anos ostentando uma “saúde física invejável”. Será que...?
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545