Do site Tempo de Mulher
A partir de agora, adolescentes serão rastreados para evitar uma possível depressão, e crianças com idade entre nove e 11 anos deverão fazer teste de colesterol rotineiramente. Essas são algumas das novas diretrizes divulgadas recentementes pela Academia Americana de Pediatria(AAP). O objetivo da instituição é sempre criar orientações para que profissionais da Saúde possam tê-las como um padrão a ser seguido, visando melhorar a qualidade do atendimento médico e, claro, da saúde de bebês, crianças e jovens. A última revisão das diretrizes da AAP havia sido feita em 2007.
por Redação
18/04/2014
Segundo o documento, que inclui outras mudanças sobre as avaliações de saúde que devem ser feitas constantemente nas fases da infância e da adolescência, foi incluído também o teste de HIV para os jovens. Além disso, passa a valer uma avaliação do estado nutricional - durante as consultas regulares com o pediatra - de crianças que apresentam quadros de anemia por deficiência de ferro.
'As diretrizes são concebidas como um guia para pediatras e visam oferecer às crianças os cuidados preventivos apropriados para cada faixa etária. A meta é que elas cresçam mais saudáveis e respaldadas por uma triagem médica mais eficaz. E aqui são válidas todas questões de desenvolvimento que podem ter um impacto real sobre a saúde durante a infância e na idade adulta', explica o pediatra Moises Chencinski, membro do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Sobre o teste de colesterol na infância, agora recomendado entre nove e 11 anos, todas as crianças -independentemente do histórico familiar de doença cardíaca ou de fatores de risco - devem ter seu colesterol total e HDL verificados. E esse procedimento deve ser realizado uma vez por ano. Anteriormente, explica Moises, o primeiro teste para aferir o colesterol era feito em jovens com idades entre 18 e 21 anos.
'Essa alteração foi feita porque já sabemos que as crianças com maior risco para a hiperlipidemia familiar - doença hereditária caracterizada por colesterol alto - e doença cardíaca, muitas vezes, não têm fatores de risco identificáveis. Algumas das crianças, inclusive, parecem perfeitamente saudáveis, por isso é importante identificar logo cedo', explica Moises Chencinski.
O pediatra conta que a 1ª Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF), de agosto de 2012, recomenda, além dessa nova diretriz americana, a triagem de perfil lipídico a partir de 2 anos de idade. Essa orientação é válida para crianças com histórico familiar (pais ou avós) de problemas arteriais antes dos 55 anos ou com pais que tenham seus níveis de colesterol total acima de 240. Além disso, são levados em consideração fatores associados à própria criança como hipertensão, obesidade, diabetes, alimentação inadequada, entre outras.
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Outra nova diretriz da Academia Americana de Pediatria (AAP) é que jovens entre 11 e 21 anos sejam rastreados para a depressão. Para isso, deverão responder a algumas perguntas rápidas sobre seu estado de espírito. 'Como adolescentes possuem um risco significativo à depressão, o novo teste de triagem da Academia Americana de Pediatria, que leva menos de um minuto para ser realizado, oferece aos pediatras uma forma mais precisa de identificar as crianças que podem estar se sentindo para baixo', afirma Moises Chencinski.
Os médicos também devem avaliar o risco dos adolescentes em relação ao uso de drogas e álcool. Segundo Moises, as recomendações anteriores indicavam que essa análise tinha de ser realizada entre os jovens com idades entre 11 e 21 anos. No entanto, os pediatras não tinham orientações sobre como fazê-la. Agora, ressalta o pediatra, "existe uma ferramenta de triagem precisa, validada cientificamente - e não de julgamento - para identificar os adolescentes em situação de risco e aqueles que precisam de ajuda".
A Academia Americana de Pediatria recomenda agora que as pessoas sexualmente ativas, entre 11 e 21 anos, realizem exames para detectar possíveis doenças transmitidas através da relação sexual. Diretrizes recentes acrescentaram o teste de HIV, afirma Moises, o que sugere que todos os adolescentes - entre 16 e 18 anos - devem ser rastreados.
"A esperança é remover todas as sugestões de julgamento de quem deve e quem não deve ser testado. No Brasil, estatísticas do Ministério da Saúde -comparando dados de 2001 e 2011 - mostram que cerca de 18% de todas as gestações ocorreram em adolescentes de 15 a 19 anos", diz o pediatra.
A triagem de mulheres jovens para os problemas cervicais (ou seja, na cérvix, a parte baixa do útero que se abre na parte superior da vagina) deve esperar até os 21 anos. "Isso porque os testes de rotina em adolescentes em busca de sinais pré-cancerosos no colo do útero não são aconselháveis. É raro as lesões aparecerem em mulheres tão mais jovens", avalia Moises Chencinski, que é membro do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Outra diretriz da Academia Americana de Pediatria é que recém-nascidos sejam rastreados para doenças cardíacas congênitas críticas antes de deixar o hospital.
"Os bebês precisam ser testados no início da vida para graves defeitos cardíacos presentes no nascimento. No Brasil, isso atualmente é possível pela introdução do 'teste do coraçãozinho', que é rápido e indolor. Ele mede a oxigenação do bebê, podendo identificar precocemente problemas cardíacos, o que favorece uma intervenção mais adequada", explica o pediatra.
A detecção precoce de níveis baixos de ferro em crianças pode ajudar a prevenir atrasos de aprendizagem. Por isso, a nova diretriz da AAP recomenda que a anemia ferropriva (por deficiência de ferro) precisa ser rastreada em crianças entre 15-30 meses.
"O Brasil apresenta uma incidência de anemia ferropriva de cerca de 50%. Nos primeiros 6 meses de vida, bebês que nasceram em boas condições, que estejam em aleitamento materno exclusivo e que tiveram um clampeamento tardio de cordão (ou seja, esperou-se o cordão parar de pulsar para que ele fosse cortado) comprovadamente apresentam estoque de ferro no sangue suficiente e adequado para os primeiros 6 a 9 meses", explica o pediatra.
E, completa Moises Chencinski, após essa idade ou em condições especiais, o Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam ainda uma suplementação de ferro até os 2 anos. Desta forma evita-se problemas de crescimento e desenvolvimento nessas crianças.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545