Do site JorNow e do site do INCA (instituto Nacional do Câncer)
O número de partos prematuros e as consultas de emergência em função da asma caíram significativamente em partes dos Estados Unidos, Canadá e Europa apenas um ano depois de promulgadas leis de proibição do fumo, revela um estudo publicado na revista The Lancet.
por Márcia Wirth
06/05/2014
A pesquisa analisou os resultados de 11 estudos anteriores que abrangem mais de 2,5 milhões de nascimentos e cerca de 250 mil crises de asma. Os especialistas defendem que o estudo é a melhor evidência até agora de que a legislação criando locais públicos e de trabalho livres do tabagismo melhora a saúde das crianças, mesmo no útero.
Depois de uma exaustiva revisão de estudos relevantes, os pesquisadores analisaram cinco que se debruçavam sobre a saúde perinatal e infantil após a proibição do fumo em locais na América do Norte e seis estudos realizados após as proibições nacionais na Europa. “Segundo os pesquisadores, as consultas hospitalares por asma na infância e os nascimentos prematuros caíram cerca de 10%, no ano seguinte, após a proibição de fumar entrar em vigor”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Ao fazer essa meta-análise, os pesquisadores também encontraram dados de dois estudos que apontavam uma redução de 5% no número de crianças que nasceram muito pequenas para a idade gestacional, após a introdução das leis anti-fumo.
Uma análise prévia do impacto da proibição de fumar para a saúde dos adultos demonstrou uma redução de 15% em eventos cardiovasculares. “Esse novo estudo oferece outro bom motivo para instituir a proibição do fumo em locais públicos: os resultados dos partos ligados ao tabagismo materno”, diz o médico.
Apenas 16% da população mundial estão cobertas por leis antifumo abrangentes, e 40% das crianças em todo o mundo são rotineiramente expostas ao fumo passivo. Apesar dos receios que as leis de proibição ao fumo em locais públicos poderiam levar os pais a fumar mais em casa, os estudos mostraram que o oposto é verdadeiro.
“Leis anti-fumo fortes podem mudar as normas sociais sobre o tabagismo e, consequentemente, as pessoas podem implementar políticas anti-fumo em suas próprias casas também. O que nos faz pensar que as políticas antitabagistas têm um impacto direto sobre a saúde das crianças”, diz Chencinski.
Num estudo de 2006, os pesquisadores chegaram à conclusão de que qualquer quantidade de fumo passivo era perigoso. “No entanto, ainda não estamos fazendo um trabalho bom o suficiente para proteger nossas crianças do fumo passivo”, defende o pediatra, que também é membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Segundo a ONG Americans Nonsmokers’ Rights Foundation, apenas cerca de metade dos norte-americanos são protegidos por políticas completas livres de fumo em locais de trabalho, restaurantes e bares. No Brasil, a legislação vigente sobre o tabaco ainda é tímida.
Em uma das observações que acompanham o novo estudo, os autores argumentam que políticas de controle do tabaco fortes são uma forma de conter os custos médicos agora, e não em uma ou duas décadas, como os especialistas costumava pensar. As despesas médicas com o tratamento da asma excederam 50 bilhões de dólares em todo os EUA, em 2007. Assim, uma diminuição de 10% nas consultas de emergência para a asma pode se traduzir em uma economia de cerca de 5 bilhões de dólares.
A nova pesquisa não prova que as leis anti-fumo são a causa das melhorias na saúde das crianças, pois os pesquisadores não avaliaram outros fatores, tais como a tributação de produtos de tabaco e as proibições de propaganda, que poderiam ter contribuído para os resultados encontrados. “Mas o estudo volta a demonstrar a importância de limitar a exposição ao fumo para mulheres grávidas e crianças. É evidente que a proteção da vida desde cedo, evitando a exposição ao fumo passivo involuntário tem um grande potencial para reduzir a carga de doenças consequentes”, afirma Moises Chencinski.
De acordo com dados do INCA, a absorção da fumaça do cigarro por aqueles que convivem em ambientes fechados com fumantes causa:
1) Em adultos não-fumantes:
• Maior risco de doença por causa do tabagismo, proporcionalmente ao tempo de exposição à fumaça;
• Um risco 30% maior de câncer de pulmão e 24% maior de infarto do coração do que os não-fumantes que não se expõem.
2) Em crianças:
• Maior frequência de resfriados e infecções do ouvido médio;
• Risco maior de doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e exacerbação da asma.
3) Em bebês:
• Um risco 5 vezes maior de morrerem subitamente sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil);
• Maior risco de doenças pulmonares até 1 ano de idade, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545