Do site da revista Pais & Filhos
O tratamento homeopático existe há mais de 200 anos e leva em consideração aspectos físicos, emocionais e psíquicos.
por Cínthya Dávila, filha de Eliana e Hernan
27/08/2014
A maior vontade de uma mãe quando um filho fica doente é ter uma varinha mágica para tirar aquele mal-estar. Mas truques sobrenaturais infelizmente só existem nos contos de fadas. No mundo real, estamos acostumados mesmo a consultar o pediatra, levar ao hospital e, quando necessário, utilizar remédios como xaropes, anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, antitérmicos, entre outros.
Mas, além de todos esses tratamentos convencionais, existem outras linhas médicas, entre elas a homeopatia, que propõe tratar os pacientes de forma holística, ou seja, levando em consideração seus aspectos físicos, emocionais e psíquicos. A prática não é um assunto do além e não utiliza poções mágicas. Ela é uma especialidade médica, reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1980.
O tratamento homeopático existe há mais de 200 anos, mas ainda causa muitas dúvidas e estranhamento. A melhor forma de compreendê-lo é como diz o ditado: em doses homeopáticas. Aliás, a expressão vem da maneira que esses remédios são feitos, com doses muito pequenas das substâncias que causam as doenças. Como assim “causam doenças”?
Pois é, o princípio é o da lei de cura pelos semelhantes, ou seja, diz que toda substância capaz de provocar determinados sintomas numa pessoa sadia poderia curar essas mesmas sensações numa pessoa doente. A alopatia – medicina tradicional – trabalha com a lei dos contrários, ou seja, os remédios fazem o efeito oposto ao da doença no organismo.
O pediatra e diretor da Associação Médica Homeopática Brasileira, Sérgio Furuta, pai de Fernando e Gustavo, explica: “Se uma pessoa que apresenta uma tosse tomar um medicamento homeopático, esse medicamento vai equilibrar o organismo, possibilitando que, por vias naturais, ele se cure.”
Em busca de um equilíbrio
A homeopatia enxerga o paciente como um todo. A teoria é de que, quando uma pessoa fica doente, ocorreu um desequilíbrio do eixo “psico-neuro-endócrino-imunológico” dela. Para tratá-la, o médico homeopata receita um medicamento que mexe com a energia do organismo.
“É comum pensar que o organismo está bem, adoece e se desequilibra. Na homeopatia nós enxergamos esse ciclo de maneira diferente. Na verdade o equilíbrio do organismo não está bem e por isso as pessoas adoecem”, diz o pediatra Moises Chencinski. E é aí que entra o remédio: para equilibrar o organismo, mais do que para curar a doença em si.
“Quando manipulados de forma homeopática, esses medicamentos têm o intuito de equilibrar o organismo do paciente, fazendo com que fique menos suscetível às doenças e proporcionando uma regulação física, emocional e comportamental”, explica Furuta.
Além de analisar as respostas do paciente e a forma como são dadas, o atendimento homeopático também considera os dados de análises clínicas, com a realização de exames laboratoriais, clínicos e radiológicos. Juntando esses dados, será escolhido um medicamento para iniciar o tratamento.
Maria Isabel de Almeida Prado, mãe de Vivian e Verônica, e diretora farmacêutica do laboratório Boiron Brasil, explica que o fato de a substância ser ultradiluída garante a segurança do remédio. Enquanto a criança estiver fazendo o tratamento, é importante observar como o organismo responde e comunicar ao médico as sensações que apresentou, levando em consideração mudanças de humor, apetite, suor, fezes, urina etc.
A grande vantagem da homeopatia, segundo os médicos, é que não causa efeitos colaterais, além de não interagir com outros medicamentos, de poder ser usada em todas as idades e de ser eficiente para aliviar os sintomas de determinados estados que não são doenças, como dentição, gravidez e menopausa.
Os limites da homeopatia
Para que esses remédios reequilibrem a energia da criança, é preciso que ela tenha a energia para se curar. O conceito parece óbvio, mas mostra que dependendo do estado de saúde do paciente, o tratamento homeopático não pode ser feito de forma isolada, nem possui propriedades suficientes para curá-lo. “Se estamos tratando de uma doença que debilita muito o paciente, a homeopatia pode piorar o quadro, se não for usada de forma cuidadosa”, diz Moises Chencinski.
Além disso, Furuta explica que existem doenças em que o pediatra não pode errar, pois podem colocar em risco a vida do paciente. “Quadros como broncopneumonia, meningite e até mesmo uma apendicite podem expor a pessoa a um risco de morte. O pediatra tem que saber que qualquer terapêutica tem suas limitações.”
Em casos de doenças como câncer, Aids, diabetes, hipotiroidismo e obesidade, a homeopatia poderia ser usada apenas de forma complementar à alopatia, mas antes de indicar é preciso que o médico avalie com cautela as reais necessidades do paciente.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545