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Você já ouviu falar de bebê high need?

Do site da Revista Crescer

Termo foi criado pelo pediatra norte-americano William Sears, autor do livro 'The Baby Book', para classificar crianças que necessitariam dos pais com uma intensidade além do comum

por Vanessa Lima

16/01/2015




Seu bebê chora o tempo inteiro, mesmo sem ter nenhum sintoma aparente (ele não está com fome, nem com sono e as fraldas estão limpas), quer colo dia e noite e parece estar sempre insatisfeito? Se você procurar pelos "sintomas" na internet ou abrir a discussão em algum grupo real ou virtual de mães, é provável que em algum momento escute que seu bebê pode ser "high need". Em inglês, a expressão cunhada pelo pediatra William Sears quer dizer "alta necessidade". De acordo com o médico, os bebês high need são crianças que exigem dos pais uma atenção muito maior do que as outras.

Segundo Sears, seu filho pode ser classificado como high need se é muito intenso, hiperativo, aparenta estar sempre insatisfeito, chora muito, de maneira estridente, dorme pouco, mama muito, reivindica o contato ininterrupto com a mãe... Se reconheceu? Muitas mães o fazem, embora poucos casos se encaixem verdadeiramente no quadro descrito pelo americano. "O choro do seu bebê é sempre mais alto que o do bebê do vizinho", compara o pediatra Moisés Chencinski (SP). "Todos os pais têm uma tendência a achar que seu filho chora muito e em tom de exigência constante, porque são eles que convivem e precisam se desdobrar para acalmá-lo", analisa.

Por trás das necessidades

É preciso ter cuidado antes de concluir que seu bebê é, de fato, high need. "Cada criança deve ser tratada como um caso único. Algumas realmente choram mais do que as outras, mas isso não significa que elas precisam ser enquadradas em alguma classificação", diz Chencinski. Para ele, seu filho pode, sim, ter todos os sinais que, de acordo com o Dr. Sears, o encaixam no perfil da alta demanda. No entanto, estas indicações podem estar associadas a algum outro quadro. "Uma criança com refluxo gastrointestinal, por exemplo, pode ficar agitada, chorar muito, mamar bastante, querer colo... O mesmo pode acontecer devido a outros fatores, como o enfrentamento de fases complicadas, como a da separação, quando a mãe se prepara para voltar ao trabalho, a espera de um irmão ou o período de adaptação à escola. Muitos motivos podem desencadear esse comportamento", aponta o médico. Contar com um profissional especializado ajuda a afastar essas outras possibilidades e encontrar a verdadeira origem da questão.

O que esperar do seu filho?

De acordo com William Sears, alguns dos sinais apresentados por bebês high need são: eles se alimentam com muita frequência, estão sempre querendo algo, acordam muito à noite e são imprevisíveis, entre outros. Na verdade, a imensa maioria dos bebês, principalmente durante os três primeiros meses de vida, são assim. "Os pais é que devem rever suas expectativas. Se você se torna mãe ou pai e espera uma criança que durma a noite inteira, que mame de três em três horas e que chore pouco, as chances de frustração são grandes, porque é isso que um bebê costuma fazer", explica Chencinski.

A grande lição é que, antes de classificar seu filho ou de "diagnosticá-lo", é preciso entender que é uma criança. "É normal que ela chore e que tenha exigências. E o pior, quando se trata das que ainda não sabem falar: os pais não contam com um tradutor", lembra o pediatra brasileiro. Além disso, também é preciso prestar atenção no que está acontecendo naquele momento, no que aquela criança pode estar tentando comunicar e atendê-la, dentro do que for possível.

Paciência, essa aliada

Outro ponto relacionado à expectativa dos pais é o tempo de desenvolvimento, que varia de acordo com cada um. Às vezes, algumas situações fazem com que o bebê se irrite e chore. "Se você vai passear com seu pequeno de 2 anos no shopping e ele se joga no chão, chora e faz birra, isso não significa que ele tem alta necessidade. Ele pode simplesmente não estar maduro o suficiente para fazer esse tipo de passeio. Vale esperar um pouco mais, caso isso seja possível para a família", exemplifica Chencinski. O mesmo pode acontecer em uma festa ou reunião. O bebê chora toda vez que vai para o colo de alguém que não seja a mãe ou o pai. Talvez ele não esteja pronto para isso. "Para quê forçar?", questiona o médico.

Assim como as pessoas tem gostos diferentes, algumas crianças têm como um dos pontos de sua personalidade, o fato de exigirem mais atenção, enquanto outras são mais tranquilas. Isso pode mudar com o tempo ou não. O importante é prestar atenção e ter paciência sempre, dentro, é claro, das possibilidades. "Não existe uma fórmula. O que a criança precisa é de carinho, apoio, afeto e vínculo. Isso vai dar a ela uma estrutura sólida para crescer e se tornar um cidadão", conclui o pediatra. No lugar dos rótulos, uma boa dose de paciência.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545