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Colar de âmbar: o que é?

Do site da Revista Crescer

Enquanto as mães dizem que o colar de âmbar ajudou os filhos, especialistas afirmam não haver comprovação científica de sua eficácia e ainda alertam para os riscos de asfixia e estrangulamento. Entenda melhor o assunto

por Fernanda Montano

02/02/2016

Mas especialistas afirmam não haver comprovação científica de sua eficácia e ainda alertam para os riscos de asfixia e estrangulamento. Entenda melhor o assunto

 

Moda ou tradição?

O uso do âmbar como medicina natural é uma tradição antiga na Europa, mas chegou ao Brasil há quatro anos apenas. O assunto ficou mais em voga – passando até a ser chamado de nova moda entre as mães – depois que a übermodel Gisele Bündchen publicou uma foto em que sua filha, Vivian Lake, de 1 ano e 8 meses, aparece usando o colar. A imagem foi ao ar no ano passado e, de lá para cá, muitos pais partiram em busca do objeto – o aumento da procura foi sentido, inclusive, pelas pessoas e lojas que vendem a peça no Brasil. O valor dele varia de acordo com o tipo do âmbar: quanto mais polido e lapidado, mais caro. Em média, ele custa entre R$ 65 e R$ 90.

Recentemente, a atriz Bárbara Borges usou seu perfil da rede social Instagram para postar uma foto de seu filho (e dela!), Martin Bem, com o colar.

O que é?

O âmbar é uma resina vegetal que se tornou fóssil há aproximadamente 50 milhões de anos e é encontrada principalmente na região dos Bálticos – inclusive as propriedades do colar só valem se as pedras forem dessa área. Fique atento, pois existem imitações de copal ou plástico (veja como checar a procedência na página seguinte). Nele se encontra o ácido succínico – estudos afirmam que esse composto químico fortalece o sistema imunológico, estimula o sistema nervoso e melhora a atividade metabólica. Por isso, o âmbar atuaria como analgésico e anti-inflamatório natural.

Como age?

Segundo os vendedores e as mães que usam (e que pesquisaram a respeito), em contato com a pele do bebê, as pedras do colar se aquecem e liberam quantidades minúsculas do ácido succínico no corpo. De acordo com a experiência delas, o acessório auxilia especialmente durante a fase de dentição, por aliviar dores e desconfortos como inchaço da gengiva e febre.

 

colar de âmbar (Foto: Getty Images)

É seguro?

A Associação Brasileira de Odontopediatria tem como posicionamento oficial a não recomendação do colar de âmbar durante a fase de dentição. “Não indicamos por causa do risco de asfixia. Se a criança usa, os pais têm que vigiar o tempo todo, o que não é possível na prática”, defende Paulo Cesar Rédua, presidente da associação. A ONG Criança Segura também é contra. “Não se recomenda nenhum tipo de colar ou cordão em bebês. Entendo o objetivo, mas é melhor buscar outras alternativas. Durante toda a fase de brincadeira da criança, não é legal ter cordão em nada, nem na roupa”, orienta Alessandra Françoia, coordenadora da ONG. Uma alternativa é usar as pedras de âmbar em pulseiras ou tornozeleiras, o que elimina o risco de estrangulamento. Mas, ainda assim, há controvérsias devido às chances de a criança levar o objeto à boca.

Teste de autenticidade

1 Coloque uma ou duas gotas de acetona ou álcool em uma das contas do colar. Se ficar viscosa, pegajosa ou alterar a cor, não é âmbar.

2 Misture uma parte de sal com duas de água e dissolva. Coloque uma peça de âmbar: se boiar, é autêntica.

3 O âmbar é morno ao toque, bem diferente das imitações de vidro, que são sempre mais frias que a sua pele.

Ciência X crença popular

Especialistas são taxativos ao afirmar que não existem estudos científicos que comprovem a eficácia do uso do COLAR DE ÂMBAR para aliviar dores nos bebês. “Não há nenhuma pesquisa que mostre que ele funcione, o que existem são experiências pessoais. É um método natural sem comprovação científica”, explica Moisés Chencinski, pediatra homeopata e membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Os pais que usam o colar em seus filhos sabem que não há comprovação por parte da ciência – mas garantem que ele funciona! Nitiananda Fuganti, educadora perinatal e responsável pela Casa Mãe, em Curitiba (PR), é fã do COLAR DE ÂMBAR. Seus dois filhos, Beatriz, 3 anos, e Rudá, 1, usam continuamente desde os primeiros meses de vida. “Os sintomas físicos da fase de dentição, como coceira, inchaço e erupções cutâneas diminuíram, assim como a irritabilidade em diversas ocasiões”, opina.

A parteira profissional e editora do site Slingando, Tamara Hiller, conheceu a tradição do colar há mais de 15 anos, na Alemanha, durante um trabalho no país como educadora perinatal. Convencida de suas propriedades medicinais, não pensou duas vezes quando teve sua filha – ela gostou tanto que a menina usa até hoje, aos 6 anos. “Já conhecia o colar, mas, como mãe, virei fã. E eu tenho um para mim também”, conta.

Vai usar? Preste atenção às medidas de segurança

O fio deve ter um nó entre cada conta. Assim, em caso de ruptura, apenas uma cai.

Em qualquer idade, o colar deve ter entre 33 e 36 cm, para não ficar apertado nem frouxo.

Recomenda-se tirar no banho para evitar o desgaste do cordão.

O fecho deve ser de rosquear e coberto por âmbar, para o bebê não conseguir abrir.

Fique atento para o uso durante a noite. A recomendação é tirar o colar para dormir.

Acompanhe de perto o uso do colar. Preste atenção à reação do bebê quando o objeto é colocado: se ele se incomoda, tenta puxar ou nem nota. Usando desde cedo, as chances de ele se acostumar são maiores. Cabe aos pais decidir sobre o uso à noite, tendo em vista os perigos. Uma alternativa para utilizar durante o sono é colocar o colar no tornozelo, dando duas voltas.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545