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HPV e câncer de colo de útero: vacinação, preservativos e Papanicolau

Do Portal Sentir Bem

Além da vacinação em si, a proposta governamental se estenderá às escolas, aumentando a orientação e a informação que adolescentes, pais e professores recebem sobre a doença, através da distribuição do Guia Prático sobre o HPV.
Para esclarecer dúvidas, vejam esse link do Ministério da Saúde

30/01/2014

Como foi divulgado pelo Ministério da Saúde, a partir de 10 de março, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) estará à disposição nos 36.000 postos da rede pública (SUS), em 2014, para adolescentes entre 11 e 13 anos de idade. Em 2015 a vacina estará disponível para a faixa entre 9 e 11 anos. E em 2016 para as meninas de 9 anos, segundo informam os dados do Blog da Saúde do governo federal e o Portal da Saúde do SUS.

Além da vacinação em si, a proposta governamental se estenderá às escolas, aumentando a orientação e a informação que  adolescentes, pais e professores  recebem sobre a doença, através da distribuição do Guia Prático sobre o HPV.

A meta do Programa Nacional de Vacinações (PNI) é atingir 80% das adolescentes nessa faixa (cerca de 5 milhões de meninas). A vacina disponível é a quadrivalente, que confere proteção contra os 2 subtipos de HPV (16 e 18) mais comuns  causadores de câncer de colo de útero  (70% dos casos mundiais) e 2 subtipos causadores de verrugas genitais (6 e 11).

Das pouco mais de 10 milhões de doses disponíveis, cerca 2 milhões estão destinadas ao estado de São Paulo.

Ao contrário do que tem sido divulgado em alguns meios de comunicação, segundo dados do Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da OMS, 175 milhões de doses foram aplicadas no mundo até 2013, em 51 países, através de seus programas de nacionais de imunização e elas se mostraram eficazes e seguras quando aplicadas antes do início da vida sexual, assim sendo, sem ter tido contato anterior com o vírus.


Câncer de colo de útero ainda é muito mais comum do que se imagina

O HPV é um vírus transmitido através do contato de pele ou mucosas que são contaminadas através do ato sexual, mesmo sem a penetração ou de mãe para filho, na hora do parto, sendo essa, uma das indicações para um parto via abdominal (cesariana).

A estimativa mundial, segundo a OMS, aponta para 290 milhões de mulheres no mundo portadoras do HPV, cerca de 270.000 mortes por câncer de colo de útero, apesar de essa ser, na grande maioria das vezes, uma patologia de evolução lenta e totalmente diagnosticável precocemente pelo Papanicolau (exame de prevenção ginecológica que é recomendado anualmente para mulheres entre 25 e 64 anos).

Apesar de seu diagnóstico precoce ter diminuído a gravidade das lesões e da evolução (disponibilidade de exames de prevenção no próprio SUS), o câncer de colo de útero ainda é o 3º em incidência nas mulheres, sendo suplantado apenas pelo de mama e de cólon / reto e ainda tem, para 2014, a previsão de mais 15.000 novos casos com cerca de quase 5.000 mortes, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Há dois tipos principais de câncer de colo do útero: os carcinomas de células escamosas (80% e 90% dos casos) e os adenocarcinomas (10% a 20% do total), ambos associados à infecção pelo HPV.


A vacina é importante assim como a recomendação médica para sua utilização

A vacina contra o HPV, antes do início da atividade sexual, é um dos maiores fatores de proteção contra o risco de câncer de colo de útero, associado ao exame ginecológico rotineiro, após a iniciação sexual. Segundo dados do PNI, a vacina de HPV oferece níveis de até 98% de proteção contra o câncer de colo de útero.

Estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine de janeiro de 2014 pesquisou a indicação médica e a vacinação de adolescentes de 11 a 26 anos contra o HPV, com dados colhidos de questionários preenchidos por médicos em 2009 (1.013) e em 2011 (928 médicos).

Os resultados recentes apontam uma baixa adesão na vacinação entre 11 e 12 anos (14,5% das meninas receberam pelo menos uma dose e apenas 3% completaram as 3 doses indicadas).

Uma das causas apontadas foi o baixo índice de recomendações médicas de acordo com os pesquisadores do Moffitt Cancer Center em Tampa, apesar da orientação governamental a respeito da importância desse procedimento.

Entre os dados de 2009 e de 2011 foi encontrado um aumento modesto nas recomendações médicas consistentes no grupo de meninas entre 11 e 12 anos e não significativo no grupo entre 13 e 26 anos, sendo que pediatras, obstetras e ginecologistas se mostraram mais atuantes do que os médicos de família nessas indicações. Além disso, os médicos mais jovens tinham uma frequência maior de recomendações do que os mais antigos.

Quanto maior for a indicação médica, mais provável a aceitação da população em relação à vacinação e maior a possibilidade de proteção contra câncer de colo de útero e outros tipos de câncer relacionados ao HPV. E isso deve ser levado em conta nessa campanha. Vamos fazer a nossa parte. A indicação médica da vacinação é fundamental para o sucesso dessa campanha.

Avisos importantes:

A vacina não substitui o exame preventivo. Isso não significa que ela não tenha seu efeito de prevenção, mas sim que a contaminação pode ocorrer antes da imunização ou por outros subtipos de HPV que podem não ser protegidos por essas vacinas;

A vacina não substitui a recomendação do uso de preservativos nas relações sexuais. Isso não significa que a vacina não proteja, mas o preservativo é um mecanismo a mais para se evitar gestações indesejáveis, outras DSTs e a contaminação que pode ocorrer antes da imunização ou por outros subtipos de HPV que podem não ser protegidos por essas vacinas.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545