Do site JorNow
Um novo estudo clínico sugere que uma dose diária de probióticos pode aliviar alguns problemas digestivos em bebês.
por Márcia Wirth
03/02/2014
"Cólicas infantis, refluxo gastroesofágico e constipação são os distúrbios gastrintestinais mais comuns que levam ao encaminhamento para o pediatra durante os primeiros seis meses de vida. Esses três problemas são muitas vezes responsáveis por internações, mudanças alimentares, uso de medicamentos, muita ansiedade por parte dos pais e perda de dias de trabalho dos pais, ou seja, são doenças com consequências sociais relevantes", diz o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Apesar de a cólica infantil não ser considerada um problema grave, ela é causa de cerca de 10-20% de todas as visitas ao pediatra nos primeiros 4 meses de vida e pode levar os pais a quadros de ansiedade, cansaço e estresse. Quase 50% de todas as crianças saudáveis com idade entre 3 meses (ou menos) regurgitam pelo menos uma vez por dia. Com isso a regurgitação infantil representa 25% das consultas pediátricas e 3% das queixas pediátricas gastrointestinais. Já a prisão de ventre é geralmente responsável por 3% de todas as consultas pediátricas e pode ter várias implicações na qualidade de vida tanto da criança, quanto da família.
Publicado na versão on-line do JAMA Pediatrics, a pesquisa revela o resultado dos esforços de pesquisadores italianos que analisaram dados de 468 crianças com menos de uma semana de idade que receberam uma dose oral diária de Lactobacillus reuteri DSM 17938 ou de um placebo idêntico para degustação.
Os pais registraram a frequência diária das evacuações e regurgitações, bem como a quantidade de tempo que os bebês choravam inconsolavelmente. Os pesquisadores acompanharam as famílias por meio de telefonemas semanais ou reuniões pessoais.
Após um mês, os bebês que receberam o probiótico apresentaram uma diminuição significativa no tempo de choro e no aumento da frequência das evacuações em comparação com aqueles que receberam o placebo. Após três meses, a frequência da regurgitação também foi reduzida.
No grupo de bebês que tomaram o probiótico também foram registradas menos idas ao pronto-socorro e menos medicação para problemas de estômago. Seus pais perderam menos dias de trabalho e não foram registrados efeitos colaterais adversos. Os resultados foram ajustados, levando em conta os efeitos do aleitamento materno e do uso da mamadeira, do parto normal ou da cesariana, dentre outros fatores.
"É importante dizer que os lactobacillus estão presentes na flora intestinal humana e estão disponíveis numa variedade imensa como suplementos. No entanto, o único testado em ensaios clínicos foi o tipo utilizado neste estudo, chamado L. reuteri DSM 17938. O que é muito importante destacar sobre as conclusões desse estudo é que não se deve dar probióticos indiscriminadamente aos bebês. O probiótico tem que ser dado na dose certa. Seu uso não é recomendado sem uma consulta ao pediatra e para crianças em aleitamento materno exclusivo, na imensa maioria das vezes, nada mais é necessário além de adequar a pega e orientar melhor as mães sobre a mamada", orienta o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545